Um bi no horizonte

Tatuapé chega para reconquistar o título do Carnaval de São Paulo; Rosas de Ouro também foi destaque

Do UOL, em São Paulo
Ricardo Matsukawa/UOL

Na primeira noite de desfiles do Carnaval de São Paulo, quatro escolas se destacaram.

Grandiosa, colorida, feliz e com acabamento impecável, a Acadêmicos do Tatuapé chegou ao Anhembi com todos os requisitos para disputar o bicampeonato. Homenageando o Maranhão, a escola, campeã de 2017, fez paradinhas e paradonas, provando que os componentes estavam afinadíssimos com o samba.

A agremiação da zona leste mostrou as belezas da fauna e da flora do Estado, mas também as mazelas da época da escravidão, as tradições religiosas e o folclore da região.

Rosas de Ouro complicou o páreo levando para o sambódromo a vida dos heróis das estradas, os caminhoneiros. Na comissão de frente, a cena da mulher e do filho à espera do pai, que viaja pelas curvas do Brasil, refletiu a realidade de quem vive pelas estradas.

Um bordel --onde Rita Cadillac e Salete Campari eram os destaques-- mostrou outra faceta do país, também retratado em seu lado caipira, de plantações e milharais.

Mancha Verde, com Fundo de Quintal, e Unidos do Peruche, com Martinho da Vila, por sua vez, foram as escolas que mais levantaram o público e ganharam aplausos da plateia --especialmente a Mancha, que tem a vantagem de ser formada a partir da torcida organizada do Palmeiras.

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A fantasia polêmica

Em meio a uma campanha virtual contra fantasias inspiradas nos povos indígenas, Viviane Araújo surgiu para desfilar pela Mancha Verde vestida de índia, com o rosto pintado e um grande cocar adornando sua cabeça. Mas a rainha de bateria disse que não havia racismo no figurino escolhido para o desfile.

"Minha fantasia tem todo contexto, represento o Cacique. É uma linda homenagem”, afirmou Vivi à imprensa antes do desfile da Mancha. O Cacique em questão é o Cacique de Ramos, tradicional bloco do Rio de Janeiro que deu origem ao Fundo de Quintal, grupo homenageado pela escola.

Atrás de Viviane, a bateria da agremiação também veio com trajes inspirados nos índios.

Nossa fantasia tem tudo a ver com o enredo, que tem a ver com o Cacique de Ramos, de onde veio o Fundo de Quintal. Se quiserem acusar a gente de apropriação cultural, vão ter que estudar a história do Fundo de Quintal antes", disse João Paulo Silva, da bateria da Mancha Verde. 

A campanha "índio não é fantasi" surgiu após a ativista e artista Katu Mirim publicar um vídeo nas redes sociais explicando que o uso desses trajes é considerado racista e ofensivo por se apropriar da cultura dos povos indígenas.

"Usar fantasia de índio é racismo porque discrimina nossa raça, reforça estereótipos, a hipersexualização da mulher indígena. O movimento indígena sempre sofreu com a invisibilização. Nós não somos uma fantasia. Pessoas não são fantasia, nossa cultura não é fantasia. Ela existe, nós existimos", afirmou.

Ricardo Matsukawa/UOL

"A bateria vai andar na linha", brinca Ellen Rocche sobre a Rosas de Ouro

Simon Plestenjak/UOL Simon Plestenjak/UOL

Bate na madeira!

O tema definido pela Tricolor Independente para a temporada 2018, "Em cartaz: luz, câmera e terror... Uma produção independente!", assombrou a escola.

Independente, que fez a sua estreia no grupo especial, tinha tudo para voltar em grande estilo à elite do samba paulista, mas o filme de terror do enredo acabou virando pesadelo na vida real.

O elemento da comissão de frente quebrou e teve de ser rebocado por uma empilhadeira. O uso de equipamento estranho ao desfile levou a escola a perder 1,2 ponto, e o incidente ainda pode comprometer as notas de harmonia, evolução e alegoria, apesar de a agremiação ter terminado o desfile dentro do tempo máximo de 65 minutos.

Final feliz

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

Sheila Mello, rainha de bateria da Independente, sofreu com seus próprios fantasmas...

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

...A cantora e dançarina mal tinha pisado na avenida quando parte de sua fantasia arrebentou...

Manuela Scarpa/Brazil News Manuela Scarpa/Brazil News

...Foi preciso utilizar um dread do cabelo para amarrar a fantasia: "Nada que tenha nos prejudicado"

Iwi Onodera/UOL Iwi Onodera/UOL

Sucesso de mãe e filha

Mãe e filha pararam o hotel Holiday Inn ao aparecerem nuas só de tapa-sexo. Karen Alves, 38, a MC Sexy, e sua filha Anny, de 20, irão desfilar apenas com o corpos pintados na Acadêmicos do Tucuruvi.

Musas da escola, MC Sexy conta que esta emocionada em ter a filha ao seu lado em um momento especial. “Quero que ela siga meus passos e entre no mundo artístico. Estou radiante que ela está comigo agora”, afirma.

Mas Anny não está tão animada como a mãe. “Quando ela falou que era nua, eu disse: ‘Minha mãe está louca’. Eu não queria, mas ela me convenceu. É muito esquisito sair assim”, desabafa ela, que apesar de estar desconfortável, aceitou posar nua com a mãe.

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Reprodução Reprodução

Pai amigo

A repórter Patricia Falcoski, da Globo, cometeu uma gafe durante a transmissão ao vivo. Enquanto a Unidos do Peruche entrava no Sambódromo do Anhembi, a jornalista entrevistou Mart'nália, filha do homenageado da escola, Martinho da Vila, mas esqueceu o parentesco dos dois e a chamou de "amiga" do sambista.

"Vou dizer que eu tive que correr para chegar até aqui, mas valeu a pena", disse Patricia Falcoski antes de cometer o deslize ao vivo. "E como é essa emoção de homenagear um amigo tão querido que é o Martinho da Vila?", perguntou para Mart'nália.

A cantora levou o esquecimento da repórter com bom humor e a corrigiu educadamente. "Amigo, não. Meu pai!", disse, rindo. Chico Pinheiro, que acompanhava a transmissão, também gargalhou. A jornalista deu um sorriso envergonhado.

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