Às vésperas da quinta Olimpíada na carreira, o Michael Phelps que vai ao Rio de Janeiro já está mais que acostumado à rotina incômoda das celebridades. Imagine o nadador em Los Angeles, meca mundial de estrelas e aspirantes a celebridades, apressado para pegar um voo no aeroporto da cidade. Os paparazzos hollywoodianos o seguem aos cliques e ele percebe, no guichê do check-in, que uma morena desconhecida e de farto decote o acompanha de perto. No dia seguinte, aquela perseguidora estará em vários jornais na condição (equivocada) de namorada do maior nadador de todos os tempos. “Legal, caras, é bem original colocar alguém do meu lado para parecer que estamos juntos”, disse ele aos fotógrafos, ciente do que estava por vir. 

A cena acima, de fato, aconteceu, em 2008, meses depois dele ter assombrado o mundo com oito ouros na Olimpíada de Pequim. Em entrevista à ABC, Phelps contou o episódio como um exemplo do que havia virado sua vida. O sucesso esportivo carimbou em Phelps o selo de ídolo dos ídolos. Alguém que não desperta interesse apenas pelos feitos, mas também por qualquer aspecto relacionado à sua existência. Quem ele namora? Que festas ele frequenta? O que ele esconde do mundo?

Fora das piscinas, o nadador abraçou as benesses que o mundo lhe deu e mergulhou em prazeres e excessos. 

Um dia na intimidade de Phelps (inspirado em fatos reais)

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Como convencer Phelps a treinar?

O primeiro grande escândalo foi a maconha. Do dia para a noite, o atleta-modelo estava na capa de um tabloide inglês usando um “bong”, espécie de cachimbo para o consumo da droga. Era a definição visual mais precisa da expressão “pego com a boca na botija”. Phelps mal se abalou. Admitiu tudo, pediu desculpas e nem agiu contra o responsável pelo vazamento da foto – supostamente um “amigo de amigos” que apareceu na festinha em que ele estava.

De 2008 a 2012, Phelps foi tão desleixado com a rotina de atleta que o técnico Bob Bowman criou a “sexta amiga”. Na véspera do fim de semana, os amigos não-nadadores do astro eram convidados a irem à piscina. Era uma forma de estimular o campeão a ao menos comparecer ao trabalho, tática que nem sempre dava certo. “Naquele ciclo, eu perdia ao menos dois treinos por semana. Por quê? Eu não queria ir. Dane-se”, disse ele à Sports Illustrated em 2015.

Phelps trocava os treinos por viagens a Las Vegas, partidas de golfe ou dias de sono. A relação com o mentor se deteriorou. Na pior das brigas, os dois se xingaram no estacionamento do centro aquático, mostraram o dedo do meio um ao outro e Bob arrebentou um relógio contra a parede. O nadador só voltou ao trabalho dez dias depois, quando teria uma entrevista ao vivo para a NBC. 

Quando a vida do adolescente Phelps mudou de vez

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Vício, internação: o que é o novo Phelps

É tênue a linha entre “aproveitar a vida” e “se perder”. Phelps já tinha ido e voltado de uma aposentadoria quando o mundo ruiu. Em setembro de 2014, ele foi detido por dirigir em alta velocidade e sob efeito de álcool em Baltimore, sua cidade natal. A irresponsabilidade que colocou a vida de outros em risco disparou um alarme. O nadador estava viciado em apostas e álcool, apresentava sintomas de depressão e começou a entender que seus problemas iam além da falta de vontade de treinar. 

A relação conturbada com o pai, Fred, era o combustível de um espiral de autodestruição na vida de Phelps, que passou cinco dias recluso em seu quarto depois da prisão. O maior nadador do mundo foi parar em uma clínica de reabilitação onde passou 45 dias quase sem contato com o mundo exterior. Foi ao lado de outros pacientes, vendo TV, que ele soube da punição que o tiraria do Mundial de 2015, cortesia da federação americana de natação pela detenção de semanas antes. Deu certo. "Ele escondeu tudo que fazia dele um ser humano por 12 anos. Foi a clínica que o fez se abrir", disse o técnico Bowman ao New York Times. 

Nas cordas, Phelps de novo recusou o caminho das estrelas intocáveis. Ao sair da clínica, nada de reclusão ou entrevistas protocolares. O atleta olímpico mais vitorioso da história se abriu como nunca, admitiu velhas mentiras e expôs todas as fraquezas para, enfim, ser forte de novo. 

Se não for para falar a verdade, qual o sentido de voltar?

Foi o que disse Phelps em um evento do USOC (Comitê Olímpico Norte-Americano) meses depois de sair da clínica. Sim, "voltar". Porque reagir significava estar de novo na piscina para provar quem é o melhor de todos os tempos dentro da água.

As cartas na manga de Phelps

"Em cinco de julho, um mês antes dos Jogos de Londres, Michael apareceu para treinar às 7h. Dali em diante, ele não perdeu mais nenhum treino ou esteve atrasado até as Olimpíadas”, escreveu Bob Bowman, técnico de Phelps, no livro “The Golden Rules” (ainda sem lançamento no Brasil). Não é que Michael tenha se preparado somente em um mês. A questão é que, antes disso, ele não rezou a cartilha básica do esporte que prega que todo talento só terá sucesso quando aliado a suor e trabalho duro. Neste ritmo, Phelps levou 4 ouros e 2 pratas na capital inglesa. 

Ele estava sempre na frente, mas não disparava. O que ele tinha de especial era mesmo a competitividade. Você dava um toque e falava: ‘Valendo’. Aí não tinha como

Quem diz isso é André Schulz, ex-nadador brasileiro que treinou de 2006 a 2008 com Phelps em Michigan. EUA. Desde 2014, está "valendo". Quem vê o nadador no dia a dia conta que depois da reabilitação o gás está renovado. E os números comprovam. Phelps disputará seis medalhas no Rio e pode ser o primeiro tetracampeão da natação - hoje, ele já é o único tri. 

Como Phelps chega na Rio-2016?

  • Favorito

    Phelps fez o melhor tempo de 2015 em três provas: 100 m e 200 m borboleta e 200 m medley. Neste ano, ainda não repetiu as marcas, mas venceu as concorridas seletivas americanas.

  • Depende do grupo

    Phelps pode disputar o 4x100 m e o 4x200 m livre, além do 4x100 m medley. Para isso, depende da convocação do treinador e, claro, da ajuda dos companheiros durante a Rio-2016.

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