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Em 2009, Usain Bolt não tinha completado nem um ano no topo do mundo. Depois dos recordes e ouros nos Jogos de Pequim, ele teria de repetir o feito no Mundial de Atletismo em Berlim, em agosto daquele ano. Quatro meses antes da competição, levou (deu nos fãs) um susto. O homem mais rápido do planeta perdeu o controle de sua BMW e capotou em uma rodovia jamaicana. De madrugada. Com duas mulheres no carro.

Foi um choque. As informações indicavam uma noitada sem controle quando deveria, em tese, estar focado nos treinos. Usain Bolt saiu do hospital no mesmo dia. Exceção feita a pequenas lesões nos pés que o deixaram mancando, o jamaicano estava bem, assim como as duas mulheres que o acompanhavam. O astro não deu nenhum sinal de arrependimento. Diante de um batalhão de repórteres, ele acenou, sorriu, entrou em um (outro) carro e se limitou a dizer:

Eu estou bem, pessoal. Depois a gente se fala”

Bolt era acusado de estar tão fora de controle quanto seu carro. O acidente, então, poderia ser um “despertador” para que ele acordasse a tempo. Ele não poderia se importar menos. Em Berlim, faria a melhor apresentação de sua carreira, com ouro e recorde mundial nos 100 m e 200 m, além da conquista no 4x100 m. A lição disso tudo? O homem mais rápido do mundo faz o que quer e não é de pedir desculpas ou se explicar. Fora das pistas de atletismo, isso significa viajar, namorar, dançar, beber e se divertir. 
 

Mulheres e Rihanna: o que Bolt vê no celular (inspirado em fatos reais)

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Para Bolt, (quase) tudo gira em torno das mulheres

Conquistar mulheres sempre foi parte do que Bolt queria para si. Na infância, passou a se esforçar mais em suas aulas de espanhol quando visitou a América do Sul e descobriu que a língua poderia ajudá-lo com as garotas que ele conheceu. “Eu não acho que ele precisava disso. Ele sempre teve aquela aura”, disse Lorna Jackson. Professora do astro no colégio, ela contou ao jornal Telegraph que o então pupilo andava cercado de companhias femininas bem antes de se tornar o homem mais rápido do mundo.

Não é difícil perceber a importância do assunto para ele. Bolt já foi flagrado em clubes de striptease, dançou simulando posições sexuais, trocou de parceiras ao longo de uma noitada londrina e se declarou publicamente para Rihanna. Em 2011, quando chegou a Roma para um torneio, queria saber se era verdade que a capital italiana tinha “as melhores mulheres do mundo” – a cena faz parte de um documentário sobre a carreira do astro.

Quando você fica famoso, há muita pressão de garotas te querendo. Se você se casar aos 21 anos, não viveu um bocado. É difícil para mim ficar com uma mulher, porque as garotas literalmente se jogam sobre você

A explicação de Bolt reforça a imagem de “solteirão convicto” que ele sempre cultivou. Até quando não era o caso. Hoje o jamaicano diz estar em uma relação séria que já dura dois anos, mas não faz questão nenhuma de mostrar a identidade da moça. Nada mais natural para quem nunca apresentou uma namorada à imprensa e foi, no máximo, descoberto. Em 2012, um tabloide jamaicano publicou fotos dele com uma eslovaca com quem ele saía. Seis meses depois, ele já estava na farra de novo.
 

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Pose comprova sucesso de Bolt, que fará "canto do cisne" na Olimpíada do Rio

Dois braços esticados apontando para o horizonte, invariavelmente com um sorriso no rosto. Bolt começou, mas você já viu muitas outras pessoas repetirem essa pose, uma marca registrada do velocista. Não é força de expressão. O gesto hoje pertence ao jamaicano, que compara seu gesto ao salto de Michael Jordan que virou um dos logotipos de maior sucesso no esporte.

A pose diz muito sobre Bolt. Ele a apresentou ao mundo segundos depois de quebrar o recorde mundial e ser ouro nos 100 m em Pequim, em 2008. Jacques Rogge, à época presidente do COI, classificou o gesto como “soberba”. Pode ser. A distância entre a autoconfiança e a arrogância, muitas vezes, é bem curta no esporte. Bolt sempre viveu nesse limite. Mas tem algo além disso. O gesto em si, inspirado em um passo de dança jamaicano, é um retrato da alegria contagiante do astro. Antes dele, a linha de chegada era lugar para cara feia e concentração. Agora, rivais já acompanham os sorrisos e graças para as câmeras.

Tudo isso traz dividendos ao jamaicano. Hoje, segundo a Forbes, ele é o atleta olímpico mais bem pago do planeta (US$ 32,5 mi por ano). Acima dele, só jogadores de futebol, basquete, golfe, futebol americano, tênis e Fórmula 1, todos profissionais. Na Rio-2016, seus 17 patrocinadores devem ver o canto do cisne. Bolt lutará pelo tri nos 100 m, 200 m e 4x100 m e depois de aposentará dos Jogos. Sua última prova da carreira está marcada para 2017, no Mundial de Atletismo de Londres. Depois, descanso. Mas você tem dúvida de que ainda verá muitas vezes aquele gesto por aí?

Bolt não foi sempre marrento. Foi um recorde que mudou tudo

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A fama ajuda a aumentar tamanho da Jamaica

Bolt já foi à Índia jogar críquete, curtiu jogos do Manchester United na Inglaterra, visitou programas de TV nos EUA e foi recebido como rei na China. Só que sua casa nunca deixou de ser a Jamaica, onde ele sempre morou e treinou. O ambiente é o mesmo de quando ele, então um adolescente, recusou uma bolsa de estudos para competir por uma universidade americana.

Ele divide a casa com o melhor amigo de infância, nunca trocou de empresário e os pais seguem morando no mesmo povoado do interior em que ele nasceu. Usain Bolt virou uma espécie de extensão da Jamaica, que sabe tirar proveito do seu maior embaixador. Segundo o Ministério do Turismo do país, o velocista foi um dos motivos para um aumento de 16% no fluxo de turistas na ilha nos últimos anos.

O UOL Esporte foi até lá e pode dizer com propriedade. Quando você chega a Kingston, capital do país, é ele quem o recebe no aeroporto em um outdoor de boas-vindas. Se quiser um souvenir, visitar a loja oficial do velocista é uma boa pedida. Vai sair à noite? Conheça o restaurante temático do homem mais rápido do mundo. Só que nem tudo é baratinho, especialmente para os jornalistas. A escola primária de Bolt pede US$ 200 por uma visita e a tia de Bolt US$ 500 por uma entrevista. Imagens do local de treino dele? Não por menos de US$ 2,2 mil. 

Bolt é dono de uma rede de restaurantes na Jamaica; veja como ela é

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