Sequência de ventos mortais

Grandes furacões deixam mais de 100 mortos e milhões fora de casa ou sem luz

AFP PHOTO / Lionel CHAMOISEAU

Harvey e Irma. Os intensos furacões se formaram sobre o oceano Atlântico nas últimas semanas e foram responsáveis pela retirada de milhões de pessoas de suas casas nas ilhas do Caribe e ao sul dos Estados Unidos.

O cenário de destruição deixado pelos ventos acima de 200 km/h é acompanhado por inundações e, ao menos, 110 mortos computados até o momento.

O devastador furacão Irma é o primeiro da história a ter ventos de cerca de 297 km/h por mais de 24 horas --foram três dias com classificação máxima, 5.

Cerca de 6,5 milhões de norte-americanos estão sem luz devido a passagem de Irma.

Dias atrás, o furacão Katia assustava os mexicanos de Veracruz no dia seguinte a um terremoto que deixou, ao menos, 90 mortos. A formação de três furacões na bacia atlântica não é frequente, a última vez que isso tinha ocorrido foi em 2010.

Em junho, o órgão dos EUA que monitora as condições dos oceanos e da atmosfera, o NOAA, estimou que até novembro haveria até nove furacões. Já foram registrados seis, três deles de grande intensidade.

Dez dias do furacão Irma

Furacão Jose também se forma no Atlântico e ameaça EUA

Martin Bureau/AFP Martin Bureau/AFP

Diário de um grande furacão

Trajeto de estragos, inundações e mortos do Irma começou no dia 6

Barbuda

O Irma chegou à ilha de Barbuda, que faz parte de Antígua e Barbuda, na madrugada de quarta-feira (6), como furacão de categoria 5 e ventos que alcançaram 295 km/h --o olho do furacão atingiu a ilha inteira. Uma criança de dois anos morreu e metade da população local (cerca de 1.500 moradores) ficou desabrigada. Os prejuízos foram calculados em US$ 100 milhões.

São Martinho, São Bartolomeu e Anguilla

As três pequenas ilhas do Caribe foram afetadas na sequência, ainda na quarta-feira. São Martinho, que tem metade de seu território administrada pela França e a outra metade pela Holanda, foi quem mais sofreu, com 14 mortos e a destruição de cerca de 95% da parte francesa da ilha. 

Na parte francesa de São Bartolomeu, um resort conhecido por abrigar celebridades ruiu durante a passagem do Irma. Segundo políticos locais, a ilha ficou devastada com a passagem do furacão. Os dois territórios sofreram prejuízos estimados em US$ 2,28 bilhões.

No arquipélago britânico de Anguilla, próximo a São Martinho, um homem morreu após o teto de sua casa desabar.

Carlos Giusti/AP Carlos Giusti/AP

Ilhas Virgens britânicas e americanas

A passagem do furacão pelas Ilhas Virgens americanas e britânicas deixou pelo menos nove mortos - cinco em território do Reino Unido e quatro em solo norte-americano. 

Porto Rico

Na quarta-feira à noite, Porto Rico, que fica próximo às Ilhas Virgens americanas, viu o Irma chegar com ventos de cerca de 295 km/h. Três pessoas morreram e 1,2 milhão ficaram sem energia elétrica. O governador Ricardo Rossello ativou a Guarda Nacional e abriu albergues para 62.000 pessoas

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República Dominicana e Haiti

Na quinta (7), o Irma chegou à República Dominicana e ao Haiti. Ao menos 19 mil dominicanos tiveram que deixar suas casas. O nordeste do Haiti ficou inundado. Um homem está desaparecido após ter sido levado pelas correntes. Cerca de cinco mil pessoas foram levados a abrigos.

Cuba

O Irma atingiu a ilha cubana no sábado (9), deixando 10 mortos --sete delas em Havana, a capital do país, que ficou debaixo d'água. O furacão obrigou a evacuação de mais de um milhão de pessoas e provocou cortes de energia elétrica em toda capital. Os ventos atingiram até 256 km/h e derrubaram linhas de alta tensão, árvores e telhados.

O líder Raúl Castro reconheceu que o furacão causou "graves danos ao país". 

Wilfredo Lee/AP Wilfredo Lee/AP

EUA (Flórida)

No domingo (10), o Irma atingiu a Flórida na categoria 4, afetando primeiro as ilhas de Florida Keys. O furacão perdeu força gradualmente e se tornou uma tempestade tropical na manhã de segunda-feira (11), ainda com potencial de destruição.

Ao menos cinco pessoas morreram em consequência dos temporais, entre elas um homem que bateu com sua caminhonete em uma árvore devido aos ventos intensos na cidade de Marathon, em Florida Keys.

Pelo menos 6,5 milhões de casas e comércios ficaram sem eletricidade na Flórida --cerca de dois terços do Estado. Mais de 100 mil pessoas foram para abrigos.

Rastro de devastação

Ruínas do Harvey

Inudanções deixaram 70 mortos e mais de 1 milhão de norte-americanos desabrigados

Há duas semanas, o furacão que atemorizava os Estados Unidos era outro. No dia 25 de agosto, o Harvey entrou pelo Texas com ventos acima dos 200 km/h --o furacão mais forte a atingir o Estado em cinquenta anos. 

Em um trajeto de mais de 480 quilômetros, em que afetou parte de Louisiana, os ventos perderam suas forças, mas deixaram mais de 70 mortos e 1 milhão de desabrigados --21 mil ainda estão fora de suas casas, segundo relatório divulgado na sexta (8). 

O fenômeno, nas palavras do presidente Donald Trump, causou "inundações sem precedentes". Houston, polo energético norte-americano com economia comparável à da Argentina, foi uma das áreas mais atingidas. As perdas são estimadas em, ao menos, US$ 51 bilhões (R$ 157 bi). 

As piores tempestades tropicais da história

  • Maior distância percorrida: 1960

    O furacão Faith (1966) é o campeão do Atlântico com 12,5 mil quilômetros. Ophelia (1960), por sua vez, percorreu 13,5 mil quilômetros no Pacífico, o equivalente a um trajeto em linha reta entre Buenos Aires e Moscou

    Imagem: Catherone Chisnell/AFP
  • Mais longa duração: 1994

    John (1994) castigou o Pacífico por 30 dias. Nesse período foi ganhando e perdendo força. No entanto, ele se manteve na categoria 5 por menos de dois dias. O Irma, no entanto, é o furacão que ficou por mais tempo com ventos acima de 252 km/h (categoria 5): três dias consecutivos

    Imagem: AFP PHOTO / NOAA/RAMMB / Handout
  • Maiores danos: 2005

    O furacão Katrina foi o que causou o maior prejuízo material contabilizado. Ele atravessou as Bahamas e entrou pelos Estados Unidos devastando Flórida, Louisiana, Mississipi e Alabama. As perdas foram estimadas em US$ 108 bilhões

    Imagem: AP/Dave Martin
  • Número de mortes: 1970

    O Paquistão registrou cerca de 300 mil mortos após a passagem de um ciclone de Bhola, em 1970. O furacão Galveston, que atingiu o Texas há mais de um século, ainda é o que mais deixou mortos nos EUA. Estima-se que entre 9 mil a 12 mil pessoas morreram.

    Imagem: Fiji Brett Phibbs/ New Zealand Herald
Carolyn Kaster/AP Carolyn Kaster/AP

Aquecimento global é o culpado por tantos furacões?

As mudanças climáticas não provocaram os furacões que, historicamente, se formam todos os anos na região do mar do Caribe. Em 2010, três furacões já tinham se formado na bacia atlântica. 
 
Até o momento nesta temporada, foram registrados seis furacões na região --três deles acima da categoria 3. Desde 1851, em 20 temporadas houve mais de nove furacões, segundo os dados do Centro Nacional de Furacões, dos Estados Unidos.
 
No entanto, o aquecimento global pode ter tornado mais intenso o potencial destrutivo desses eventos climáticos. 
 
"A intensidade desses fenômenos naturais tende a aumentar com o aumento da temperatura global tanto na média quanto em seus extremos", afirmam os pesquisadores da NOAA (agência norte-americana de administração oceânica e atmosférica) e da Nasa (agência espacial norte-americana).
 
Não há consenso, contudo, se a quantidade de furacões e outros tipos de tempestades tem se alterado e se isso seria uma consequência da atividade humana e do aquecimento global.
 
 
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Como se formam os furacões

Furacão é o nome dado para tempestades tropicais violentas que acontecem na região das Américas. Quando se formam em outras áreas do globo, as tempestades são chamadas de ciclones ou tufões.

Formados por grandes quantidades de ar úmido e quente, os furacões aparecem sobre as águas quentes do oceano Atlântico e Pacífico na região do Equador. A água quente evapora e se condensa formando nuvens e tempestades.

A grande quantidade de ar quente e a velocidade cada vez mais rápida da evaporação cria um sistema de nuvens e ar em movimento circular, o que dá a aparência de cone ao furacão.

Os furacões têm ventos acima de 119 km/h, sendo considerados devastadores quando as ventanias atingem velocidade acima de 178 km/h, classificados como de categoria 3, de 5, na escala Saffir-Simpson. As rajadas de vento do Irma, de categoria 5, chegaram aos 298 km/h.

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