Além do problema nas pequenas, há problemas também nas grandes cidades. No Rio de Janeiro, por exemplo, a carência existe nas unidades municipais.
"Já foram realizados três concursos públicos com vagas para médicos. Além da dificuldade nas inscrições, os médicos se ausentam mais, passam menos e, mesmo aprovados, não aparecem para fechar o contrato", informou a RioSaúde, empresa que gere parte da rede pública municipal.
A dificuldade pode ser vista em números. No concurso de edital lançado em abril de 2015, dos 1.116 médicos inscritos, só 465 fizeram as provas e desses, apenas 13 dos 51 convocados celebraram contrato. Em março de 2016, um novo edital ofertou 287 vagas, mas apenas 13 foram contratados.
A solução, então, é contratar autônomos e fazer acordos temporários. Em planilha enviada ao Tribunal de Contas, a RioSaúde informou que, em outubro de 2016, tinha apenas 38 concursados, 175 com contratos de tempo determinado e 188 autônomos. Ao todo eram 399 profissionais.
O salário de um concursado é de R$ 4.071 (já contando adicional de insalubridade) por uma jornada de 12 horas semanais. O valor é o mesmo dos contratos por tempo determinado. Já os plantonistas recebem R$ 1.100 por plantão, exceto fim de semana e feriados quando os valores sobem para R$ 1.400.
Apesar da pouca diferença nos valores, a vantagem para o médico é a liberdade de poder escolher as datas em que trabalha, sem implicações.
Em cidades pequenas, a oferta de plantões é uma das opções para atrair profissionais, conta Izabelle Pereira, secretária de Saúde de Teotonio Vilela (AL) e presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Alagoas.
"É um atrativo", admite Pereira. O plantão de 24 horas na cidade pode levar a uma remuneração de mais de R$ 1.800.
Porém, ela diz que pretende reduzir a prática na sua rede para dar mais qualidade ao atendimento. "Imagina trabalhar oito horas e ainda fazer plantão e estar na unidade no outro dia de 8h da manhã", completa.