"Dinheiro só para cuscuz, arroz e farinha"
Entre as áreas do semiárido com chuvas abaixo da média está o sertão alagoano. Nas cidades da região, as chuvas deste ano não foram suficientes para encher barreiros, açudes e outros mananciais. Por isso, inúmeras famílias continuam convivendo com a rotina de falta d'água e perda de plantações.
A agricultora Maria Lucileide da Silva Santos, 30, mora na zona rural de Dois Riachos (a 193 km de Maceió) e não tem mais água na cisterna. Para abastecer a casa, ele caminha por 30 minutos para chegar a uma cacimba.
"Neste ano ainda plantamos macaxeira, milho e feijão, mas a seca depois foi tão grande que não vingou o milho e a macaxeira. Só conseguimos um saco de feijão, que não vai dar até o ano que vem, quando poderá chover e plantarmos novamente", relata.
Lucileide e a família não têm emprego e, com a seca, vivem basicamente da renda de R$ 156 que recebem do Bolsa Família. "Agora temos de 'comer puro', sem carne, porque o dinheiro só dá para cuscuz, arroz e farinha. Consegui um cadastro na prefeitura para receber leite para as crianças. Senão fosse isso, não tinha dinheiro para o leite", conta a agricultora, que uma vez por semana percorre a pé cerca de 4 km para receber dez litros de leite.