Mas McCarrick continuou cumprindo agendas públicas na igreja. Em julho de 2018, surgiram acusações de abusos de menores e, sob o papa Francisco, foi obrigado a renunciar.
“Esse dossiê colocou muita pressão sobre Francisco. Ao mesmo tempo, vem de uma rede pequena, mas poderosa, dentro da Igreja”, analisa o vaticanista Christopher Lamb, da revista britânica The Tablet.
“Essa rede que se opõe a Francisco inclui bispos, cardeais e jornalistas no Vaticano, na Itália e nos Estados Unidos -- o centro da oposição. No Vaticano, as reformas deste papa estão acontecendo em ritmo frustrantemente lento. Mas estão acontecendo.”
O jornal L’Osservatore Romano, do Vaticano, se referiu ao caso Viganò como “uma nova instância de oposição interna”. O cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, afirmou ao site Vatican Insider que as acusações criam “amargor e inquietude”, mas o papa está “sereno”.
Alguns apontam para o fato de que Viganò se ressente de ter sido afastado da Cúria Romana em 2011 por Bento 16 e que almejava ter sido feito cardeal.
Outros se uniram às críticas e disseram que as acusações de Viganò são legítimas. Foi o caso do bispo americano Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, que pediu uma investigação “até nos níveis mais altos da igreja” – uma possível referência ao papado.
Também o cardeal Raymond Leo Burke, um dos ícones da ala conservadora anti-Francisco, disse ao jornal italiano La Verità que “agora, o papa deve esclarecer a sua posição”. Para o arcebispo, “se o que está escrito [na carta de Viganò] é verdade, o papa deve enfrentar isso pessoalmente.”
Na última semana, o papa convocou uma reunião extraordinária para discutir os abusos sexuais. O encontro será em fevereiro, no Vaticano.