A temporada de calor e chuvas se aproxima e, com ela, o clima perfeito para a proliferação do Aedes aegypti. O mosquito, velho conhecido em todo o Brasil, foi responsável por uma tríplice epidemia de zika, dengue e chikungunya em 2015 e no início deste ano. Depois de meses de "aparente" calmaria, a preocupação com a contaminação, principalmente entre grávidas, deve voltar à tona.
A zika ganhou destaque em outubro do ano passado, por ser relacionado ao nascimento de crianças com microcefalia. Com a chegada do período de maior contágio, os especialistas acreditam que pode ocorrer uma nova epidemia, concentrada desta vez na região Sudeste.
Não deve ter epidemias grandes no Nordeste porque o vírus já circulou por lá. Estamos mais preocupados com regiões como o interior de São Paulo, onde o número de casos foi bem menor.”
Mauricio Lacerda Nogueira, virologista que integra a Rede Zika
Embora ainda não seja um resultado definitivo, as pesquisas mais recentes indicam que o vírus da zika imuniza contra futuros contágios, ou seja, só se pega uma vez. Por isso, a tendência é de que ele diminua nas regiões onde teve maior incidência --como Pernambuco, Paraíba e Bahia-- e apareça com mais intensidade nos lugares em que ocorreram menos casos.
Epidemiologia é ruim para fazer previsões, mas o vírus ainda não circulou de forma importante no Sudeste. Estamos sujeitos a isso acontecer agora.”
Claudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz
Em todo o país, foram confirmados até agora 2.033 casos de crianças com a síndrome congênita da zika (microcefalia e outras alterações ligadas ao sistema nervoso central). Ainda permanecem em investigação 3.055 casos suspeitos. A maioria deles no Nordeste.
As epidemias de dengue nos ensinaram que a epidemia começa no Nordeste e depois explodem no Sudeste, não tem porque não acontecer a mesma coisa com a zika e a chikungunya."
Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose
De acordo com o mais recente boletim do epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2016 foram registrados 16.264 casos suspeitos de zika em gestantes, sendo 8.904 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial. Segundo Timerman, a principal dificuldade é o diagnóstico, uma vez que a doença pode não ter sintomas ou ser confundida com a dengue.