Missões espaciais

Cassini morreu em Saturno e virou história, mas outros projetos miram Marte e condições de vida fora da Terra

Nicholas St. Fleur The New York Times
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Agora que a Cassini se foi, deixando atrás de si um rastro de glória, você provavelmente anda se perguntando com qual missão cósmica deve ficar entusiasmado.

Embora a Nasa esteja revisando propostas que podem incluir uma volta a Saturno para procurar sinais de vida em mundos oceânicos, como suas luas Encélado e Titã, outros esforços no espaço profundo estão entrando para o calendário.

Aqui vai uma série de missões que valem ser acompanhadas, no mínimo, pela próxima década.

Um encontro com o Planeta Vermelho

A humanidade vem tendo um longo caso de amor com Marte. Tivemos cerca de 20 missões de sucesso para estudar o planeta desde a década de 1960, entre elas a dos veículos exploradores, ou rovers, "Opportunity" e "Curiosity", que ainda estão operando. Elas servem também como fonte de questionamentos para os cientistas que procuram pistas sobre lugares onde a vida pode ter existido algum dia.

Em maio, a Nasa vai lançar a missão "Interior Exploration Using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport" (Exploração Interior Usando Investigações Sísmicas, Geodésia e Transporte de Calor), ou InSight. Esse projeto vai soltar um módulo de aterragem em solo marciano com o objetivo de entender o que aconteceu no nascimento do planeta rochoso.

"É uma missão para mapear o interior profundo de Marte e chegar até o centro do planeta", explicou W. Bruce Barnerdt, do Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, na Califórnia.

"É como usar um microscópio em vez de olhar para ele do outro lado da sala", afirmou.

Em 2020, o "Mars 2020 Rover" deve pousar em Marte e se juntar ao "Curiosity" e ao "Opportunity". Ao contrário de suas predecessoras, essa missão tem a intenção de mandar amostras da superfície marciana de volta para a Terra para ajudar na procura por evidências de vida antiga em Marte.

O "Mars 2020 Rover" é essencialmente parte de um plano de três passos para coletar amostras de Marte e estudá-las na Terra.

A Agência Espacial Europeia e a agência espacial da Rússia também estão participando da corrida pela exploração de Marte. Em 2020, sua joint venture, ExoMars, vai mandar um rover europeu e uma plataforma de superfície para o planeta.

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Em busca de vida na lua de Júpiter

A missão Europa Clipper vai passar pela lua gelada de Júpiter, Europa, entre 40 a 45 vezes em algum momento da década de 2020. Os cientistas acreditam que Europa possui um oceano de água salgada sob sua superfície, e a missão da Nasa vai ajudar a determinar se a lua tem a receita da vida: uma gota de água líquida, uma pitada de ingredientes químicos e uma fonte de energia que possa cozinhar algo biológico.

Outra que estará olhando para os satélites de Júpiter é a missão da ESA Juice, acrônimo de Jupiter Icy Moons Explorer (Explorador das Luas de Gelo de Júpiter), planejada para ser lançada em 2022. Além de Europa, a sonda espacial vai estudar Ganimedes, a maior lua do sistema solar, e Calisto, que tem mais crateras de impacto do que qualquer outro objeto desse sistema.

"Queremos ir a Júpiter e explorar suas luas por duas razões: primeiro, para entender como foi construído e como funciona nosso sistema solar; e segundo, para ver e compreender a probabilidade de existir vida fora do nosso planeta", explica Giuseppe Sarri, gerente de projetos do JUICE.

O Juice usará um radar que penetra no gelo para espiar sob a superfície das luas e um laser para medir suas características geológicas.

 

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A origem de nosso sistema

Embora circundar um cinturão de asteroides não seja tão precário como aparece nos filmes, ainda é uma operação calculada. Existem três missões planejadas em que devemos ficar de olho.

Já em operação está a missão Hayabusa-2, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, que deve chegar ao asteroide 162173 Ryugu no ano que vem. A missão vai colocar uma pequena sonda na superfície, assim como três rovers pequenos, segundo a Nasa. Depois que forem deixados pela espaçonave mãe da Hayabusa-2, vão coletar amostras. O objetivo principal da Hayabusa-2, no entanto, é voltar para a Terra com essas amostras em dezembro de 2020, depois de explorar o asteroide por mais de um ano.

Como fica claro pelo "2" no nome, essa é a segunda viagem de ida e volta do Japão para o asteroide. A primeira Hayabusa foi lançada em 2003, chegou a seu alvo em 2005 e retornou em 2010.

Em agosto, a Osiris-Rex da Nasa vai se aproximar do asteroide Bennu, uma rocha rica em carbono de 500 metros de largura. Depois de alcançar o asteroide, que corre em volta do sol a cerca de 100 mil quilômetros por hora, a Osiris-Rex vai pesquisá-lo por um ano. Então, em 2020, fará uma manobra de toque e movimento com um braço robótico para coletar amostras de sua superfície. Ela ficará em contato com o asteroide por apenas cerca de cinco segundos. Depois, a espaçonave deixará Bennu em março de 2021 e chegará à Terra em 2023.

Essas amostras vão nos revelar sobre a composição dos asteroides, assim como nos ajudar a descobrir mistérios a respeito da origem de nosso sistema solar. O que também torna Bennu interessante é que a Nasa prevê que ele possui uma chance em 2.500 de se colidir com a Terra perto do final do século 22.

Em 2022, a missão Psyche, da Nasa, vai lançar uma jornada para investigar 16 Psyche, um imenso pedaço de metal que fica no cinturão entre Marte e Júpiter.

Olhando além do Sistema Solar

A exploração cósmica não está limitada ao nosso sistema solar. Existem várias missões focadas em observar os mundos fora do alcance do Sol.

Com previsão de lançamento em meados da década de 2020, o Wide Field Infrared Survey Telescope (Telescópio Infravermelho de Campo Amplo), ou WFIRST, será tão poderoso como o telescópio espacial Hubble, mas com um campo de visão 100 vezes mais largo. Segundo a Nasa, poderá detectar milhares de exoplanetas e um bilhão de galáxias. Também vai tentar desvendar alguns dos mistérios por trás da energia escura e da matéria escura, as substâncias que compõem a maior parte do universo.

O "Characterizing Exoplanet Satellite" (Satélite Categorizador de Exoplanetas), ou CHEOPS, operado pela ESA, também vai procurar exoplanetas. Ele deve ser lançado no ano que vem e vai orbitar a terra, caçando planetas rochosos à medida que eles passam na frente de estrelas brilhantes, uma atividade conhecida como trânsito.

Em 2026, a nave espacial Plato, da ESA, vai procurar trânsitos de plantas parecidos com a Terra que podem residir em zonas habitáveis (ou goldilocks) de outros sistemas estelares.

O projeto Telescópio Espacial James Webb, de asas douradas, vai decolar no final do ano que vem. Será o mais poderoso telescópio espacial já construído. É um trabalho que custará US$8.8 bilhões e tem como objetivo montar o quebra-cabeça de 13.7 bilhões de anos de como o universo surgiu depois do Big Bang.

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Um pouco como Ícaro, mas com asas de carbono

A ser lançado no verão de 2018, o "Parker Solar Probe" (Sonda Solar Parker), da Nasa, vai se tornar a primeira nave espacial da Terra a alcançar uma estrela. Ela voará a cerca de 6,5 milhões de quilômetros da superfície do sol, enfrentando o calor brutal e a radiação destrutiva de sua atmosfera mais periférica, conhecida como corona.

Mas a sonda estará bem protegida do ambiente abrasador graças a um escudo térmico, uma parede de mais de dez centímetros de largura composta de carbono que, segundo a Nasa, manterá seus equipamentos em temperatura ambiente.

A "Parker Solar Probe" vai estudar a corona e investigar o vento solar, a rajada constante de partículas carregadas que se espalham profundamente no sistema solar, e recolher dados a respeito do que o faz acelerar.

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Serpenteando em volta de Mercúrio

Comparado com Marte, com Vênus e com a Terra, Mercúrio é o mundo mais negligenciado do sistema solar interno. Apenas as missões "Mariner 10" e "Messenger" da Nasa o observaram de perto. Mas, em 2018, isso vai mudar quando a Agência Espacial Europeia e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão lançarem a missão BepiColombo para explorar o pequeno planeta.

A missão conjunta consiste em duas naves: a "Mercury Planetary Orbiter" e a "Mercury Magnetospheric Orbiter". Depois de chegar a Mercúrio no final de 2025, as duas vão entrar em órbitas separadas. Ali, segundo a ESA, coletarão informações sobre a composição, a atmosfera, a magnetosfera e a geofísica de Mercúrio.

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