Proibição é hipocrisia
O primeiro habeas corpus preventivo conseguido por uma família para o plantio foi o de Margarete Brito, presidente da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal.
Margarete é uma figura central na luta pelo acesso por medicamentos à base de Cannabis sativa no Brasil. Mãe de Sofia, que tem a síndrome CDKL5, que provoca convulsões sucessivas, ela desafiou a Justiça em outubro de 2013 ao importar ilegalmente o canabidiol para o tratamento de sua filha, na época com cinco anos.
Em novembro de 2016, a advogada obteve respaldo judicial para cultivar maconha com fins medicinais em seu apartamento na Urca, bairro da zona sul do Rio. Sofia tem menos da metade das convulsões desde que passou a usar o medicamento, conta a mãe, resultado que nunca tinha sido alcançado com os remédios disponíveis no mercado.
Sua luta pessoal pela legalização do canabidiol e do THC tornou-se ativismo e hoje ela lidera uma associação que reúne cerca de cem famílias de pacientes, em sua maioria, de epilepsia.
"Pelo fato de o acesso [à maconha medicinal] não ser justo e democrático, muitos pacientes têm que recorrer à boca de fumo. Têm que recorrer a maconha de péssima qualidade, com mofo. Eles já estão em um estado de vulnerabilidade por conta da doença e o Estado os coloca em uma ainda maior situação de risco. Se essa proibição [da maconha no Brasil] tem nome, é hipocrisia."