1. Renan Calheiros (PMDB-AL)
Presidente do Senado Federal
Com a abertura do processo, a presidente é notificada para apresentar uma nova defesa ao Senado. Em 1992, no impeachment do presidente Fernando Collor, esse prazo foi de 20 dias. A tendência é de que o prazo seja mantido.
A partir dessa etapa, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, assume a condução do processo, cabendo a ele decidir recursos apresentados por senadores e dar a palavra final sobre os procedimentos a serem seguidos.
A presidente Dilma deve ser ouvida como investigada nesta fase do processo. Como parte de seu direito de defesa, ela pode permanecer calada durante o depoimento ou decidir não comparecer à sessão. Como um depoimento do acusado é um ato pessoal, Dilma não pode ser substituída por seu advogado. O ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo, já afirmou que pretende atuar na defesa de Dilma no processo de impeachment. Para tanto, ele deve deixar o cargo.
A conclusão da investigação é então votada pela comissão e, em seguida, no plenário do Senado. Se o conjunto dos senadores entender por maioria de votos de que há indícios da prática de crimes de responsabilidade, o Senado notifica a presidente das acusações que pesam contra ela e passa à terceira grande etapa do processo, quando são realizadas as sessões de julgamento, comandadas pelo presidente do STF. Esse ato é conhecido juridicamente com o nome de "juízo de pronúncia".
O STF deverá publicar um documento especificando as regras para a realização do julgamento, mas o tribunal tem informado que o rito deve seguir o que foi definido quando do impeachment de Collor. Na fase final do julgamento, a sessão será presidida pelo presidente do STF. Cabe ao presidente do Supremo apenas a condução administrativa da sessão e a análise de recursos apresentados pelos senadores contra o andamento dos trabalhos.
Após serem notificados da decisão do juízo de pronúncia pelo Senado, ocorrida na fase anterior, os autores do pedido de impeachment e a defesa de Dilma terão 48 horas para enviarem manifestação por escrito ao processo e indicarem testemunhas.
O presidente do STF também é notificado e a ele cabe agendar a data para a sessão de julgamento, decorrido um prazo mínimo de dez dias desde a notificação.
A sessão de julgamento começa com a leitura resumida do processo e o depoimento das testemunhas, que podem receber perguntas e ser contraditadas pelos senadores. Em seguida, é realizado um debate entre a acusação e a defesa, com direito a réplica e tréplica, por tempo determinado pelo presidente do STF. A presidente e os autores da denúncia podem ser representados por seus advogados. Depois de ouvidas as testemunhas, a acusação e a defesa, os senadores também podem debater a denúncia. O presidente do STF faz uma exposição resumida do processo e dos argumentos de cada um dos lados. Depois desse ato é quando começa a votação final.
Para que Dilma seja condenada, é preciso o voto de ao menos 54 senadores, o equivalente a dois terços do Senado. Além da perda definitiva do mandato, a presidente ficaria inelegível pelos próximos oito anos. Se absolvida, retorna imediatamente ao cargo.
Michel Temer é alvo de um pedido de impeachment em tramitação na Câmara dos Deputados, aberto pelo advogado Mariel Márley Marra por supostos crimes de responsabilidade por assinar decretos para abertura de crédito suplementar enquanto substituía Dilma Rousseff na Presidência. A Câmara chegou a arquivar esse pedido por decisão do então presidente da Casa, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Marra, contudo, recorreu ao STF, e o ministro Marco Aurélio Mello determinou em decisão liminar que o processo fosse aberto. A Câmara já pediu que líderes partidários indiquem os membros para a comissão que analisará os argumentos para o afastamento de Temer, mas a instalação em si ainda não foi formalizada. Temer, via assessoria de imprensa, informou que o Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) já o isentaram de "responsabilidade em relação aos decretos por ele assinados, que estão de acordo com a Lei Orçamentária e Lei de Responsabilidade Fiscal".
Cinco processos que tramitam no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) podem impugnar o mandato de Dilma Rousseff e Michel Temer conquistados nas eleições de 2014, o que culminaria no afastamento dos dois da Presidência. O PSDB é um dos autores dos processos, e alega que a coligação que sustentou a candidatura de Dilma e Temer abusou de poder político e econômico para vencer as eleições. Todos os processos contra Dilma e Temer estão sendo relatados pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, que ainda não divulgou seu relatório. Não há prazo para o julgamento. Se o TSE decidir pela impugnação até o final deste ano, uma nova eleição presidencial deve ser convocada. Se a impugnação vier a partir do início de 2017, o Congresso Nacional reúne-se para escolher indiretamente um novo presidente. Temer informou que "todas as doações a sua campanha de 2014 estão de acordo com a legislação eleitoral e foram apresentadas ao TSE e aprovadas".
Elevado a presidente interino da República, Temer automaticamente passa a contar com uma oposição marcante no Congresso Nacional. O PT, partido da presidente afastada, já declarou que não aceita o impeachment. Humberto Costa, líder da legenda no Senado, não adiantou como será sua ação e de seus correligionários no Parlamento após o afastamento de Dilma, mas sinalizou uma forte resistência. "Como é que nós vamos ter condescendência com um governo que usurpou o poder?", questionou Costa. Além do PT, parlamentares do PCdoB e o PSOL já atuaram de forma coesa para tentar evitar o afastamento de Dilma. A base do presidente interino está ciente dessa resistência, mas acredita que ela não criará grandes problemas. O senador Romero Jucá, presidente em exercício do PMDB, partido de Temer, informou que as votações na Câmara e Senado favoráveis ao impeachment apontam que o presidente interino terá ampla base no Legislativo.
Michel Temer já foi citado em delações ou investigações da Operação Lavo Jato em ao menos quatro vezes. Ele teria recebido doação irregular de campanha ou propinas de esquemas de corrupção. Por meio de sua assessoria, Temer nega qualquer envolvimento com ilegalidades. Seu nome já apareceu nas delações do senador Delcídio do Amaral (ex-PT, cassado) e do empresário Júlio Camargo (ex-executivo da empresa Toyo Setal), além de ter sido citado em mensagens trocadas entre o empresário Léo Pinheiro (ex-presidente da empreiteira OAS) e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e em uma planilha apreendida entre documentos da empreiteira Odebrecht.
O marechal Floriano Peixoto foi o primeiro vice-presidente brasileiro a assumir o governo, após a renúncia de Deodoro da Fonseca em meio a uma crise política e econômica. Segundo a Constituição de 1891, em caso de renúncia do presidente, antes de completados dois anos de mandato, novas eleições deveriam ser convocada pelo vice. Mas Floriano decidiu completar o quatriênio para o qual Deodoro havia sido eleito, o que provocou reações entre os militares, sendo que a mais importante delas foi a segunda Revolta da Armada.
Imagem: Wikimedia CommonsAfonso Penna morreu antes do término do mandato. Foi substituído pelo vice-presidente, Nilo Peçanha. Embora tenha governado o país pelo breve período de um ano, na gestão de Nilo Peçanha, foram criados o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, e o Serviço de Proteção ao Índio, presidido pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Imagem: Domínio públicoDelfim Moreira assumiu a Presidência por nove meses, até que fossem realizadas novas eleições, uma vez que o presidente ficou impedido de governar antes de cumprir metade do seu tempo de mandato --Rodrigues Alves teve gripe espanhola e morreu nos primeiros meses do governo. Moreira acabou sendo acometido de uma doença que limitava suas capacidades intelectuais e delegou suas funções ao titular da pasta da Viação, Francisco de Melo Franco
Imagem: Wikimedia CommonsLogo após o suicídio de Getúlio Vargas, João Fernandes Campos Café Filho assumiu a Presidência. Ele havia participado da chapa que elegeu Getúlio para seu segundo mandato, em 1950, e conquistou a vitória para a vice-presidência --na época, o suplente era eleito em um pleito separado. Entregou o cargo a Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados, em novembro do ano seguinte, após ter sofrido um ataque cardíaco. Luz foi deposto três dias depois pelo general Henrique Lott, ministro da Guerra, e o primeiro vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, teve dois meses e meio de mandato, até novas eleições
Imagem: Arte UOLJoão Goulart (PTB) foi escolhido vice-presidente nas mesmas eleições que elegeram Jânio Quadros (UDN) --na época, os cargos eram disputados em separado, sem a formação de chapa única. Sete meses depois da posse, Quadros renuncia. No breve período em que governou o país sob regime presidencialista, os conflitos políticos e as tensões sociais se tornaram graves, e as Forças Armadas interromperam seu mandato com o golpe militar de março de 1964
Imagem: Arte UOLJosé Sarney (PMDB) assumiu a presidência interinamente, em março, e de forma definitiva após a morte do político mineiro Tancredo Neves, um mês depois. Como a morte de Tancredo ocorreu antes de ele assumir o governo, colocou-se em dúvida a legitimidade da posse do vice, mas políticos da oposição temiam uma intervenção militar e a ruptura do processo de redemocratização. A união das forças democráticas, então, forneceu a base de apoio para Sarney assumir o governo
Imagem: Moreira Mariz/FolhapressO mineiro Itamar Franco assumiu a Presidência em dezembro de 1992, após o processo de impeachment sofrido por Fernando Collor de Melo, que levou à renúncia do presidente. No ano seguinte, o governo Itamar aplicou o dispositivo constitucional que previa a realização de um plebiscito em que os eleitores brasileiros deveriam decidir qual o regime político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) o Brasil deveria adotar. O resultado das urnas confirmou a preferência da população pela permanência da república presidencialista
Imagem: Arte UOL