O custo da transferência do dinheiro, entre outras dificuldades na capital inflada de venezuelanos, leva muitos a saírem de Boa Vista e voltarem para perto da fronteira. Manaus surge como opção para procurar emprego.
Edi Garcia, engenheiro elétrico, se mostrava animado com a passagem de ônibus que, depois de três meses fazendo pequenos bicos, conseguiu comprar.
"Como é Manaus? Tem mais indústrias? Escutei falar da Zona Franca, tomara que lá tenhamos algo melhor do que em Boa Vista", perguntava.
Antes do drama para mandar dinheiro para casa, vem a dificuldade de ganhar o suficiente para economizar. Os venezuelanos relatam que muitos brasileiros querem contratá-los para serviços simples e oferecem R$ 30 pela diária - mas há relatos também de pagamento de R$ 15 e R$ 10.
"Um senhor me ofereceu isso para capinar um terreno durante todo o dia, trabalho que um brasileiro faria por R$ 80. Não aceitei, seria exploração", diz Frank Rico, que deixou Maracay, na Venezuela, para morar ao lado da Cadeia Pública, num terreno baldio em Boa Vista. É um dos poucos espaços com água corrente, que muitos imigrantes usam para tomar banho e lavar roupas.
"Ainda assim, vale a pena", diz.
Os relatos de cobrança de taxas para envio de dinheiro ou oferecimento de trabalhos a valores baixos mostram que, em meio a uma das maiores crises humanitárias do continente, não falta gente, brasileira ou venezuelana, disposta a lucrar.