Made in Fukushima

7 anos após acidente nuclear no Japão, produtores veem produção encalhar, apesar de testes descartarem riscos

Agustin Graça Da EFE, em Fukushima
Agustin Gracia / EFE

Agricultores e pescadores da região japonesa de Fukushima enfrentam dificuldades para convencer os consumidores de que seus produtos não estão contaminados pelo desastre nuclear de 2011. Para reverter a situação, contam com uma característica tipicamente japonesa: a paciência. 

"É preciso mudar a mentalidade do povo", disse Satoko Anzai, que, ao lado de seu marido Chuzaku e do restante da família, administra uma fazenda frutícola de cinco hectares ao norte da cidade de Fukushima.

As pessoas ainda dizem não a nossos produtos, apesar de mostrarmos evidências de que nosso solo não está contaminado

Satoko Anzai

Satoko Anzai, Agricultora de Fukushima

KIMIMASA MAYAMA / POOL EFE

Pior desastre desde Chernobyl

Chuzaku, seu marido, é a quarta geração de agricultores da região. A fazenda é administrada pelos quatro membros da família, e o negócio começou a viver seus piores momentos após o desastre da usina nuclear de Daiichi, em 11 de março de 2011.

Naquele dia, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter e um tsunami que elevou as águas em 15 metros destruiu a usina nuclear de Daiichi, que começou a ser construída em 1967. Vários reatores sofreram fusões.

As autoridades ordenaram a evacuação de uma área de 370 quilômetros quadrados, e hoje, sete anos depois da tragédia, a região vai recuperando o ritmo pouco a pouco, mas será difícil atingir os padrões anteriores a 2011.

Toru Hanai / REUTERS Toru Hanai / REUTERS

A produção de pêssegos, cerejas e mirtilos dos Anzai chegou a cair 35%. A terra teve que ser descontaminada, as árvores frutíferas lavadas e, três anos depois, a produção retornou aos níveis anteriores ao desastre.

A família Anzai vive de sua produção e das subvenções das autoridades e da empresa dona da usina nuclear, mas continua empenhada em convencer seus antigos clientes de que suas frutas não estão contaminadas, mostrando orgulhosamente todos os documentos que assim o demonstram.

Toru Hanai / REUTERS Toru Hanai / REUTERS
Agustín de Gracia / EFE Agustín de Gracia / EFE

Vai passar algum tempo até que comecem a comprar nosso pescado de novo

Kazunori Yoshida, diretor da Associação de Cooperativas de Pesca da cidade de Iwaki

Dos 200 barcos do porto de Onahama, um dos maiores da região, só podem operar cerca de 50 por dia, por causa de um revezamento estabelecido.

"Não há mercado para 200 barcos", lamentou Yoshida.

No porto de Onahama existe um laboratório que há anos se encarrega de analisar os peixes capturados para rastrear possíveis sinais de contaminação. Os peixes são cortados com cuidado e os cubinhos depositados em um medidor de radiação.

Agustín de Gracia / EFE

Segurança alimentar

Os padrões são muito mais rigorosos que em outros países. Para o pescado e os vegetais, por exemplo, só são permitidos níveis que são 1/12 avos dos valores exigidos nos Estados Unidos e um décimo do Codex Alimentarius internacional, que regulamenta a questão em nível internacional.

Também são analisados continuamente verduras, frutas e carne em outro laboratório da cidade de Fukushima.

Kimimasa Mayama/Reuters Kimimasa Mayama/Reuters

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