Na casa de Kenia Borges, 44, não entram salgadinhos ou guloseimas. Isso porque a o peso é uma preocupação desde que as duas filhas, de 14 e 9 anos, eram bebês.
"As duas já receberam o diagnóstico de obesidade, o que é muito sofrido para a criança e para a gente. Elas não aceitam, não entendem."
No ano passado, após o falecimento do pai, Izabelle exagerou nos doces e atingiu níveis preocupantes de açúcar no sangue e seus 60 kg, aos 9 anos. O tratamento com um endocrinologista veio a tempo e ela conseguiu evitar o diabetes.
Laura, a mais velha, evita sair com a mãe, que desde pequena controla o que ela come. Hoje a adolescente tem 93 kg.
Kenia afirma que, na hora das compras, prefere os produtos integrais, com menos sal e menos açúcar, mas eles também precisam caber no orçamento. "Tento fazer escolhas saudáveis, mas elas costumam ser caras, nem tudo a gente consegue comprar."
Há ainda outros dois vilões na casa da assistente social: as refeições fora da casa e as propagadas dos alimentos industrializados.
Não adianta a gente falar, se elas veem as amigas comendo besteira na escola, se na televisão mostra todo mundo rindo e tomando refrigerante, falando que é uma delícia --e realmente é gostoso, mas tudo aquilo engorda, faz mal"
Kenia Borges, assistente social
As crianças e adolescente são os principais focos das ações de prevenção à obesidade no Brasil e no mundo. "Educar as crianças é essencial, porque elas conseguem influenciar os pais", diz a professora e endocrinologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Maria Teresa Zanella.
Na contramão disso estão as propagandas de industrializados direcionadas ao público infantil. Em muitos casos, brinquedos com temas de desenhos animados são oferecidos como brinde na compra de bolos, bolachas e refrigerantes.