Mesmo com as férias de verão, a situação não melhorou. No final de setembro, o famoso ativista ambiental Nicolas Hulot deixou o ministério da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável e da Energia -- uma cena que deixava clara a crise dentro do governo. O anúncio de demissão foi feito em entrevista de rádio, antes de falar com o presidente. “Não posso mais mentir para mim mesmo”, disse Hulot na ocasião.
Na sequência, o ministro do Interior, Gérard Collomb (socialista), deixou sua vaga no governo Macron, dizendo querer voltar a Lyon e concorrer às eleições municipais que ocorrem em 2020.
Diante da crise interna, o presidente francês se vê em um braço de ferro com o primeiro-ministro, responsável pela articulação do governo, o republicano Édouard Philippe (de direita). Philippe é visto pela população como mais próximo do povo, mais competente e mais confiável que Macron.
“O risco real para o governo é que seja contestado pela sua maioria parlamentar, insatisfeita com o que os ministros têm feito”, analisa o cientista político. Perder a maioria na Assembleia Nacional acabaria de vez com os planos reformistas de Macron.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (Insee), o desemprego atinge 9,1% da população - e a meta do governo é baixar o índice para 7% até 2022. Além disso, 14,2% dos franceses vivem com menos de 1.015 euros (R$ 4.300) por mês - o salário mínimo no país é de 1.498 euros.