Após seu primeiro encontro com os rebeldes, a Reuters voltou para se encontrar com outros comandantes do GUP. Um membro sênior, conhecido como Arbey, disse que o líder do grupo é Victor David Segura, conhecido simplesmente como David.
Após o confronto em outubro entre agricultores e a polícia, Santos apontou David como instigador do levante e ofereceu 150 milhões de pesos, ou cerca de US$ 52 mil, por sua captura.
Mas mesmos se o GUP desaparecesse, outros estão posicionados para ocupar seu lugar, disseram policiais e autoridades do governo. Quando não outros rebeldes, gangues criminosos também preenchem o vácuo das Farc.
Um punhado de grandes gangues surgiu depois que Álvaro Uribe, o antecessor de Santos, fechou em 2006 um acordo com os grupos paramilitares. Em vez de se desarmarem, muitos formaram sindicatos do crime.
Uma gangue proeminente, conhecida como Clã do Golfo, passou a rivalizar as Farc em extorsões. Após o acordo com as Farc, ela também se ofereceu para desarmar.
Mas não o fez, tomando em vez disso o território das Farc de modo oportunista.
Em um recente relatório sobre os esforços de paz, a Organização dos Estados Americanos aconselhou a Colômbia a "empregar a capacidade plena do Estado para controlar a expansão do Clã do Golfo". O governo, por sua vez, disse que não pode negociar com o clã como fez com as Farc, que ele caracterizou como uma força política, não simplesmente criminosos.
Essas negociações fracassam com a mesma frequência que são bem-sucedidas.
As conversações com as Farc ocorreram de modo difícil por quatro anos antes do acordo. Santos retomou recentemente as negociações com o ELN após suspende-las quando o grupo, em atentados a bomba em janeiro, matou oito policiais.
O ELN, antigos rivais esquerdistas que alegavam superioridade ideológica às Farc, por cinco décadas realizaram ataques com bombas a oleodutos e outros alvos que considerava infraestrutura capitalista. Mas também gosta de ganhar dinheiro, especialmente agora que saiu da sombra das Farc.
A cerca de 70 km a leste de Tumaco, o ELN controla uma mina ilegal de ouro, segundo a polícia nacional. A instalação, uma das muitas minas ilícitas por toda a Colômbia, já foi território das Farc.
Durante uma missão em dezembro testemunhada pela Reuters, a polícia buscou interditar a mina, em um pântano ao longo do rio Patía. A polícia disse que ela vazava mercúrio nos solos da área além de gerar outros crimes, como prostituição e trabalho infantil.
Mas os moradores locais estavam preparados.
Dezenas de policiais, usando armaduras e empunhando metralhadora, chegaram de helicóptero. Em solo, até 200 mineiros aguardavam, armados com pedras e facões.
A polícia lançou gás lacrimogêneo, mas alguns mineiros usavam máscaras de gás. Temendo uma escalada, a polícia se retirou. "Essas missões estão nas mãos dos deuses", disse o coronel Alvaro Cardozo, um dos policiais.
Cerca de 1.000 km ao norte, no Estado de Chocó, no noroeste, combatentes do ELN disseram que darão continuidade às suas atividades, independente das conversações de paz.
"Iremos a qualquer lugar que pudermos", disse Yerson, comandante de uma unidade móvel no rio San Juan, em meio a uma das florestas tropicais mais úmidas do planeta. Yerson só se identificou por seu nome de guerra.
A unidade, ele disse, com frequência entre em choque com os inimigos em antigos territórios das Farc usados pelo ELN como rota para escoamento de cocaína e ouro e madeira ilegais. "Os paras tentaram tomar esse território", disse Yerson, referindo-se aos paramilitares. "Nós lutamos e tomamos de volta."
Atualmente com supostos cerca de 1.500 combatentes, em comparação a até 5.000 nos anos 90, o ELN disse que está crescendo de novo. Não há escassez de jovens pobres e rurais que historicamente alimentam as fileiras dos guerrilheiros, sem contar a abundância de ex-combatentes das Farc insatisfeitos.
"As Farc já estão se juntando a nós", disse Yerson.