Em um cemitério, um colchonete é encaixado em meio a tumbas e jazigos. Sobre lápides, jovens estendem uma rede de vôlei e, ao lado de um funeral, crianças tomam banho.
Essa é a rotina não de um, mas de diversos cemitérios de Manila, capital das Filipinas, onde cerca de 6.000 pessoas, sem ter onde morar em uma das cidades mais densas do mundo, encontraram entre os mortos um lugar para viver.
Os cemitérios-favela têm hoje escolas, comércio e o próprio sistema de transporte. Seus moradores se ocupam de ofícios diversos, a maior parte associada ao mercado fúnebre. Por mais mórbido que soe, é um estilo de vida.
O fotógrafo paulistano Gustavo Gusmão vivia no país asiático havia pouco mais de três meses quando passou a frequentar essas comunidades. Sua estadia se estendeu por dois anos e o resultado dessa experiência foi o projeto Limbus, ensaio composto de 15 fotografias saturadas que registram o dia a dia da população à margem da sociedade filipina.
“Eu sabia que até eu realmente entender o que é esse modo de vida demoraria um tempo. É uma realidade muito diferente da nossa. Envolve muitas questões, para além da pobreza, da miséria. Envolve um modo de vida. É complexo”, diz o fotógrafo em entrevista ao UOL.
O nome do projeto, Limbus, veio da ideia de ser um lugar à margem da sociedade, resultado do descaso de autoridades e do esquecimento de populações inteiras.