Se a folia acabar na estrada

Trânsito mata mais no Carnaval do que em outros dias; sabe como agir em um acidente?

Rafael Moro Martins Colaboração para o UOL
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O trânsito brasileiro matou 30% mais gente nos feriados de Carnaval de 2014 e 2015 que nos dias úteis e fins de semana comuns dos dois anos, segundo dados do Datasus pesquisados pelo Observatório Nacional de Segurança Viária a pedido do UOL. Trata-se dos dois últimos anos para os quais já há dados disponíveis no sistema que reúne estatísticas de saúde pública de todo o país.

Em 2014, 858 pessoas morreram em acidentes de trânsito nas ruas e estradas brasileiras durante os seis dias de Carnaval --143 mortes diárias, em média. Foram 31% mais mortes que as 109 registradas em dias úteis e fins de semana não prolongados no ano da Copa do Mundo.

No ano seguinte, 2015, acidentes de trânsito mataram 770 pessoas durante o Carnaval, ou 128 pessoas por dia. Essa média foi 27% superior às 101 mortes diárias contabilizadas em dias que não os de feriados prolongados.

Luis Moura/ Estadão Conteúdo Luis Moura/ Estadão Conteúdo

"Via de regra, um acidente de trânsito não é fatalidade nem obra divina, como um maremoto, um terremoto. É uma escolha de quem decidiu andar acima do limite de velocidade, falar ao celular enquanto dirige, desrespeitar a sinalização. É uma responsabilidade de quem o cometeu", afirma o administrador de empresas José Aurelio Ramalho, que há oito anos fundou e preside o Observatório.

"Estamos entre os primeiros colocados mundiais em mortes no trânsito. Não dá para dizer, assim, que somos motoristas bem preparados. Isso não significa que o brasileiro não saiba dirigir, mas que ele não cumpre as regras. É verdade que temos ruas e rodovias em mau estado. Mas, nessa situação, um bom motorista reduz a velocidade, da mesma forma que não anda colado no carro da frente e respeita o pedestre", afirma Carlos Alberto Guglielmi Eid, médico especialista em medicina de tráfego e de emergência, professor da Faculdade de Medicina da USP e da Santa Casa de São Paulo e coordenador do Departamento de Atendimento Pré-Hospitalar da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

"As regras e a sinalização de trânsito existem para proteger a vida. Alguém estudou para determinar qual a velocidade máxima segura em determinado ponto, ou se é ou não possível fazer ultrapassagens. Desrespeitá-las é assumir um risco, para si e os outros, o que é uma covardia", diz Ramalho.

Renato Silvestre / Parceiro / Agência O Globo Renato Silvestre / Parceiro / Agência O Globo

Para prevenir acidentes, as orientações são conhecidas. Faça a manutenção do veículo. Preste atenção à calibragem dos pneus. A pressão incorreta, seja para mais ou menos, aumenta a distância necessária para uma frenagem. Use cinto de segurança, inclusive no banco de trás.

Material preparado pela Volvo, que há 30 ano mantém um programa de prevenção de acidentes de trânsito, informa que 80% das mortes de pessoas que viajavam nos bancos dianteiros poderiam ser evitadas se os passageiros dos bancos traseiros usassem o cinto. Mais: em 60% dos acidentes, o uso do cinto de segurança reduz a gravidade das lesões sofridas pelo motorista.

"Atualmente, nossa grande preocupação é o telefone celular. Ele é mais perigoso que o álcool, já que é muito mais raro encontrar quem, de manhã, já vá beber antes de dirigir. O celular é usado 24 horas por dia. Mas não deve estar à mão de quem está dirigindo. E mesmo os pedestres devem tomar cuidado. A distração causada pelo telefone é a causa de inúmeros atropelamentos", diz Ramalho, do Observatório.

A seguir, o UOL apresenta um guia de como agir em caso de acidente --seja você vítima ou testemunha de um. Também listamos os telefones das concessionárias de rodovias do país, que oferecem serviços de atendimento de emergência, das polícias rodoviárias estaduais e federal e do Samu e do Corpo de Bombeiros, que atendem ocorrências no perímetro urbano.

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O que fazer em caso de acidente?

1. Sinalizar o local

"Como regra geral, há uma sequência de ações a tentar fazer", diz o médico Eid. "A primeira é estacionar o carro com segurança, seja você testemunha ou vítima. Isso quer dizer nunca abandoná-lo no meio da rodovia, a não ser que não haja condições de movê-lo por causa dos danos."

Em outras palavras, isso quer dizer que nunca se deve parar o carro na faixa de rolamento. Em seguida, liga-se o pisca-alerta, que identifica uma situação de urgência e só pode ser usado com o carro parado. O passo seguinte é sinalizar o local com o triângulo de segurança.

"O Denatran diz que se deve colocar triângulo a no mínimo 30 metros do veículo. Mas eu acrescento que a distância depende da velocidade permitida na via. Quanto maior ela for, mais distante deve ficar o triângulo", diz Eid. "O que sugiro é colocá-lo numa distância, em passos, correspondente à velocidade máxima da via. Se são permitidos 80 km/h, coloca-se o triângulo 80 passos antes do acidente. E, se nesse percurso houver uma curva, deve-se contar os passos a partir da entrada dela. Essa distância é necessária para quem irá se deparar com o acidente possa reduzir a velocidade e reposicionar o veículo na pista."

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2. Chamar socorro

Após sinalizar o local, o motorista deve chamar socorro, ligando para a concessionária ou a polícia rodoviária. "Se ele não estiver sozinho, deve pedir a outro adulto ou a um adolescente para já fazer isso, o que agiliza o atendimento", diz o médico.

Ao acionar o socorro, o motorista, o passageiro ou a vítima deve informar o que viu, qual a situação, se o carro está ou não em posição perigosa e, se possível, qual o quilômetro em que houve o acidente. "Saber o telefone das concessionárias e da polícia rodoviária é uma obrigação de quem usa frequentemente uma rodovia", afirma Eid. "Não dá para deixar para buscar isso após um acidente ocorrer."

"Em algumas rodovias, há call boxes (telefones para contato com o serviço de emergência, instalados à beira do acostamento). A vantagem deles é já identificar qual o local do acidente. Mas, em geral, as concessionárias das rodovias conseguem identificar sua posição, pois planejam a circulação de carros de serviço", diz o especialista.

E se o celular estiver sem sinal?

Nesse caso, o motorista ou o acidentado deve pedir ajuda aos veículos que passam --tomando o cuidado de permanecer fora da pista. "Dá pra fazer isso gesticulando ou sacudindo uma peça de roupa. Quem parar irá acionar socorro adiante na estrada. E, mesmo que o motorista não pare, por receio, pode adiante informar a polícia ou a concessionária que viu um acidente", diz.

3. Verificar o estado das vítimas

Só depois de seguir os passos anteriores é que se deve tentar verificar qual o estado das vítimas. "Isso deve ser feito com segurança", diz Eid. "Antes de ir até o carro acidentado, olhe e veja se não há combustível espalhado. Tome especial atenção se o veículo estiver parado no meio da via."

O médico acrescenta: "A regra número um, quando você presta socorro num acidente, é garantir a sua própria segurança. Isso garante que a vítima vai continuar a ser socorrida. Se você se ferir tentando ajudar, quem irá passar informações sobre a situação da vítima, circunstâncias do acidente?"

Após verificar o estado das vítimas, é possível ligar novamente para o serviço de emergência ou a polícia para oferecer informações complementares.

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4. Fogo. O que fazer?

Um acidente que faça um dos veículos pegar fogo é uma exceção. Nesse caso, após estacionar o carro em segurança e ligar o pisca alerta, pode-se usar o extintor de incêndio para frear o fogo por tempo suficiente para retirar quem está no veículo acidentado.

"Não é possível apagar o fogo de um carro com a carga de um mesmo extintor de incêndio. O certo aqui é abrir um caminho entre as chamas para que quem está no carro possa sair", diz o médico.

5. Há gente presa nas ferragens. E agora?

Se o acidente fez com que um dos carros se deformasse o suficiente para prender os passageiros entre as ferragens, não há muito que se possa fazer. "Retirar a ferragem que prende as vítimas requer ferramentas especiais e conhecimento técnico. Num caso desses, o que vale é acionar o quanto antes o serviço de socorro. É por isso que se deve seguir a sequência que explicamos acima", diz o especialista.

E as crianças?

Se o acidente foi leve, foi possível retirar o carro da pista e não há riscos como vazamento de combustível, por exemplo, o melhor é deixá-las dentro do carro. A regra é a mesma se você parou para socorrer um acidente --estacione com segurança e deixe seus filhos no carro.

"Se você bateu, o carro não pode ser retirado da via e seus filhos estão nele, a primeira coisa a fazer é sinalizar. Pegue o triângulo e o segure, gesticulando para que os outros motoristas desviem. Isso é mais seguro que tentar retirar as crianças uma a uma. A orientação também vale se for preciso retirá-las de um carro em situação de risco. Em primeiro lugar, torne o lugar mais seguro", afirma Eid.

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Telefones úteis

Na estrada

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A

AB Colinas
0800 703 5080
AB Nascentes das Gerais
0800 282 0505
AB Triângulo do Sol
0800 701 1609
Autoban
0800 055 5550
Autovias
0800 707 9000

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B

Bahia Norte
0800 600 0093

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C

Caminhos do Paraná
0800 42 1010
Cart
0800 773 0090
CCR MSVia
0800 648 0163
Centrovias
0800 17 8998
CLN
0800 071 3233
Concebra
0800 060 6000
Concepa
0800 647 2000
Concer
0800 282 0040
CRT
0800-0210278

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E

Eco101
0800 770 1101
Ecocataratas
0800 45 0277
Econorte
0800 400 1551
Ecopistas
0800 777 0070
Ecoponte
0800 777 6683
Ecosul
0800 724 1066
Ecovia
0800 41 0277
Ecovias
0800 19 7878

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F

Fernão Dias
0800 283 0381
Fluminense
0800 2820 101

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I

Intervias
0800 0707 1414

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L

Lamsa
0800 024 2355
Litoral Sul
0800 725 1771

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M

MGO Rodovias
0800 940 0700

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N

Nova Dutra
0800 017 3536

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P

Planalto Sul
0800 642 0116

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R

Régis Bittencourt
0800 709 0116
Renovias
0800 055 9696
Rodoanel Oeste
0800 773 6699
Rodonorte
0800 42 1500
Rodosol
0800 979 0060
Rodovia do Aço
0800 285 3393
Rodovias do Tietê
0800 770 33 22
Rota 116
0800 282 0116
Rota das Bandeiras
0800 770 8070
Rota do Atlântico
0800 031 0009
Rota do Oeste
0800 065 0163
Rota dos Coqueiros
0800 281 0281

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S

SPmar
0800 774 8877
SPVias
0800 703 5030

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T

Tamoios
0800 545 0000
Tebe
0800 55 1167
Transbrasiliana
0800 723 0153

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V

Via 040
0800 040 0040
ViaBahia
0800 600 0324
ViaLagos
0800 702 0124
ViaNorte
0800 701 3070
ViaOeste
0800 701 5555
Viapar
0800 601 6001
ViaRio
0800 084 2746
Via Rondon
0800 729 9300

Luis Moura/Estadão Conteúdo Luis Moura/Estadão Conteúdo

Polícia Rodoviária Federal

Bahia:
(71) 2101 2201
Espírito Santo:
(27) 3212 6900
Minas Gerais:
(31) 3064 5300
Paraná:
(41) 3535 1910
Pernambuco:
(81) 3201 0700
Rio de Janeiro:
(21) 3503 9000
Rio Grande do Sul:
(51) 3375 9700
Santa Catarina:
(48) 3251 3200
São Paulo:
(11) 2795 2300

Divulgação/Ecovias Divulgação/Ecovias

Polícia Rodoviária Estadual

Bahia:
(71) 3117 8317
Espírito Santo:
(27) 3222 8800
Minas Gerais:
(31) 2123 1903
Paraná:
(41) 3273 6622
Pernambuco:
(81) 3181 3620
Rio de Janeiro:
(21) 3601 7010
Rio Grande do Sul:
(51) 3339 6799
Santa Catarina:
(48) 3271 2300
São Paulo:
(11) 3327 2727

Na cidade

Comunicação Social/9º BPM/Divulgação Comunicação Social/9º BPM/Divulgação

Samu

192

José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Siate/Bombeiros

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