É impressionante pensar que 15 animais são atropelados por segundo no Brasil. Ou 1,3 milhão por dia. A imensa maioria, cerca de 430 milhões, são pequenos vertebrados, como sapos, cobras e aves.
Amassados pelas rodas, acabam confundidos com o asfalto para quem passa em alta velocidade. Urubus e carcarás, quando não são também atingidos por algum carro ou caminhão, fazem o serviço de levá-los embora da pista.
Outras 43 milhões de vítimas são animais de médio porte, como gambás, lebres e macacos. A menor parte, correspondente a dois milhões de mortes, é composta por animais de grande porte, como capivaras, tamanduás, veados e onças. Muitos deles são ameaçados de extinção.
As estimativas foram feitas pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da UFLA (Universidade Federal de Lavras), com base em 14 estudos científicos que abarcam todas as regiões do país.
Não há dados oficiais sobre atropelamentos, embora o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) referende o número estimado pelo CBEE.
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção da malha rodoviária brasileira, diz que a quantidade de animais atropelados varia muito de acordo com o bioma e as características geográficas das diferentes regiões do país. Por isso, de acordo com o órgão, seria difícil estimar a quantidade de atropelamentos "com precisão científica minimamente razoável".
Os dados sobre acidentes de trânsito não são menos gritantes. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, em 2017 ocorreram 2,6 mil acidentes em rodovias federais envolvendo a presença de animais na pista, sendo 434 graves, com 103 mortes. Não entram na conta acidentes em rodovias estaduais e em estradas de terra. O estudo do CBEE estima um total de 300 mortes por ano em todos os tipos de rodovia.
Apesar de representarem apenas 2,2% dos acidentes de trânsito em geral e 1,3% dos acidentes com mortes nas estradas federais (a lista é liderada por falta de atenção e alta velocidade), as colisões e capotamentos envolvendo bichos superam os relacionados a defeitos nas vias, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).