O grupo que vive na praça não tem liderança ou qualquer tipo de organização interna. Sempre que encosta algum carro com doações de alimento, o local se transforma em um cenário de desespero, com uma grande correria, filas e tumultos.
É fácil saber quando chega algum grupo de distribuição de comida: todos correm na tentativa de chegar primeiro e garantir a refeição.
Mas o esforço é em vão. Em meio ao caos, as marmitas desaparecem em poucos minutos. Os que ficam sem, brigam e alguns se desesperam.
Nós trazemos 300 marmitas no começo da noite, quando a praça está mais cheia. Este número é distante do necessário para alimentar a todos"
Manuel Honório Vieira, funcionário público
Manuel Honório Vieira, 53, a família e mais um grupo de amigos arrecadam comida e dinheiro para preparar as marmitas distribuídas uma vez por semana, às sextas-feiras.
Seu grupo vai em dois carros com as marmitas colocadas em isopor. Toda a comida desaparece em questão de minutos, e muitos ficam na fila sem acreditar que perderam mais uma oportunidade de se alimentar. Alguns se revoltam, outros deixam o local em silêncio, e esperarão pela próxima oportunidade de comer.
"Saímos da Venezuela para entrar na Venezuela outra vez. O que acontece na praça hoje é a maior representação do que deixamos para trás: caos, desordem, fome, sujeira. Mas chegamos aqui e precisamos cortar o cordão umbilical", define Jonmar Díaz, de 34 anos.