Planejamento urbano

Práticas ideais de moradia social para elevar a qualidade de vida nas grandes cidades

oferecido por Selo Publieditorial

"O urbanismo contemporâneo deve conectar as pessoas, não as separar", declarou Zaha Hadid (1950-2016) quando esteve no Brasil, em 2012. A frase da celebrada arquiteta iraquiana vencedora do Pritzker, prêmio máximo da arquitetura, em 2004 resume o movimento que vem ganhando destaque nas últimas décadas quando o assunto é planejamento urbano e define a reinvenção de cidades existentes e a construção de novos bairros e comunidades ao redor do mundo.

O conceito de novo urbanismo, surgido nos Estados Unidos na década de 1980, defende a ocupação do solo urbano com atividades de uso misto diversificado, privilegiando a circulação de pedestres, a integração com o entorno e o investimento em novos meios de transporte em prol da mobilidade.

Esse movimento, que tem como objetivo resgatar a qualidade de vida e melhorar o relacionamento entre o homem e a cidade, gerando um desenvolvimento sustentável de longo prazo, resultou em projetos que se tornaram referência, como o Seaside, em Santa Rosa Beach, na Flórida (EUA), inaugurado em 1982.

A ideia dos arquitetos Andrés Duany e Elizabeth Plater-Zyberk era criar uma comunidade com o objetivo de resgatar o estilo de vida e recuperar o tipo de construção tradicional americana. O modelo inspirou outros projetos que vieram a seguir, como o New Town, em Longmont, no Colorado, e o Celebration, próximo ao aeroporto de Orlando.

A chamada “volta das cidades para pessoas” inclui, ainda, a destinação de parcelas de um empreendimento para habitação de interesse social, ou zoneamento inclusivo. “Ele já existe e começaremos a sentir os benefícios em breve”, opina o arquiteto e urbanista Renato Conde, diretor-gerente da Conde Design Urbano, empresa de design urbano interdisciplinar com projetos em vários países.

Vizinhança viva

A variedade, em termos sociais e culturais, de moradores e trabalhadores de uma vizinhança como caminho para a qualidade de vida também é defendida pelo arquiteto Vinicius Marques, sócio do escritório mnbr, de São Paulo. “A implantação de um mix dos tipos de habitação, espalhadas pela cidade em todos os bairros, deveria fazer parte do planejamento urbano para termos cidades mais integradas, democráticas e sem bairros segregados”, avalia.

Para Marques, ocupar edifícios em regiões centrais onde a cidade já possui infraestrutura estabelecida para atendimento da população também é uma forma de dar lugar à habitação social. “Isso gera menos tempo em deslocamentos, diminuição do trânsito, menos poluição (do ar e sonora), mais tempo para assuntos pessoais e família.”

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Além de ser uma estratégia comprovada para enfrentar a escassez de habitação a preços acessíveis, o zoneamento inclusivo deveria ser visto como parte de uma abordagem para garantir comunidades com mix de renda, com potencial para criar comunidades social e economicamente integradas, segundo Renato Conde.

“O importante é que esta vizinhança seja completa, e por isso viva, permitindo que uma pessoa ou família possa ter seus interesses e necessidades supridos dentro de uma vizinhança ao longo dos anos, e quem sabe da vida, aumentando o senso de pertencimento e, portanto, a identificação com o bairro e assim a preservação dos valores comuns”, afirma.

Nova York integrada

Um exemplo recente, cita Conde, é o Tapestry, primeiro empreendimento habitacional inclusivo no Harlem, ao norte de Nova York. Projetado por Pei Cobb Freed & Partners e MHG Architects, ele está perto de lojas, restaurantes, entretenimento e espaços verdes, e nas proximidades de linhas de metrô, ônibus e trem. O empreendimento inclui a responsabilidade ambiental como item importante no design.

Já o Palmer’s Dock e o Edge Community Apartments são o componente de habitação acessível dos empreendimentos maiores de Northside Piers and Edge ao longo da orla no Brooklyn, também em Nova York. “Ambos os projetos, localizados dentro da área designada para habitação inclusiva do Greenpoint-Williamsburg, tiveram bônus de densidade recebida e abatimentos fiscais da cidade em troca por fornecer habitação acessível”, diz. “A habitação de interesse social é de interesse de toda a sociedade, e não somente de quem vai morar ali.”

Telhados verdes

Além de criar espaços de convivência em parques e jardins públicos, o paisagismo também pode ser uma importante fonte de soluções para futuras moradas de forma geral. Segundo a paisagista Chris Pierro, de São Paulo, ele contribui com técnicas eficazes que geram o aumento na qualidade de vida nos grandes centros.

Ela cita como exemplo construções que incorporam nos seus projetos o telhado verde, técnica adotada no Japão e em muitas cidades da Europa. “Entre os benefícios, além da manutenção térmica interna e da diminuição da temperatura externa, reduzindo o consumo de energia, eles contribuem para o aumento da umidade do ar e promovem o isolamento acústico, ajudam na absorção da água das chuvas e atraem pássaros e outros animais.”

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