O perigo do HPV
Cresceu desde a última década a ocorrência da doença em pessoas de 30 a 40 anos. Nessa faixa etária, o vilão costuma ser o vírus do papiloma humano, o HPV, que acelera a velocidade de desenvolvimento de tumores. De acordo com o oncologista clínico Hézio Jadir Fernandes Junior, o vírus já responde por cerca de 10% dos casos de câncer de cabeça e pescoço.
Existem cerca de 120 tipos de vírus HPV, sendo os subtipos 16 e 18 os principais causadores de tumores de cabeça e pescoço. "O subtipo 16 é observado em 70% a 90% dos cânceres de orofaringe e 30% dos de cavidade oral", aponta Antunes.
A infecção pelo HPV se dá principalmente em jovens e adolescentes através de relações sexuais. Segundo Antunes (leia mais abaixo), a vacina exerce um importante papel na prevenção de tumores. "Alguns estudos clínicos já demonstram redução significativa nos casos de câncer do colo do útero com a imunização", diz. Ainda não existem registros do impacto da vacina nos tumorais orais, mas espera-se uma redução.
Um dos empecilhos no combate ao câncer de cabeça e pescoço entre jovens é a falta de informação. "A camisinha deve ser usada também durante o sexo oral, e não apenas na penetração", afirma Fernandes Junior. “É necessário ampliar as campanhas voltadas para esse problema de saúde pública. O sexo ainda é um tabu. Por isso, é essencial esclarecer a importância dos métodos de barreira, como a camisinha, e as formas de contaminação do HPV”, afirma Fernandes Junior.
Além de facilitar a propagação da enfermidade, a falta de conhecimento atrapalha a sua detecção. O diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço ainda é tardio, segundo o médico. "As pessoas não têm o hábito de olhar o interior da boca frente ao espelho e poucas têm acesso a dentistas", diz.