Metade dos jovens tem HPV

Vírus corresponde a 10% dos casos de câncer de cabeça e pescoço

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Os cânceres de cabeça e pescoço representam cerca de 4% de todos os casos oncológicos, segundo o Nacional Cancer  Institute, dos Estados Unidos. Para alertar a população sobre os fatores de risco e medidas de diagnóstico precoce da enfermidade, nasceu o movimento Julho Verde, ligado ao mês em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, que é 27 de julho.

Esses tumores malignos são classificados de acordo com a área acometida: boca, faringe (do nariz à garganta), laringe, seios da face e glândulas salivares. O mais comum é o da boca, que afeta lábios e cavidade oral, reunindo gengivas, bochechas, céu da boca, língua e assoalho (abaixo da língua). O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que somente tumores malignos de boca afetem quase 15 mil brasileiros por ano, sendo três vezes mais comum em homens do que em mulheres, chegando a 6 mil mortes por ano.

Homens com mais de 50 anos, tabagistas e consumidores de álcool têm risco elevado de desenvolver tumores na região. "Tabaco e bebidas alcoólicas são responsáveis por cerca de 80% de todos os cânceres de cabeça e pescoço, e têm um efeito multiplicador quando combinados", afirma Ricardo Antunes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia e coordenador do Núcleo de Cirurgia Oncológica do Leforte Oncologia, em São Paulo. 

De acordo com Antunes, pessoas que fumam um maço de cigarros por dia, ao longo de vinte anos, têm de cinco a dez vezes mais risco de desenvolver esse câncer. Já a bebida aumenta a probabilidade em sessenta a oitenta vezes, pois o álcool é um solvente que facilita a penetração de agentes cancerígenos na mucosa. Outros agravantes são baixa higiene oral e maus hábitos alimentares, que atingem principalmente pessoas de baixa renda.

O perigo do HPV

Cresceu desde a última década a ocorrência da doença em pessoas de 30 a 40 anos. Nessa faixa etária, o vilão costuma ser o vírus do papiloma humano, o HPV, que acelera a velocidade de desenvolvimento de tumores. De acordo com o oncologista clínico Hézio Jadir Fernandes Junior, o vírus já responde por cerca de 10% dos casos de câncer de cabeça e pescoço.

Existem cerca de 120 tipos de vírus HPV, sendo os subtipos 16 e 18 os principais causadores de tumores de cabeça e pescoço. "O subtipo 16 é observado em 70% a 90% dos cânceres de orofaringe e 30% dos de cavidade oral", aponta Antunes.

A infecção pelo HPV se dá principalmente em jovens e adolescentes através de relações sexuais. Segundo Antunes (leia mais abaixo), a vacina exerce um importante papel na prevenção de tumores. "Alguns estudos clínicos já demonstram redução significativa nos casos de câncer do colo do útero com a imunização", diz. Ainda não existem registros do impacto da vacina nos tumorais orais, mas espera-se uma redução.

Um dos empecilhos no combate ao câncer de cabeça e pescoço entre jovens é a falta de informação. "A camisinha deve ser usada também durante o sexo oral, e não apenas na penetração", afirma Fernandes Junior. “É necessário ampliar as campanhas voltadas para esse problema de saúde pública. O sexo ainda é um tabu. Por isso, é essencial esclarecer a importância dos métodos de barreira, como a camisinha, e as formas de contaminação do HPV”, afirma Fernandes Junior.

Além de facilitar a propagação da enfermidade, a falta de conhecimento atrapalha a sua detecção. O diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço ainda é tardio, segundo o médico. "As pessoas não têm o hábito de olhar o interior da boca frente ao espelho e poucas têm acesso a dentistas", diz.

Avanços no tratamento

Tanto em jovens quanto em adultos, o tratamento do câncer de cabeça e pescoço é o mesmo, e depende da localização do tumor e do estágio em que ele se encontra. Em casos iniciais, a recomendação é cirurgia ou radioterapia. Com o avanço da doença, a quimioterapia ou a combinação de outras técnicas também são indicadas. De acordo com Antunes, a operação deixou de ter caráter mutilador. Com a evolução da medicina e o refinamento dos métodos de reconstrução, é possível retirar tumores sem deixar sequelas significativas para a pessoa.

As terapias medicamentosas para câncer de cabeça e pescoço têm ganhado aliados como anticorpos monoclonais, drogas-alvo e imunoterápicos, a exemplo de outros tumores.

No caso da radioterapia, o aparelho Elekta Infinity, um dos mais modernos do país e adquirido no início do ano pelo Leforte Oncologia. O aparelho reduz o tempo de sessão em até 80%, diminuindo o período de tratamento e seus efeitos colaterais. Um dos principais diferenciais da máquina é seu sistema de tomografia computadorizada, que permite a visualização de imagens em 4D e a máxima precisão das lesões tumorais a serem tratadas, pois os feixes eletromagnéticos atingem somente o tumor, preservando os tecidos sadios.

O resultado prático é maior proteção de tecidos saudáveis, diminuindo a inflamação de mucosas e efeitos tardios como boca seca, aumento de cáries dentárias, perda de dentes e alteração de paladar. "Com tratamentos modernos, o paciente poderá ter um excelente controle da doença e maior qualidade de vida no seu dia a dia", diz o radioterapeuta Daniel Grabartz, responsável pelo serviço de radioterapia do Hospital Leforte.

Além de médicos-cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologista clínico e radioterapeuta, participam dos cuidados dentistas, nutricionistas e fisioterapeutas. Psicólogos podem oferecem suporte ao paciente e a seus familiares.

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Prevenção como aliada

A maioria dos casos está relacionada a fatores ambientais, não genéticos, e por isso é evitável. "Os alertas nos maços de cigarro alertam sobre os malefícios do tabagismo, porém são muitas vezes ignorados pelos consumidores. Por isso, é tão importante ampliar políticas públicas para informar e ajudar a prevenir a doença", aponta Fernandes Junior.

Entre as medidas de prevenção estão não fumar, beber álcool com moderação, seguir uma dieta equilibrada e ter boa higiene oral. "Tenha o hábito de ir ao dentista e de olhar a boca. Se encontrar alguma lesão, procure orientação médica", recomenda Fernandes Junior. O uso de barreiras durante a prática de sexo oral, como a camisinha, e a vacinação contra HPV na pré-adolescência protegem contra a enfermidade.

"A educação e a informação são as melhores maneiras de evitar novos casos. A incidência da doença tende a diminuir somente quando são utilizadas medidas de prevenção, e a diminuição da mortalidade depende da detecção precoce", diz.

Proteja-se do HPV

Mais da metade dos jovens brasileiros tem vírus associado ao câncer. Vacinação atinge 50% do público-alvo

Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em 2017 revelou que mais da metade dos jovens brasileiros está contaminada pelo HPV. Sigla em inglês para vírus do papiloma humano, esse agente infeccioso afeta a pele e as mucosas. Dos mais de 120 tipos de HPV, pelo menos treze são considerados oncogênicos e podem provocar infecções e lesões. A maioria dos casos é assintomática e transitória, isto é, regride espontaneamente.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, estima-se que cerca de 5% das pessoas atingidas manifestarão algum sintoma ou sinal, que podem ser visíveis como verrugas na região da boca, ânus, genital e uretra, ou não. A principal forma de contágio é por via sexual. A contaminação pode ocorrer apenas pelo contato da pele, sem penetração vaginal ou anal.

No Brasil, o Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente, que protege contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, causadores de verrugas) e de alto risco (tipos 16 e 18, associados ao câncer). O imunizante é indicado para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que receberão duas doses com intervalo de seis meses. Cinco anos depois do início da campanha, no entanto, a cobertura não chega a 50% do público-alvo.

Com unidades especializadas em Higienópolis e Alphaville, unidades hospitalares na Liberdade, Morumbi e Santo André, o Leforte Oncologia é considerado um dos principais centros de tratamento e diagnóstico de câncer do País.

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