À prova de cáries

Saiba como proteger os dentes dos seus filhos desde a primeira infância

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Mais da metade (53%) dos brasileiros de até 5 anos já tiveram cárie, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, de 2010. Preservar a integridade dos dentes de leite tem enorme impacto na saúde. Esses dentinhos temporários estão associados ao desenvolvimento da mastigação, fala, deglutição, respiração e estética. "Sua perda precoce pode causar má oclusão, pois eles são responsáveis por ‘guardar o espaço’ para os sucessores permanentes", diz Cássia Cilene Dezan Garbelini, professora da Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Pais e responsáveis devem cuidar da limpeza dos dentes dos pequenos de até 3 anos, aproximadamente. "Depois disso, é preciso supervisionar a criança até ela realmente dar conta de fazer a escovação sozinha, por volta dos 7 anos", afirma Helenice Biancalana, odontopediatra da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD).

Com paciência e jogo de cintura, é possível transformar a limpeza em um momento divertido do dia. Cantar músicas e usar escovas de dente coloridas ajuda a entreter e motivar os pimpolhos. E não basta falar: é preciso dar o exemplo. "Diversos estudos têm mostrado a associação entre os hábitos de higiene bucal de pais e filhos", aponta Jenny Abanto, professora de odontopediatria da Fundação Faculdade de Odontologia (Fundecto).

Primeiras visitas ao dentista

A higiene bucal do bebê começa a partir do seu nascimento. Por isso, o ideal é que os pais procurem um dentista assim que possível. No mais tardar, a primeira consulta deve ocorrer quando os dentinhos aparecerem, por volta dos seis meses de idade.

Em vez de levar o filho ao seu próprio dentista, recomenda-se que os pais procurem um odontopediatra. “Esses profissionais contam com uma série de artifícios para evitar que os pacientes tenham medo”, afirma Raquel Assed Bezerra Segato, professora de odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP).

Uma das principais técnicas é conhecida como falar, mostrar, fazer. “Explicamos na linguagem infantil o que será feito, mostramos o equipamento utilizado e, por fim, começamos o tratamento”, diz Raquel. A agulha, por motivo óbvio, é o único material que fica longe da vista dos pequenos. Controle do tom de voz, música, desenhos e decoração lúdica são outros elementos para distrair e acalmar os pacientes.

Assim como adultos, crianças devem visitar o consultório a cada seis meses. Nesse intervalo, é possível detectar qualquer início de cárie e combatê-la sem restauração. Outra vantagem de iniciar os cuidados cedo é que a criança se acostuma com o ambiente e os procedimentos odontológicos. Se a primeira consulta demorar, o paciente pode chegar já com cáries e precisar passar por anestesia, obturação, canal ou até mesmo extração de dente. Melhor evitar o trauma.

Escova, pasta e fio dental: saiba quando usar

Nos primeiros meses de vida, a higiene bucal do bebê tem caráter educativo. A recomendação dos odontopediatras é que os pais limpem a língua e a gengiva do nenê com a ponta da fralda ou gaze enrolada no dedo indicador e embebida com água filtrada ou fervida, uma vez ao dia.

Prepare-se: seu filho não vai gostar. "A cavidade bucal é órgão da criança para explorar o mundo", diz Raquel Assed Bezerra Segato. "O nenê se sentirá invadido quando um adulto colocar o dedo na sua boca."

A ideia é que o bebê se acostume com a "invasão" até nascerem os primeiros dentinhos. Esse será o momento de introduzir a escova de dente. O modelo deve ter cabeça pequena e cerdas ultramacias e arredondadas. Uma opção intermediária entre a gaze e a escova é a dedeira com cerdas, até seu filho se habituar ao esfrega-esfrega.

Junto com a escova, os pais podem iniciar o uso de creme dental. "A literatura médica hoje preconiza utilizar pasta com pelo menos 1000 ppm (partes por milhão) de flúor, a mesma dos adultos", afirma Amélia Cristina Mamede, diretora de prevenção e promoção de saúde da Associação Brasileira de Odontopediatria (ABO). O que muda, na infância, é a quantidade: o equivalente a um grão de arroz. O volume aumenta para o tamanho de um grão de ervilha quando a criança aprender a cuspir o dentifrício.

Já o fio dental começa a ser usado quando dois ou mais dentes estiverem coladinhos. Assim como os adultos, a higiene bucal infantil deve ser feita três vezes ao dia: após as principais refeições e antes de dormir.

Quatro dúvidas comuns dos pais

  • Mamadeira aumenta o risco de cárie?

    Não só aumenta como existe um nome para isso: cárie de mamadeira. A principal causa é alimentar o bebê de madrugada e não limpar seus dentinhos em seguida (difícil, convenhamos). Durante o sono, o organismo diminui a produção de saliva, importante na limpeza dos dentes e no combate às bactérias. "Além disso, o tempo que uma criança demora a ingerir 150 ml de leite com achocolatado na mamadeira é mais do que o dobro do que ela levaria num copo. A maior exposição do dente ao açúcar eleva o risco de cárie", afirma Luciana Inagaki, professora da Bebê Clínica. A sugestão dos odontopediatras é, assim que possível, alimentar a criança no máximo até as 22h, e higienizar sua boca na sequência.

  • Chupar chupeta pode entortar os dentes?

    Sim. E chupar dedo também. "A sucção digital e o uso prolongado da chupeta e mamadeira podem deformar a arcada dentária e comprometer a mastigação, fonação, respiração e estética", aponta Leila Maria Cesário Pereira Pinto, professora da Bebê Clínica. "Se for realmente necessário o uso de chupeta, a sugestão é sempre optar por uma marca de qualidade, aprovada pelos órgãos competentes de fiscalização", diz Helenice Biancalana.

  • Respirar pela boca compromete a dentição?

    "A respiração bucal pode alterar a direção do crescimento da mandíbula e a altura facial, e causar má oclusões", afirma Jenny Abanto. Ela também pode modificar as funções normais da mastigação e da deglutição. Não é só. Crianças que não respiram pelo nariz estão mais propensas à cárie, por terem menor produção de saliva.

  • Como guardar o dente de leite?

    Eis uma pergunta nova nos consultórios. "As células-tronco do dente de leite podem ser convertidas em células de quase todos os tecidos do corpo: pele, músculo, osso e até órgãos", diz Amélia Cristina Mamede. Empresas especializadas armazenam o dente de leite por meio de uma técnica de congelamento chamada criopreservação. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, ainda não liberou seu uso para tratamentos no Brasil.

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Xô, mau hálito!

As principais causas da halitose originam-se na boca, especialmente na língua. Quando a higiene bucal é incompleta, a língua acumula a chamada saburra, uma massa esbranquiçada formada por resíduos alimentares, células descamadas, bactérias e pela própria saliva. Clique aqui para saber mais sobre o bafo. Quer saber mais sobre saúde bucal? Clique aqui.

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