AP Scarlett Johansson
Em 2011, a atriz teve fotos íntimas roubadas e disponibilizadas na internet. Nas imagens, que ela tirou para enviar para seu então marido, o ator Ryan Reynolds, ela aparece nua no banheiro.
Conteúdo de Marca
patrocínio 
Há duas semanas, uma jovem italiana de 31 anos suicidou-se após lutar por meses para que um vídeo em que aparece fazendo sexo fosse removido da internet. Mais de um milhão de pessoas assistiram às cenas. As frases ditas pela garota na gravação viraram piadas nas redes sociais e até estampas de camisetas e canecas.
A história da italiana Tiziana Cantone passa a fazer parte do número cada vez maior de vítimas do chamado "porn revenge" (vingança pornô, em português), que consiste em divulgar na web e em celulares fotos e vídeos expondo a intimidade de uma pessoa sem o seu consentimento.
No Brasil, o número de vítimas de vazamento desse tipo de vídeo (além dos nudes/selfies) quadruplicou em dois anos, de acordo com SaferNet, organização de defesa de direitos humanos na web. Os dados mais recentes mostram que, em 2014, 224 pessoas procuraram a organização para denunciar crimes sobre o tema. Do total de vítimas, 81% são mulheres. A cada quatro, uma delas é menor de idade.
AgNews O interesse por esse tipo de conteúdo é tanto que muitas divulgações vão além de uma "vingança" cometida por alguém próximo da vítima ou por hackers com o propósito de difamar a pessoa. Em alguns casos, os criminosos invadem o computador, acessam as fotos e passam a chantagear o dono das imagens em troca de dinheiro.
Uma das mais emblemáticas histórias foi a da atriz Carolina Dieckmann, que teve 36 imagens íntimas publicadas na internet em maio de 2012. A atriz estava recebendo ameaças de extorsão para que pagasse R$ 10 mil para não ter as fotos publicadas.
Em vez disso, Carolina foi até a delegacia e fez uma queixa. Após as investigações, os policiais chegaram a um grupo de hackers que invadiram o computador da atriz. O caso, inclusive, serviu de "empurrão" para que o Brasil criasse uma lei mais específica para punir os crimes de roubos de dados pela internet, a Lei 12.737/2012, apelidada de "Lei Carolina Dieckmann".
ShutterStock Algumas pessoas devem pensar que, para ficar em segurança, basta não fazer fotos íntimas. No entanto, o que muitos não sabem é que não são apenas essas fotos que atraem os ladrões. "Há uma variedade imensa de técnicas que procuram se apropriar de fotos com os mais variados propósitos, desde exploração de imagens infantis ao uso de fotos para confecção de documentos falsos", explica Sergio Ricardo Master Penedo, especialista em segurança do IBTA (Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada. Veja abaixo alguns casos de fotos comuns roubadas.
A australiana Megan Ireland, de 24 anos, tomou um tremendo susto ao ver que a foto que postou de sua barriga quando estava grávida de gêmeos estava sendo usada como "isca" para que outras mulheres publicassem imagens semelhantes em um perfil falso no Facebook. A imagem foi usada como parte de uma tentativa de atrair fotos de outras mulheres grávidas para serem publicadas em um site de fetiche.
Em 2015, um americano foi acusado de sequestro digital depois de roubar as fotos de uma garota de 4 anos do Texas e publicar como se fosse sua própria filha. A mãe da criança ficou sabendo do caso após amigos enviarem cópias da imagem do perfil do "sequestrador" e pediu para que dezenas de amigos denunciassem a página para que ela fosse tirada do ar.
O pintor e fotógrafo Richard Prince decidiu fazer uma exposição com imagens de Instagram de outras pessoas sem o consentimento delas, alegando ser "arte". E ainda supostamente vendeu os retratos por mais de US$ 100 mil cada. Uma das vítimas descobriu o que o artista fez e decidiu vender sua foto exposta por US$ 90. O dinheiro foi doado para instituições de caridade.
Shutterstock Pode parecer óbvio demais, mas a primeira dica é evitar produzir fotos de si em situações íntimas. Embora apenas os casos de pessoas famosas ganham destaque na mídia, o número de anônimos com fotos divulgadas também é grande. Se decidir mandar, tente não fotografar partes do corpo facilmente reconhecíveis, como rosto ou alguma tatuagem.
Perca alguns minutos para ajustar as configurações de privacidade de seu computador e das redes sociais. No Facebook, por exemplo, compartilhe imagens pessoais apenas com amigos mais próximos. Veja como fazer aqui. No celular, procure programas que ofereçam senhas extras para armazenar as fotos, como o Tire a Mão.
Para evitar a invasão de seu computador por hackers, mantenha as ferramentas de segurança, como antivírus, sempre atualizada e evite clicar em links desconhecidos. Há uma série de ferramentas que utilizam a criptografia, uma espécie de embaralhamento dos dados digitais, que só podem ser vistos por quem tiver uma senha para reorganizá-los no formato original, para proteger seus arquivos de bisbilhoteiros e gente com más intenções.
Evite levar seu computador, celular ou tablet para conserto em empresas que não são reconhecidas no mercado, que foram indicadas "pelo amigo do amigo do amigo". Dê preferência a empresas especializadas que respeitem a confidencialidade da informação assinando, inclusive, um termo de responsabilidade junto ao usuário.
É difícil saber quão segura é a rede sem fio oferecida em locais públicos. Por isso, uma dica é usar o 3G do celular também no computador.
De acordo com o advogado e especialista em direito digital, Luis Gustavo Paiva Leão, o primeiro passo para tentar remover o conteúdo da internet é entrar em contato com os sites e provedores que estão veiculando a imagem ou vídeo.
"O pedido pode ser feito nas páginas de denúncia dos sites ou por meio de um advogado, que passará a notificação para a empresa que está divulgando o material", explica o advogado. No Facebook, por exemplo, é preciso acessar a página específica (aqui) e escolher o tipo de denúncia: foto que viola sua privacidade, direito autoral, conta invadida por hacker etc.
Manter as provas também é fundamental. Segundo a SaferNet, o ideal é imprimir e salvar todo o conteúdo ofensivo. No caso de e-mails, não esqueça de manter o cabeçalho. A organização indica, inclusive, que as imagens sejam arquivadas em algum tipo de mídia protegida contra gravação, como CDs e DVDs.
Também é possível procurar uma delegacia especializada em crimes digitais e entrar com uma ação judicial para que os dados das pessoas responsáveis pela divulgação sejam identificadas. "Em média, as imagens podem ser tiradas em uma semana", diz Leão. A lei prevê multas e detenção de até um ano para os condenados.
AP Em 2011, a atriz teve fotos íntimas roubadas e disponibilizadas na internet. Nas imagens, que ela tirou para enviar para seu então marido, o ator Ryan Reynolds, ela aparece nua no banheiro.
Pascal Le Segretain/Getty Images "Não é um escândalo. É um crime, uma violação", disse a estrela das franquias "Jogos Vorazes" e "X-Men" sobre o vazamento de suas fotos íntimas em 2014.
Jordan Strauss/Invision/AP A atriz teve sua conta do iCloud hackeada e suas fotos divulgadas na web. Ironicamente, ela agradeceu à Apple, empresa responsável pelo iCloud, pelo vazamento das imagens.
Kevin Winter/Getty Images Poucos dias após ter sido espancada por Chris Brown, a cantora teve uma série de imagens divulgadas na web. Especula-se que ele teria sido o autor do vazamento, algo que ele nega.
Marcello Sa Barretto/AgNews Aos 84 anos, o ator teve fotos íntimas vazadas nas redes sociais em setembro de 2015. Nas imagens, ele e a mulher aparecem nus em frente a um espelho.
Manuela Scarpa/Photo Rio News O ator brasileiro ficou indignado quando suas fotos foram divulgadas na internet. Rosa disse que o ato foi "um crime contra a sua privacidade e de sua mulher".
