Infância sem risco

Saiba como proteger as crianças dos criminosos digitais

patrocínio Selo Publieditorial
Shutterstock

Para especialistas, muitos pais ainda não estão preparados para identificar que, assim como na rua, a vida na rede tem perigos. O despreparo deve-se, sobretudo, à falta de familiaridade com os meios digitais, uma vez que, diferentemente das crianças, eles não nasceram na era digital. Veja a seguir como garantir a segurança de seus filhos na web.

Há tempos, os carrinhos e bonecas deixaram de figurar no topo da lista dos brinquedos favoritos dos irmãos Hélio, 13 anos, e Sofia, de 5. Agora, os passatempos mais divertidos estão no tablet e no computador das crianças.

Enquanto Hélio assiste a vídeos, joga e conversa com amigos nas redes sociais, Sofia se diverte com aplicativos e desenhos animados. "Preciso ficar de olho para não ultrapassarem a cota diária. Se eu deixar, é capaz de passarem o dia todo conectados", diz a mãe, Ângela Mendes.

A dupla de irmãos não está sozinha. De acordo com os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 11 milhões de crianças entre 10 e 14 anos acessavam a internet em 2014. Dados do Ibope mostram mais de 23 milhões em 2015.

Muitos pais não se dão conta de que essas horas diárias de diversão no mundo virtual, se não monitoradas, podem trazer perigos tão concretos quantos os do mundo "real". Em uma pesquisa feita pelo Cetic.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) com 2.015 crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos, 9% dos entrevistados disseram que já receberam pedidos de foto de partes íntimas ou conversas de conteúdo sexual pela internet. Entre os jovens de 14 a 17 anos, o número é de 14%.

Quando o assunto é redes sociais, a maioria dos entrevistados (64%) disse que tem o perfil aberto ou parcialmente aberto nas redes sociais ? o que significa que qualquer um pode ver suas atualizações, facilitando, inclusive, a aproximação de estranhos. Além disso, 30% colocaram o telefone, 17% o endereço e 46% a escola onde estudam. Dois em cada 10 disseram que conversam com estranhos pela internet.

"A internet mudou o mundo e isso é fantástico: as crianças podem aprender, se divertir e entrar em contato com pessoas com os mesmos interesses", diz Ernie Allen, especialista no combate a crimes infantis em uma entrevista à BBC. "O lado negativo é a enorme exposição de menores de idade a imagens de conteúdo adulto, bullying, à pornografia, além da proliferação de crimes como roubo de identidade, uso inapropriado de dados pessoais, tráfico de armas, venda de drogas e redes de pedofilia", completa.

Novas preocupações

"Saber reconhecer os perigos e as ameaças digitais é algo novo para os pais. O fato de que as pessoas, em geral, sentem-se mais seguras e protegidas do que realmente estão na vida digital traz problemas novos ao dia a dia e ao processo de educação dos filhos, que são nascidos na era digital", diz Fernando Neves, especialista em segurança digital.

Veja só outros dados da pesquisa do Cetic.br: quando questionados, a maioria dos pais disse que explica aos filhos o motivo de alguns sites serem bons e outros ruins e o que fazer caso algo visto na internet os incomode ou chateie.

Mas eles admitem, em 66% dos casos, que deveriam fazer muito mais ou um pouco mais. No entanto, 38% das crianças disseram que acreditam que seus pais podem ajudá-los pouco ou nada a lidar com situações que os incomodem ou constranjam na internet.

Agora, junte à falta de conhecimento tecnológico o crescimento dos crimes digitais contra crianças, especialmente a pedofilia, e temos um cenário alarmante. Diante disso, os pais precisam estar atentos, porque a abordagem pode acontecer em diversos lugares: nas redes sociais, nos programas de bate-papo, em sites e até mesmo pelo celular.

Shutterstock

Como ajudar?

Bancar o "bisbilhoteiro", lendo todas as conversas e descobrindo senhas está longe de ser o melhor caminho, segundo os especialistas. Para reduzir os riscos, a principal ferramenta é o diálogo.

Como manter esse diálogo? O primeiro passo é tentar conhecer o comportamento da criança na internet, onde ele navega (redes sociais, sites de vídeos, games) e entender suas preferências. Se encontrar algo que pode trazer perigo, questione os motivos que o fazem acessar tal site e explique que tipos de problemas aquilo pode trazer para a "vida real".

Por exemplo, se o seu filho adolescente  participa de uma comunidade de torcidas organizadas cujos comentários sejam direcionados para a incitação ao ódio e à violência, tente explicar que ele pode ser alvo de investigação por participar da comunidade e que tais comentários são considerados crimes.

Você também pode tentar

  • Deixar o computador em uma área comum da casa

    Procure manter o computador em uma área comum da residência e tente observar, esporadicamente, quais são os sites que a criança está visitando e com quem ela está conversando em salas de bate-papo e mensageiros eletrônicos.

  • Acompanhe qualquer encontro com pessoa conhecida pela rede

    Fique atento para que seu filho não marque encontros com pessoas conhecidas na internet sem que você o autorize. Se a permissão for dada, agende o encontro em local público e acompanhe a criança.

  • Ensine a criança a restringir os dados pessoais fornecidos

    Preste atenção ao criar senhas para comunicadores instantâneos e preencher cadastros em sites e serviços. Instrua seus filhos para que eles informem o menor número possível de dados pessoais, como endereço residencial e telefones.

  • De vez em quando, pergunte o que eles andam vendo

    Questione as crianças a respeito das páginas que estão visitando. Saiba como chegaram até os endereços eletrônicos e o que estão procurando. Se detectar páginas suspeitas, explique aos seus filhos os motivos pelos quais eles devem evitar tais conteúdos.

  • Explique que seus atos online podem ter consequências

    Converse com seus filhos sobre ódio e racismo na internet. Diga que existem sites que incitam a violência, o racismo e que pessoas que compartilham da ideia - participando de comunidades, por exemplo - correm o risco de responder judicialmente pelo crime.

  • Ensine que o cuidado deve vir antes da curiosidade

    Cibercriminosos sempre se aproveitam da curiosidade dos internautas para aplicar golpes. Portanto, é interessante ensinar seu filho a ser cuidadoso em vez de curioso ao receber e-mails com links e anexos, mesmo que tenham sido enviados por amigos.

  • Demonstre interesse por conhecer os amigos virtuais

    Conheça os amigos online do seu filho. Muitos sites com jogos online, mesmo aqueles dedicados exclusivamente ao público infantil, mantêm redes sociais. É importante acompanhar quem são os amigos "virtuais" da criança.

  • Tenha cuidado com o que você mesmo publica sobre sua família

    Evite publicar fotos de seus filhos, sejam crianças ou adolescentes, com biquínis ou fantasias que deixam o corpo muito à mostra para que elas não sejam veiculadas entre criminosos ou despertem o interesse deles.

Curtiu? Compartilhe.

Topo