
Processar dados na nuvem pode ser o ponto de virada para negócios que buscam se modernizar. Em companhias inovadoras dos mais variados segmentos e tamanhos, o uso dessa tecnologia deixou de ser mero detalhe técnico do armazenamento de informações e se tornou parte do negócio, proporcionando melhoria de processos, criando soluções, gerando eficiência e reduzindo custos.
Há 10 anos, a ideia da nuvem era basicamente a de substituição de infraestrutura. O objetivo era substituir servidores para armazenamento e reduzir o investimento necessário para formação de redes.
Nos últimos dois anos, no entanto, a aplicação da tecnologia evoluiu, e a cloud passou a abrigar uma complexidade de modelos e serviços que atendem às mais diferentes necessidades. "Hoje, é preciso pensar na nuvem como pilar fundamental para a transformação digital", afirma Pereira.
Para o executivo, essa tecnologia oferece um ambiente fácil de ser administrado, flexível - já que possui elasticidade para aumentar ou reduzir o uso quando necessário -, e favorece o desenvolvimento de novos modelos e aplicações. "Com ela é possível experimentar rápido e inovar rápido", diz.
A grande capacidade de processamento de dados na cloud possibilita o uso de ferramentas avançadas de gestão de processos e equipes, meios de pagamento e CRMs (programas de relacionamento com clientes), por exemplo. Além disso, a opção pela nuvem torna viável o acesso a funcionalidades de ponta, como inteligência artificial e machine learning, que envolvem um nível de processamento alto, indisponível em data center tradicionais. Isso ocorre tanto pela possibilidade de integração da tecnologia a sistemas de coleta e armazenamento de dados quando pelos custos. Na cloud, não há a necessidade de a empresa investir na estrutura de servidores unicamente para rodar esses softwares.
Para negócios pequenos e médios, em especial, essas tecnologias representam vantagem competitiva, permitindo a elas estar em pé de igualdade com os grandes players. "No meu ponto de vista, o grande benefício da nuvem é que ela é um equalizador de condições de competitividade para empresas", declara Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigData Corp.
Segundo ele, a única forma de companhias menores processarem um grande volume de informações sem terem de investir em megaestruturas é usando a nuvem, usufruindo da capacidade que os grandes provedores dispõem. "Ela democratiza o acesso a recursos computacionais", explica Rodrigues.
Processar dados na cloud é requisito básico para as organizações que entendem a importância da análise de dados para os negócios - ou seja, os negócios que realmente estão em dia com as tendências desse início de século. O uso de Analytics sobre o Big Data está à disposição de qualquer companhia, e isso oferece a possibilidade de extrair insights e mapear tendências que guiarão decisões estratégicas. "Mais do que modernizar seu negócio, se você não possui dados na nuvem não conseguirá fazer processamentos sofisticados e extrair o máximo de valor das informações", salienta Rodrigues.
Por exemplo, uma rede de escola de idiomas em busca de novos clientes pode mapear o interesse do público nas regiões onde atua por música, viagens e séries, nas redes sociais. Em seguida, cruza esses dados com as buscas feitas pelo aprendizado de línguas, percebendo uma demanda crescente entre jovens fãs de uma série em espanhol. Por fim, com esse insight em mente, a escola direciona seu marketing digital para alcançá-los através de posts patrocinados para essa segmentação, por exemplo..
Para cada necessidade, há uma resposta sob medida. A nuvem não tem limites para a quantidade - ou o volume de dados criados. Assim como para o tipo de dado (estruturado ou não estruturado), qualquer formato pode ser processado em cloud. Qualquer empresa consegue enviar desde informações de faturamento e vendas até números da cadeia produtiva por completo, segundo Alessandra Montini, diretora do Labfin da Fundação Instituto de Administração (FIA). "A nuvem está preparada para armazenar, processar e fazer a tomada de decisão com todo tipo de dado."
Para ela, outra questão que merece destaque é o controle de segurança e privacidade inerentes ao modelo. "A cloud é o lugar mais seguro que existe", afirma, argumentando que a nuvem é equipada com tecnologias que apresentam redundância (ou seja, a repetição de componentes críticos para o melhor funcionamento de um sistema), controle de dados de acordo com legislações locais, além de maior domínio para "disaster recovery" (recuperação do sistema).
A tecnologia ainda tem como uma das principais características permitir o acesso de qualquer lugar a qualquer hora.
Ela é centralizadora. Com a nuvem, pessoas de uma mesma companhia podem ter acesso aos mesmos dados, não importa se eles são sobre cobrança, estoque, CRM, e tampouco se a pessoa está nos EUA, no Brasil, na Alemanha aponta Alessandra.
Além disso, a própria empresa consegue definir, se necessário, qual o alcance do acesso de cada colaborador - dados financeiros podem ficar restritos ao pessoal deste departamento, por exemplo.
Os especialistas são unânimes em afirmar que ainda há um território grande a ser desbravado. "A computação na nuvem é um mercado que ainda tem muito o que crescer, evoluir. Ainda há um potencial enorme não explorado, mas está crescendo a passos largos", comenta Rodrigues.