Novas razões para lutar

Após perder filho em um acidente de trânsito, pai usa indenização do Seguro DPVAT para salvar vidas

oferecido por Selo Publieditorial

Em abril de 2001, um carro conduzido por um menor embriagado invadiu a calçada e atropelou quatro crianças que brincavam no bairro de Vila Nova, na região metropolitana de Belo Horizonte. Duas delas eram filhas de Idair Vieira - Daniela, então com seis anos, e Heitor, de cinco anos. Durante 26 dias, Heitor ficou internado. Ele não resistiu aos ferimentos. A mais velha sobreviveu e teve uma recuperação cercada de muitos cuidados.

O dinheiro da indenização do Seguro DPVAT, recebido pela morte do filho caçula, ficou por meses parado na conta bancária de Idair, que é motorista de ônibus.

"Após passar tantos dias no hospital vendo o sofrimento extremo não só do meu filho, mas de outras crianças, fiquei muito comovido. Vi que o dinheiro não é tudo na vida da gente", lembra, emocionado. Quando Heitor faleceu, Idair comentou com a esposa, Lúcia, que não queria comprar nada com o dinheiro da indenização do Seguro DPVAT pela morte do garoto, "porque eu ia ficar olhando tudo o que eu comprasse e ficaria lembrando-me da dor do meu filho, sabe?", lamentou. Foi quando o motorista viu na televisão uma reportagem sobre a situação do Vale do Jequitinhonha -- região que tem o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado de Minas Gerais.

"Acompanhei muito impressionado a história de uma mulher que estava sofrendo de anemia profunda por não comer. Ela conseguia alimentar os filhos, mas ela mesma não comia. Dias depois, foi noticiado na mesma emissora que uma família de Belo Horizonte quis ajudá-la, mas não chegou a tempo: a senhora havia falecido, deixando os filhos", lembra. Imediatamente, Idair entendeu que poderia ajudar aquelas pessoas com a quantia recebida após a morte do filho. Lúcia concordou com o marido.

A força da solidariedade

Com o valor do Seguro DPVAT, eles resolveram fazer da tristeza, esperança. Os recursos foram todos dedicados à compra de alimentos, mas Idair ainda precisaria organizar, sozinho, a logística da doação. Ele ligou para o irmão, Eustáquio -- que trabalha em uma transportadora - pedindo ajuda para conseguir um caminhão que transportasse os alimentos. "O dinheiro do caminhão eu teria, mas daí ficariam faltando alimentos", explica.

A empresa de ônibus onde Idair trabalha tinha 500 funcionários na ocasião. O motorista decidiu, então, pedir apoio dos colegas com a doação de um vale-alimentação ou o que eles pudessem ajudar o pessoal do Vale do Jequitinhonha. Todos os funcionários aceitaram participar.

O gestor de Idair ficou sabendo da mobilização e aderiu à ideia. A empresa cedeu um ônibus para que os colaboradores fossem pessoalmente distribuir os alimentos nas casas de quem mais precisava. "A galera ficou chocada ao ver como aquelas pessoas viviam: casa de pau a pique, criança dormindo no chão, barbeiros e escorpiões circulando no ambiente. Faltava comida e água nas casas. Aquela situação deixou a gente triste por um lado, mas alegres por poder entregar 17 mil quilos de alimentos de uma vez. Também foram entregues muitas roupas, calçados e brinquedos a eles. Foi uma festa com a comunidade", emociona-se.

Os amigos do trabalho combinaram que aquela ajuda não poderia chegar só uma vez à região. Todos, então, se comprometeram a repetir a campanha de arrecadação, mesmo que não conseguissem fazer tanto pela comunidade nas visitas seguintes. "O pouco que podemos fazer já seria diferente de nada, né?", Idair reflete.

A perseverança contagia

O combinado entre os participantes foi fazer essas visitas esporadicamente. Assim, nasceu a Associação Heitor Rodrigues Graciano - ONG Amigos de Minas, idealizada por Idair como homenagem ao filho. Os "Amigos de Minas" prestam assistência a mais de mil famílias em situação de vulnerabilidade social.

Atualmente, cerca de 150 voluntários embarcam trimestralmente rumo a algumas cidades mais carentes do estado de Minas Gerais levando cestas básicas, leite e colchões. Além disso, a equipe também distribui kits escolares, kits de higiene pessoal, guloseimas para as crianças, roupas e calçados.

Idair celebra o novo significado que o trabalho voluntário trouxe à sua vida. "Quando sepultei meu filho, eu também queria entrar naquela cova. Pensei em me matar porque tudo perdeu a graça. Mas quando eu cheguei ao norte de Minas e vi a situação daquele povo, mulheres com filhos enterrados no quintal me consolando e agradecendo pelo apoio, senti que era importante também ser forte e seguir".

O entusiasmo e o carinho dos amigos na mobilização por doações fizeram com que Idair voltasse a sentir prazer por estar vivo.

Eu sou um homem que voltou a sorrir com o contato com essas pessoas. Nada vai ser como antes, mas descobri uma felicidade. Se não fosse o Seguro DPVAT, eu tenho certeza que essa ONG não existiria. Esse dinheiro foi a centelha que gerou tudo isso.

Idair Vieira

Idair Vieira

Histórias como essa inspiram a equipe do Seguro DPVAT a também se superar e ser cada vez melhor para ajudar as vítimas de acidentes. Porque depois de um acidente de trânsito, toda história precisa continuar.

Uma História de Superação

A empatia do Idair e da Lúcia Vieira é uma inspiração para ajudar todos em caso de acidente de trânsito

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