Maurício Arruda

Democratizar a arquitetura é colocar a mão na massa

oferecido por Selo Publieditorial

A cada vez que a gente faz uma atividade em casa, como tomar banho, cozinhar ou decorar, estamos mexendo com um ambiente quase tão vivo como nós. Essa é a visão de Maurício Arruda, arquiteto e apresentador do programa "Decora", no canal GNT.

Estudioso de habitações de interesse social, com graduação pela Universidade Estadual de Londrina e mestrado pela Universidade de São Paulo, ele sempre teve a sustentabilidade como norte de seu trabalho -- inclusive como professor universitário, exercício que durou dez anos. Maurício acredita na arquitetura que contempla o usuário para além da fachada, e busca aplicar isso tanto em seus projetos quanto nas dicas que dá na TV.

As escolhas do arquiteto sempre se baseiam em como as soluções para casas melhores podem ser acessíveis a todos, estudando de forma realista as necessidades e recursos das pessoas em seus ambientes. Usar o design como ferramenta para melhorar a qualidade de vida e solucionar problemas diários, não como um luxo de poucos, é o que possibilita que as pessoas comam melhor, durmam melhor e tenham mais espaço para curtir a família. Esse caminho, acredita ele, também constrói uma relação mais coletiva com o prédio, a rua e a cidade.

Contar histórias brasileiras

Em seu escritório de arquitetura, a Todos, Maurício não se preocupa em projetar casas que tenham a cara dele. “O morador precisa ser coautor do espaço, porque é ele quem sabe a maneira de receber amigos, assistir à televisão ou namorar ali". Sendo assim, é fundamental saber a história de cada material ou objeto de decoração: do que são feitos, como são feitos e de onde vêm. “As pessoas contam histórias com tudo o que existe na casa delas."

E as referências de fora, onde se encaixam? Em um mundo em que somos continuamente influenciados pelo modo de vida em outros países, nem tudo o que funciona no exterior é viável no Brasil. A popularidade do design escandinavo, por exemplo, chama tanto a atenção porque aquele povo tem uma relação inspiracional com suas casas, priorizando o bem-estar, acredita Maurício. “Podemos olhar para esse design, mas o Brasil é um caldeirão de estilos de vida. Somos urbanos, coloridos, informais. Nossa sala de estar é a cozinha. A gente é ‘não repara a bagunça’, mas não arruma. Dá dois beijinhos, senta no chão, abraça, ‘passa lá’, faz churrasco. Penso na arquitetura e no 'Decora' com isso em mente."

Em dois anos de programa, o profissional entrou em mais casas do que nos quase vinte anos de carreira, fato que vê como um privilégio. Foram 60 transformações desde então, com uma obra a cada dez dias durante o ano todo. Mas ele jura que é mais fácil erguer projeto em dez dias do que falar para duas câmeras simultaneamente.

Quando comecei com esses temas, percebi que precisaria incorporar hábitos sustentáveis na minha própria vida, reciclando o lixo doméstico, usando o transporte público e controlando melhor o uso de recursos naturais, por exemplo. A sustentabilidade é uma atitude, não um produto.

Maurício Arruda, Arquiteto e apresentador do programa "Decora", no canal GNT

Maurício Arruda Maurício Arruda

O que é uma casa, afinal?

"O design de interiores mexe muito com o ego, a maneira que você gostaria que os outros te vissem. Daí, evito usar as casas das pessoas para isso! Trabalhei em mutirões e envolver as pessoas nos processos produtivos é muito gratificante. A arquitetura pode ser mais ampla e menos proibitiva", acredita.

O volume de informações disponíveis hoje na internet -- seja de arquitetura ou qualquer assunto -- não importa tanto na opinião do apresentador. A chave, para ele, é o que fazemos com tantos conteúdos. "Compartilhar conhecimentos de design tem sido mais proveitoso para a minha carreira do que guardá-lo para mim, porque a gente vai conseguir fazer uma arquitetura melhor quando o povo brasileiro entender do assunto", defende.

No começo do trabalho como apresentador, o medo de Maurício era que o programa parecesse uma aula. Hoje em dia, a atração está cada vez mais próxima disso porque as pessoas gostam de saber como fazer transformações nas casas delas também.

Apesar dessa faceta didática, o arquiteto defende que cada casa é viva como seus moradores. "Se você voltar aqui em 15 dias, minha casa vai estar completamente diferente. A expectativa da casa pronta é como a expectativa de uma pessoa pronta: não existe. Mas sempre pode melhorar."

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