No Brasil, não existe nenhuma organização tão grande quanto a Fundação Susan G. Komen for the Cure, e os investimentos para a causa acontecem de forma descentralizada.
"Ainda estamos caminhando nesse sentido. As empresas que desejam investir em ações em prol do câncer de mama no país precisam ir atrás de instituições. E só mais recentemente as companhias estão percebendo a importância de agregar seu nome à causa, pois a principal consumidora no país é a mulher", afirma Gilze Francisco.
No cenário brasileiro, cada entidade atua de uma forma. No Instituto Neomama, as pacientes que frequentam o local recebem atendimento multidisciplinar, com suporte de fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga. A entidade oferece ainda orientação jurídica e um banco de perucas e lenços.
“Também fazemos campanha angariando produtos de maquiagem e hidratantes, pois incentivamos que a mulher continue cuidando de si e mantendo a autoestima durante o tratamento", afirma Gilze.
Fundado por Flávia Flores, que teve um câncer de mama diagnosticado em 2012, o Instituto Quimioterapia e Beleza tem um banco de lenços no qual a mulher se cadastra e pede exatamente o que está buscando, se é um acessório mais básico ou estampado. Depois de higienizada, a peça é remetida sem custo para qualquer lugar do país. Por mês, são 500 lenços enviados.
Flávia também vai a hospitais para ensinar diferentes formas de amarrar os lenços não só para as pacientes, mas também para familiares e profissionais de saúde. "Faço essas oficinas em hospitais de Florianópolis e São Paulo. Nos encontros, conversamos ainda sobre sexualidade e fazemos workshop de maquiagem”, conta.
Já as ONGs que compõem a Femama oferecem serviços diferentes. “Algumas ajudam as pacientes a conseguirem melhor atendimento no sistema de saúde, assim como perucas, lenços e atividades ocupacionais, como coral e artesanato, ou espaço para troca de experiências. Também podem prover apoio psicológico, fisioterapia, aulas sobre nutrição e assistência jurídica”, afirma a presidente da instituição.
“O que une todas as ONGs da Femama é o conceito de ‘advocacy’, uma preocupação por lutar pelo direito das pacientes, com influência em políticas públicas. Queremos ampliar o acesso ao diagnóstico e aos tratamentos para câncer de mama em todo o país", declara.
No país, outra instituição que tem uma atuação relevante é o Instituto Avon. Desde a criação da entidade, em 2003, a marca de cosméticos já investiu 61 milhões de reais em projetos destinados ao combate ao câncer de mama.
Os recursos vêm da venda de produtos da marca. "Em cada campanha, certos itens são selecionados e 7% do preço de revenda deles é destinado para a causa", declara Daniela Grelin, gerente do instituto. A organização também defende o combate a violência contra as mulheres.
"Temos três frentes de atuação. A primeira delas é a produção e disseminação de conhecimento. Financiamos pesquisas e temos um programa de intercâmbio em que enviamos mastologistas brasileiros para cursos nos Estados Unidos. A ideia é que eles possam compartilhar práticas. A segunda frente é a de apoio a projetos, em que destinamos parte da verba para construção de centros de detecção e doações de mamógrafos. A terceira frente é a mobilização da sociedade e dentro disso se inserem todas as ações relacionadas ao Outubro Rosa, como carretas com mamografias, entre outras", explica Daniela.