"Esperava ser mais valorizada"
Poliana Okimoto, bronze da maratona aquática, relata a decepção pós-olímpica
A medalha olímpica foi a motivação que eu consegui para continuar nadando. Se eu não tivesse ganho, já teria parado. Agora, esse ciclo começou diferente. Não fui para o Mundial porque na seletiva eu não me senti bem e aqui no Brasil eles fazem apenas uma prova. Venho desde 2006 entre as melhores do mundo, tinha acabado de ganhar uma medalha olímpica e estava em terceiro no ranking mundial, mas fiquei fora por causa de uma prova em que me senti mal. Ali, logo que eu não consegui classificação para o Mundial, a antiga diretoria da CBDA me avisou que eu não conseguiria fazer também o circuito mundial. Isso me desmotivou bastante porque eu não teria nenhuma competição alvo no ano. Então, a gente resolveu tirar um pouco o pé e ficar mais com as provas de piscina. Foi um balde de água fria num ano pós-olímpico, e isso deixou a gente bastante chateada.
O ideal, e é o que o pessoal lá fora faz, é acabar um ciclo olímpico e começar a pensar no outro. Um planejamento de quatro anos, sabendo que você vai ter tranquilidade para trabalhar nesses quatro anos. Aqui no Brasil as coisas são um pouco diferentes. Para mim até mais, por causa do fator idade. Tenho de mostrar trabalho e serviço. Em toda competição que eu entro, preciso mostrar que estou em forma e ainda sou competitiva.
Esperava ser mais valorizada, sim. Justamente por ter sido a única medalhista olímpica dos esportes aquáticos e a primeira da história da natação feminina. Essa foi uma das minhas reclamações com a antiga diretoria da confederação. Eles não aproveitaram em nada essa medalha. Uma medalha olímpica é tão difícil de ser conquistada que, quando acontece, tem de ser valorizada. Medalha olímpica não é para qualquer um. A gente está há pelo menos três ciclos olímpicos treinando e se dedicando muito por essa medalha, e ela pode servir de exemplo para categorias de base, novos atletas e mulheres, principalmente. A gente só espera que as coisas melhorem agora.