Vila Autódromo: a disputa que não acaba
A área do Parque Olímpico da Barra da Tijuca está abandonada. Por lá, existem poucos homens da Guarda Municipal e sobra entulho espalhado. Um componente humano, no entanto, segue na região desde o período pré-olímpico: os moradores da Vila Autódromo. Luiza de Oliveira vive com o filho, o marido e um tio na única casa original que resta da comunidade. Dali, aguarda solução de um impasse na Justiça para ocupar uma das 20 construções da nova Vila – entregue dias antes dos Jogos.
A resiliente família questiona as condições da casa reservada no local, mas a preocupação vai além: a Vila construída para as pouco mais de 100 pessoas que não aceitaram as remoções promovidas pela prefeitura ainda é um esboço – “muito mal feito”, como ressalta Luiza – do projeto original.
No plano inicial de urbanização da prefeitura, assinado por Eduardo Paes (PMDB) em março de 2016, a nova Vila Autódromo teria associação de moradores, creche, escola [com a estrutura da Arena de Handebol], praça, centro cultural, área verde, quadra poliesportiva e um pequeno parque. “Não tem nada, e eu nem sei quando vai ter. O que tem é uma rua, que tivemos que fechar para servir como área de lazer para as crianças”, destaca Nidivaldo Oliveira, um dos líderes locais.
A obra deveria ser iniciada em meados de novembro, dois meses após o fim dos Jogos Paraolímpicos. “Fomos à prefeitura, e o máximo que conseguimos foi uma promessa de reunião com o [Marcelo] Crivella para depois do Carnaval. O tempo passa e não temos qualquer serviço básico”, completou Nidivaldo. Enquanto isso, as famílias que ocupavam a área contígua ao Parque Olímpico e não aceitaram abrir mão de seus imóveis seguem esperando.