Pioneiro, Rolando sofreu com piadinhas por ser brasileiro
Em 1988, o pivô Rolando Ferreira se tornou o primeiro brasileiro a jogar na NBA. Ele tinha tido relativo sucesso no basquete universitário defendendo a Universidade de Houston, era considerado uma promessa com muito potencial e foi draftado na segunda rodada pelo Portland Trail Blazers. Mas teve dificuldade para mostrar serviço na principal liga do mundo.
“Tomei decisões erradas”, conta ele, “aceitei coisas que não devia ter aceitado e fiquei sete meses sem treinar e jogar. Perdi a motivação, perdi tudo.” Pouco aproveitado, Rolando acabou aceitando uma “proposta indecente” do Portland: fingir uma lesão para abrir uma vaga no time para outro jogador mais experiente, que voltava do estaleiro, Kiki Vandeweghe. “Eles me propuseram isso porque eu era novato e eles sabiam que eu aceitaria”, conta.
“Hoje faria diferente: se eles não me quisessem, que me trocassem com outro time. Fiquei cinco meses só na musculação, o psicológico vai lá pra baixo.”
No final dos anos 1980, a NBA ainda não era a liga globalizada que é hoje, o que representava uma barreira a mais para estrangeiros. Rolando conta que alguns de seus companheiros americanos tiravam sarro de sua condição:
Uma vez estávamos viajando e tinha uma barreira policial. Os caras ficavam perguntando: ‘Cadê seu passaporte?’. Eu me sentia mal com essas coisas. Os jogadores estrelas me tratavam bem, mas o pessoal que disputava posição tentava de qualquer jeito colocar você pra baixo.”