Jaque em foco

Jaqueline se emociona ao falar do marido Murilo, revela bastidores do ouro de 2012 e elege os maiores do vôlei

Carlos Padeiro e Giu Zanelato Do ESPORTE(ponto final), em São Paulo
Alexandre Schneider/E(pf)

"Queria ser igual ao Murilo"

Jaqueline tem pinta de durona. Pernambucana de papo reto. Olhar forte e expressão séria, até a página dois. Conforme o papo aquece, o sorriso abre, os olhos ficam ainda mais expressivos e as emoções saltam à flor da pele morena. 

De repente, uma pergunta para eleger os maiores do vôlei se torna uma montanha russa. Fica claro que Jaque admira jogadores que são exemplos dentro e fora da quadra. As histórias pessoais para ela contam tanto quanto a habilidade com a bola. Todos os escolhidos têm medalhas olímpicas no peito. Duas mulheres lendárias fazem parte da lista: Jackie Silva e Ana Moser. Mas, ao falar de Murilo, Jaque não se segura. Transborda toda a admiração que tem por seu companheiro, pai de seu filho e um dos jogadores mais completos e admirados do país. Uma pergunta que normalmente segue um caminho da diversão desta vez ganha profundidade pessoal e revela as entrelinhas de uma relação de cumplicidade.

REUTERS/Ivan Alvarado REUTERS/Ivan Alvarado

"Em 2012, chegamos como um grupo de estrelas individuais"

A seleção brasileira campeã olímpica em 2008 chegou a Londres em 2012 mantendo grande parte do elenco. Mas em quatro anos muita coisa acontece. O sucesso que às vezes funciona como combustível outras vezes é armadilha traiçoeira a ser desarmada, ainda mais quando isso precisa ser feito por várias mentes ao mesmo tempo.

O problema não era escancarado. Era mais perigoso, porque se tratava de um conflito silencioso. Tudo culminou no duelo com a Coreia do Sul. Uma derrota avassaladora para a seleção asiática, e o risco de dar adeus aos Jogos Olímpicos já na fase de grupos.

Era hora de colocar a casa em ordem. O desfecho das conversas posteriores àquele jogo foi marcante para o vôlei brasileiro. O time se uniu e ressurgiu de maneira inesquecível para quem gosta de histórias dramáticas no esporte.

Divulgação/FIVB Divulgação/FIVB

"Será que o Zé Roberto não confia em mim?"

Jaqueline não economiza elogios ao treinador Zé Roberto Guimarães e à sua comissão técnica, pelo talento em comandar a seleção por tantos anos e por lerem com clareza as necessidades do grupo de jogadoras. No entanto, ela diz que Zé Roberto é um cara mais fechado. Não é de revelar seus sentimentos a todo momento

Apesar de ser figurinha constante, por anos e anos, nas convocações do técnico, Jaque tinha uma pulga atrás da orelha. "Será que o Zé confia em mim?"

As dúvidas ficaram para trás após as Olimpíadas de 2012 e as conversas que fizeram a seleção encontrar seu caminho até o ouro novamente.

No vídeo a seguir, Jaque conta sobre seus sentimentos frente às colegas de seleção e revela o que foi falado sobre seu jeito "mais masculino e direto" nas conversas de bastidores.

AP Photo/Chris O'Meara AP Photo/Chris O'Meara

"Na final, a Dani olhava para mim e dizia que eu estava iluminada"

Jaque não se cansa de dizer que a conquista no vôlei é coletiva. Isto é muito claro nas palavras da pernambucana bicampeã olímpica.

Podemos dizer que a ponteira destruiu na final olímpica contra os EUA, em Londres. Para entender a grandeza de Jaqueline naquele dia, é preciso lembrar de três episódios daquele ciclo: no começo de 2011, ela passou por uma cirurgia no joelho esquerdo, logo depois ficou grávida de Murilo e eles perderam o bebê nas primeiras semanas de gestação. No segundo semestre, uma pancada acidental ocasionou uma fratura na cervical e a tirou do andamento dos Jogos Pan-Americanos. Um ano difícil para a atleta. Mas ela seguiu em frente, para chegar às Olimpíadas de 2012 e ser um destaque na final, com 18 pontos.

Jaque costuma dizer que é uma jogadora de volume, que joga para o time jogar, mas revela que, naquele dia, a levantadora Dani Lins olhou para ela e disse: "você está iluminada". Nada como estar preparada, treinada, calejada e concentrada no lugar certo e na hora certa.

Alexandre Schneider/E(pf) Alexandre Schneider/E(pf)
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Quem são os ídolos da Jaqueline?

Jaque é exigente. Para entrar em sua lista de maiores do esporte, o “cabra” tem que suar a camisa e ser uma referência histórica.

Após abrir o elenco com três brasileiros de três modalidades diferentes, ela fala de Michael Jordan e quase encerra a lista por aí. Sugerimos alguns nomes (de Pelé a Bolt) para completar o Top 5, mas Jaque não escala nenhum deles nesse time. No estourar do relógio, um outro basqueteiro famoso ganha a quinta vaga.

Murilo e Jaque são fãs de carteirinha da NBA. Quem acompanha as redes socais sabe que o casal está vidrado nos jogos. Os dois postam mensagens, ganham destaque dos narradores de TV e ficam acordados madrugadas a dentro. 

ESPORTE(ponto final) ESPORTE(ponto final)

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A entrevista com Jaque Carvalho foi realizada pelo ESPORTE(ponto final), um canal onde ídolos falam sobre os grandes momentos que viveram e viram no esporte.

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