Valorização leva ao fenômeno da gentrificação
Quando o Brasil se apresentou aos olhos do mundo para o maior evento de sua história, era Itaquera que estava nas câmeras de quase todas as redes de televisão do planeta. Não era difícil prever o que aconteceria depois. A partir de 2011, ano em que começaram as obras da Arena, os preços dos aluguéis explodiram à medida que a valorização dos imóveis acontecia. O problema é que a renda da população não acompanhou esses números.
A contraposição entre os dados gerou um efeito claro: muitas pessoas tiveram de deixar o bairro rumo a locais ainda mais distantes do centro. Itaquera, dessa forma, está, aos poucos, recebendo moradores de renda mais alta. Essa substituição é chamada de "gentrificação". Processo esperado, mas que poderia ser atenuado, na visão de especialistas.
"Não é o morador sozinho que vai conseguir. É um processo estrutural, político-econômico", explicou Kazuo Nakano, arquiteto e urbanista. Na visão dele, o morador de Itaquera seria menos afetado se houvesse uma regulação da terra urbana. Dessa forma, áreas do bairro seriam destinadas ao interesse local, com habitações para a população de baixa renda e parâmetros que iriam impedir a demolição de casas e a substituição de moradores.
O cenário, ainda de acordo com Nakano, é fruto do projeto falho de mudança da Zona Leste. Para ele, cada equipamento foi pensado isoladamente, ocupando um pedaço do espaço. "Ele foi remendando com o sistema viário, ruas e avenidas. O projeto não foi pensado de maneira global, com espaço público, pequeno comércio, habitação", disse, para em seguida concluir:
Como não foi pensado, há um espaço urbano desconjuntado. Sem alternativas de habitação de interesse popular