Intruso

Na casa da Ferrari, Hamilton quebra recorde, vence e assume, pela 1ª vez em 2017, a liderança do Mundial

Julianne Cerasoli Do UOL, em Monza (ITA)
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Monza só é vermelha nas arquibancadas

O circuito de Monza é a casa da Ferrari. É lá que as arquibancadas do autódromo ficam mais vermelhas, lotadas com tifosi torcendo por Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen – as 185 mil pessoas que passaram por lá neste fim de semana, por exemplo, são um recorde da temporada.

A festa italiana, porém, tem ficado restrita à arquibancada nos últimos anos – para alegria de Lewis Hamilton. Desde 2014, quando a Fórmula 1 passou a adotar os motores V6 turbo híbridos, o domínio da Mercedes é uma constante. Já são 212 voltas em sequência na liderança na pista italiana.

Não à toa, Hamilton brilhou. O piloto inglês não apenas venceu a prova no domingo – de ponta a ponta, com 36 segundos de vantagem sobre a Ferrari mais próxima. No sábado, chegou a 69 pole-positions na carreira e quebrou o recorde de Michael Schumacher. Além disso, com a vitória, o inglês está, pela primeira vez no ano, na liderança do Mundial de pilotos em 2017, com 238 pontos, três a mais do que Vettel, que terminou em terceiro.

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Obrigação feita. Agora, as coisas se complicam na F-1

Era importante para Lewis Hamilton deixar as oportunidades perdidas, que marcaram sua temporada até aqui, para trás e ganhar as duas provas disputadas em provas de alta velocidade, que em teoria favoreceriam a Mercedes. Foi o que ele fez em Spa-Francorchamps, na Bélgica, na semana passada, e agora em Monza.

As vitórias vieram graças a sua maior especialidade: a classificação. Não é à toa que o tricampeão já é o recordista absoluto de poles da história. É claro que sua estratégia para bater Vettel e a Ferrari passa justamente por aí: não dar chances para os rivais largarem a sua frente.

Na Itália a corrida foi tranquila, com um primeiro lugar bem mais fácil do que na Bélgica, onde o duelo apertado com a Ferrari surpreendeu. Agora, porém, sua missão vai ser mais difícil. Em duas semanas, ele defende pela primeira vez a liderança do campeonato em Cingapura, um circuito de alta pressão aerodinâmica que deve favorecer a Ferrari.

Ao mesmo tempo, é consenso na categoria que na pista de Marina Bay o piloto faz diferença. Será uma ótima oportunidade para Hamilton mostrar porque ninguém na história largou tantas vezes na ponta quanto ele.

Finalmente!

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton, depois de chegar à liderança do campeonato pela primeira vez

As coisas se acertaram nas duas últimas corridas

Também Hamilton

Também Hamilton, após ser o primeiro a vencer duas corridas seguidas no ano

Não estou feliz, mas fizemos o que podíamos e temos de aceitar o resultado

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel, admitindo que não tinha ritmo para acompanhar as duas Mercedes

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Alonso e os "comissários cervejeiros"

A temporada de Fernando Alonso pode não ser das melhores esportivamente, mas é ótima para quem gosta de uma polêmica. O espanhol, bicampeão mundial, está bravo com a falta de resultados na McLaren e, a cada GP, reclama de alguma coisa.

Normalmente, o alvo de suas críticas são os motores Honda – menos potentes que os rivais. Desta vez, porém, ele foi além. Criticou a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e seus comissários usando a ironia.

Alonso largou em penúltimo lugar, mas disputava a 12ª posição com Jolyon Palmer, da Renault, quando o inglês passou reto em uma chicane. “Normalmente, as regras são muito claras: quando dois carros estão lado a lado na chicane e um vai por fora, ele devolve a posição".

Desta vez os comissários deviam estar tomando uma Heineken".

Nenhum dos dois terminou a prova. Alonso abandonou na penúltima volta por problemas no câmbio. Palmer, que foi punido em cinco segundos pela manobra, deixou a corrida após 29 voltas.

Carma

Fernando Alonso

Fernando Alonso, quando ficou sabendo que Palmer tinha abandonado

Ele me forçou para fora

Jolyon Palmer

Jolyon Palmer, Explicando a manobra na chicane

Quem foi bem

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Ricciardo, o homem da prova

O australiano vem fazendo sua temporada mais forte na F-1 e deu mais uma prova disso neste domingo, saindo da 16ª colocação no grid para chegar em quarto lugar, a apenas quatro segundos de Sebastian Vettel. O australiano fora para o fundo do pelotão por uma punição pela troca do pneu e fez cinco ultrapassagens em oito voltas para abrir caminho para uma excelente recuperação.

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A eficiência de Bottas

É fato que a Mercedes teve um equipamento superior, mas impressionou a forma decidida como Bottas abriu caminho nas primeiras voltas para se recuperar de uma classificação ruim - largou em quarto. O finlandês travou um belo duelo com Kimi Raikkonen, logo passou Stroll e Ocon e se colocou em segundo ainda na quarta volta. Mas aí, é claro, Hamilton já tinha desaparecido na ponta.

Quem foi mal

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Ferrari lenta em casa

O time italiano não esperava bater as Mercedes em Monza, até porque o calor do início da semana, que poderia ajudá-los, não apareceu neste domingo. A classificação ruim na chuva não ajudou. E, mesmo tendo se livrado do tráfego já na oitava volta, Vettel não conseguiu acompanhar as Mercedes em nenhum momento e terminou com 36 segundos de desvantagem, o que acabou sendo uma surpresa.

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Verstappen perde chance

Com um ritmo melhor do que as Ferrari, faltou paciência para Verstappen abrir caminho no meio do pelotão. O furo no pneu na disputa com Massa acabou com sua corrida e o paralelo com a excelente prova de seu companheiro, Ricciardo, que mais uma vez aproveitou uma boa oportunidade e foi ao pódio, deixa ainda mais claro o que poderia ter sido da corrida de Max, frustrado com a série ruim, especialmente por quebras.

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Massa: "Não entendi direito o que o Vestappen queria"

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Massa satisfeito com pontos. Mas será que poderia ter feito mais?

O brasileiro não escondeu a surpresa ao ver seu companheiro Lance Stroll largando em segundo lugar após uma classificação disputada sob chuva. A decepção foi ainda maior porque ele foi um segundo mais lento mesmo acreditando ter feito uma boa volta.

Isso acabou custando posições na corrida. Massa foi oitavo, mas a história talvez pudesse ter sido diferente com um ataque mais agressivo em cima de Stroll. O canadense terminou em sétimo lugar, mas sofreu no final da prova após uma forte fritada no pneu.

No final, fica a sensação de que a Williams poderia ter ficado à frente das duas Force India. Só uma, a de Sergio Perez, porém, foi superada.

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Bastidores

Miguel Medina/AFP PHOTO Miguel Medina/AFP PHOTO

Massa e a Fórmula E

As negociações de Felipe Massa com a F-E começaram ainda no ano passado, mas, pela primeira vez, em Monza, o brasileiro disse abertamente que a categoria será seu futuro após o fim na carreira na Fórmula 1. No que depender dos comentários dos bastidores, isso deve acontecer já no ano que vem. O único senão vem da própria Williams, que reconhece a dificuldade de encontrar um piloto para substituir o brasileiro. O grande problema é a questão da idade, pois o time precisa de alguém com pelo menos 24 anos por questões contratuais.

Clive Rose/Getty Images Clive Rose/Getty Images

McLaren, Honda e Renault

O GP da Itália ficou marcado pelas negociações entre a McLaren e seus possíveis fornecedores de motores para 2018. O time tenta se livrar do contrato com a Honda, mas as negociações envolvem também o grupo Liberty Media, que quer manter a fabricante japonesa na categoria. Em Monza, Ross Brawn teve uma reunião com os dirigentes da McLaren e Cyril Abiteboul, da Renault, demonstrando que as negociações da equipe inglesa com os franceses ainda estão de pé. Com o projeto do ano já iniciado, há pressa de todos os lados para resolver o entrave.

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Kubica dá o ar da graça

Tentando retornar ao grid da Fórmula 1 mais de seis anos depois de um grave acidente de rali, Robert Kubica apareceu no paddock em Monza. A versão oficial é de que o polonês (que ficou em um ambiente “neutro”, o motorhome da Pirelli) só foi visitar amigos, mas seu empresário admite que as negociações com a Renault, equipe pela qual o piloto testou por três vezes nos últimos meses, continuam. Porém, a chance de retorno parece ter diminuído desde o teste na Hungria, no início de agosto. A impossibilidade de colocá-lo mais vezes na pista devido às regras pesa, assim como o aporte financeiro trazido por outros candidatos.

Reprodução/Globo Reprodução/Globo

Vê TV: Mariana Becker "chama Maju" para falar do tempo

O péssimo tempo na Itália atrasou, no sábado, os treinos da Fórmula 1 em duas horas. Foi a senha para que a equipe do SporTV que fazia a transmissão da corrida lembrar de Maria Júlia Coutinho, que faz a previsão do tempo do Jornal Nacional.

Após uma série de perguntas para a repórter Mariana Becker sobre as condições meteorológicas no autódromo, o narrador Sérgio Maurício  a chamou de "moça do tempo". Mariana entrou na brincadeira. “Eu vou ligar para a Maju, hein?! Tá tudo igual. Continua seco. Acho que devem estar melhorando as condições de pista”, disse Mariana.

O narrador gostou da piada. “Tem gente que pede ajuda aos universitários. A Mariana, como é superior a isso, pede ajuda a Maju”.

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