Largou atrás, mas chegou

Bottas supera polêmica na largada no GP da Áustria e entra na briga pelo título com Vettel e Hamilton

Julianne Cerasoli Do UOL, em Spielberg (Áustria)
Joe Klamar/AFP
Clive Mason/Getty Images Clive Mason/Getty Images

Mais um para a briga

Enquanto toda a atenção estava em Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, especialmente após toda a confusão do GP do Azerbaijão, Valtteri Bottas mostrou que não pode ser descartado da briga pelo campeonato. Em uma pista na qual Hamilton não costuma se dar muito bem, o finlandês aproveitou sua chance e fez um final de semana perfeito para vencer pela segunda vez na temporada.

Bottas já tinha demonstrado velocidade nos treinos livres, especialmente nas simulações de corrida, e, com a pole conquistada no sábado, aumentou suas chances de vitória. O finlandês não queimou a largada por pouco e, mesmo sofrendo com bolhas nos pneus no final, conseguiu segurar Sebastian Vettel.

Hamilton pode até se mostrar mais rápido ao longo do ano, mas a consistência impede que Bottas seja descartado na luta pelo título. Hoje, o finlandês está mais perto de Hamilton do que o tricampeão está de Vettel. E isso dificulta qualquer atitude da Mercedes para o tratar como um segundo piloto comum.

Somando isso ao fato de Vettel, mais uma vez, aumentou a vantagem para Hamilton mesmo com ritmo de corrida inferior, e você tem um campeonato mais aberto do que nunca.

Acredito que qualquer coisa é possível. Desde o início do ano, minha meta era estar na luta pelo campeonato e tentar ser campeão. Ainda estou na briga

Valteri Bottas

Valteri Bottas, que acredita

Acho que ele sempre esteve na luta. Ele está em um dos carros mais rápidos e é um dos pilotos mais rápidos do grid. Acho que ele foi subestimado quando estava na Williams

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel, sobre Bottas

Quando você vê os resultados, ele teve um abandono. Em geral, diria que ele vem tendo uma temporada melhor do que eu até aqui. Sempre achei que ele estave na briga. Essa vitória prova isso

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton, também sobre Bottas

Bottas e a "queimadinha" na largada

Quem assistiu à largada do GP da Áustria, no domingo, teve a distinta impressão de que Valteri Bottas queimou a largada. Ou melhor: que deu uma “queimadinha”. O carro do finlandês se move pouco antes das luzes vermelhas se apagarem e deixou todos perguntando se ele não saiu antes do permitido.

Sebastian Vettel, que estava ao lado de Bottas na largada, sentiu que o rival queimou a largada. Durante a coletiva de imprensa logo após sair do carro, o alemão pediu para os jornalistas perguntarem para o terceiro colocado, Daniel Ricciardo, se ele também não achava que a largada de Bottas foi ilegal.

Não foi: O lance foi investigado pelos comissários, que não puniriam o piloto da Mercedes. O UOL Esporte teve acesso a dados que dão conta de que o tempo de reação de Bottas foi de 201 milésimos e que os sensores instalados no asfalto não indicaram que a Mercedes passou de sua posição no grid antes que as luzes vermelhas se apagassem.

"Treinamos muito as largadas e também o tempo de reação. Durante os treinos, muitas vezes você consegue largadas perfeitas, mas durante as corridas, seu cérebro costuma ser mais cuidadoso, mas desta vez eu tive uma largada perfeita. Claro que é um pouco como brincar com fogo porque você pode queimar a largada se for muito agressivo, mas desta vez foi perfeito."

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Melhores

  • A consistência de Ricciardo

    A Red Bull tem, claramente, o terceiro carro mais rápido do grid, mas seu piloto australiano vem conseguindo aproveitar todas as oportunidades possíveis para chegar ao pódio. Na Áustria, em um circuito teoricamente ruim para a equipe (pelas longas retas), ele chegou entre os três primeiros pela quinta vez consecutiva na temporada. Tais resultados não podem ser resumidos à sorte: Ricciardo tem sido agressivo em momentos decisivos, como na largada, e se defende de maneira muito inteligente, usando o DRS quando abria caminho no tráfego.

    Imagem: Mark Thompson/Getty Images
  • Grosjean e a Haas

    A equipe surpreendeu na Áustria, sendo o quarto time mais veloz por todo o final de semana. A temporada não tem sido fácil, especialmente para Romain Grosjean, cujo estilo de pilotagem é mais duro com os freios, calcanhar-de-Aquiles do carro, do que o companheiro Kevin Magnussen. Mas a equipe fez mudanças antes da prova de Spielberg e mostrou que pode começar a incomodar Force India e Williams.

    Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Piores

  • Renault lenta

    O time está no centro das especulações sobre o mercado de pilotos para 2018, uma vez que os chefes deixam clara a insatisfação com Jolyon Palmer. A vaga atrai até nomes como Fernando Alonso. Na pista, o time não tem mostrado a evolução que se esperava quando a marca francesa retomou o controle e aumentou o investimento. Quando nove equipes pontuaram em Baku, só os franceses ficaram de fora. E na Áustria o time também ficou no zero, andando no ritmo das Sauber.

    Imagem: Charles Coates/Getty Images
  • Kvyat descontrolado

    O russo não vem tendo uma das melhores temporadas. Aparentando estar sob forte pressão, ele pode estar disputando suas últimas corridas na F-1. Certamente, o fato de ter errado a primeira freada, atingindo em cheio Fernando Alonso e levando, de quebra, Max Verstappen, tirando da corrida um dos carros da Red Bull, certamente não pegou bem internamente na equipe júnior da marca.

    Imagem: Reuters
Dominc Ebenbichler/Reuters Dominc Ebenbichler/Reuters

Não sei por que me acertaram tão forte. Acho que estão querendo jogar boliche

Fernando Alonso

Fernando Alonso, sobre o acidente com Danill Kvyat

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Massa e o blackout da Williams

Felipe Massa tinha várias novidades em seu carro para o GP da Áustria e esperava um bom salto de qualidade, mas foi surpreendido com o rendimento ruim com pneus novos e pouco combustível - mesmo quando a equipe reverteu o carro para a configuração antiga. Na corrida, com mais combustível e pneus usados, o ritmo do carro voltou ao normal e Massa conseguiu aproveitar bem a confusão causada por Kvyat na primeira curva para pular de 17º no grid para nono, mas saiu do carro deixando claro que a equipe precisa entender o “blackout” do sábado em Spielberg.

É importante analisar tudo o que aconteceu para não largar na posição em que largamos aqui. Mas fiquei bastante feliz com a corrida, com o ritmo, com as oportunidades que tive no início da corrida de fazer ultrapassagens na largada. Estou bastante feliz com o resultado: mesmo sendo uma nona colocação, por ter largado em 17º acho que foi uma excelente corrida

Felipe Massa

Felipe Massa

Mark Thompson/Getty Images Mark Thompson/Getty Images

Mais uma chance desperdiçada

Nas entrevistas logo após o GP da Áustria, os jornalistas ingleses tentavam, em vão, arrancar alguma resposta positiva de Lewis Hamilton para a próxima etapa, que será na casa do tricampeão. Porém, ao ver o rival Sebastian Vettel abrir 20 pontos na liderança do campeonato e por acreditar que poderia ter superado Daniel Ricciardo na corrida e conquistar um pódio, Hamilton apenas murmurava que sua fase atual não é das mais positivas.

De fato, só nas últimas duas corridas a desvantagem de Hamilton para Vettel cresceu oito pontos – o alemão já acumula 20 pontos de frente. Além disso, em ambas as provas, a Mercedes demonstrou um ritmo mais forte do que a Ferrari e, por diferentes motivos, o piloto não capitalizou. Em Baku, por uma falha na colocação de seu descanso de capacete. Na Áustria, por uma punição por troca de câmbio.

Para piorar, a prova de Silverstone, já no próximo final de semana, pode não ser o melhor palco para a recuperação. Uma pista com curvas mais velozes favorece, em teoria, a Mercedes, mas o asfalto abrasivo poderia jogar a favor da Ferrari. E, como a etapa seguinte é na Hungria, onde seria surpresa não ver Vettel na frente, é compreensível que Hamilton entenda a importância destes pontos que estão ficando para trás.

Bastidores

Lars Baron/Getty Images Lars Baron/Getty Images

Renovação de Kimi

Prestes a acertar uma renovação milionária com Sebastian Vettel, que giraria em torno de 120 milhões de dólares, a Ferrari estaria querendo diminuir quase pela metade o salário do finlandês, que atualmente recebe algo em torno de 7 milhões fixos mais 10 milhões em cláusulas por resultados. O time italiano queria pagar, no máximo, 8 milhões para o piloto mais velho do grid ficar em 2018. Por isso, as negociações estariam emperradas, com o presidente Marchionne cobrando publicamente o piloto na Áustria.

AP AP

Hamilton na bronca

O pedido de desculpa de Sebastian Vettel pelo ocorrido no GP do Azerbaijão não caiu muito bem para Lewis Hamilton. O inglês queria que o alemão pedisse desculpa pela acusação feita de que Hamilton teria freado propositalmente durante o GP do Azerbaijão para causar uma colisão. Vettel não falou sobre o assunto, mesmo após a telemetria do inglês mostrar que não aconteceu nenhuma ação nesse sentido. A FIA, mesmo depois de ter encerrado o caso oficialmente, também acha que ficou barato para o alemão.

Reprodução Reprodução

Próxima, mas nem tanto

A busca da F-1 por uma piloto mulher não tem sido fácil. Atualmente, quem está mais perto é a colombiana Tatiana Calderón, piloto de desenvolvimento da Sauber e da GP3, onde é companheira do brasileiro Bruno Baptista. O UOL Esporte conversou com Bruno, que explicou que, apesar de Calderón ser talentosa, seu carro tem de ser adaptado no pedal de freio e no volante por deficiências de força. E é isso que está impedindo-a de testar na pista com a Sauber. O objetivo da piloto, contudo, é estar pronta fisicamente no fim do ano para andar no teste de Abu Dhabi, no fim de novembro.

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