Ouro, verde e amarelo

Histórico UFC 200 vira palco para o Brasil reviver protagonismo e respirar aliviado em meio a má fase

Do UOL, em São Paulo
AP Photo/John Locher
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Brasil rouba a cena

A seca brasileira durou apenas dois dias. Após Rafael dos Anjos perder o cinturão dos pesos leves para Eddir Alvarez  na quinta-feira (7) e Claudia Gadelha ser derrotada por Joanna Jedrzejczyk na decisão do TUF Finale 23 no dia seguinte, o Brasil ficou sem títulos no principal circuito de MMA do mundo. Mas roubou a cena no histórico UFC 200 no sábado (9) e deixou Las Vegas com dois cinturões. 

Amanda Nunes atropelou Miesha Tate, finalizou com mata leão a então campeão dos galos ainda no primeiro round e fez história ao tornar-se a primeira mulher brasileira campeã do UFC. Quem também fez bonito foi José Aldo, que retornou ao octógono após derrota acachapante para Connor McGregor, derrotou Frankie Edgar por decisão unânime dos juízes e retomou interinamente o cinturão dos penas. Com isso, aproximou-se a revanche contra McGregor e desafiou o irlandês olhando em seu olho na T-Mobile Arena. 

Para completar o show brasileiro no maior evento da história da companhia de Dana White, Anderson Silva ainda terminou sua luta contra Daniel Cormier ovacionado pelo público em Las Vegas. Com o anúncio de doping de Jon Jones, 'Spider' topou lutar contra o campeão dos meio-pesados sem treinar e com apenas dois dias de preparação. O ex-campeão dos médios perdeu a luta na decisão dos juízes, mas deixou o UFC 200 como grande vencedor moral do evento. 

Os campeões

Rey Del Rio/Getty Images/AFP Rey Del Rio/Getty Images/AFP

Amanda Nunes

A baiana de 28 anos aproveitou a grande chance da carreira. Ela entrou no octógono para duelar contra a então campeã Miesha Tate sabendo que não seria fácil conseguir uma segunda chance para disputar o cinturão. Nem precisou. Com o título dos galos, Amanda agora retorna ao Brasil após um ano longe da família e amigos. Terá o merecido descanso, até saber quem será sua rival na primeira defesa de cinturão. Ela disse que não escolhe rival e enfrentará qualquer uma que Dana White colocar à sua frente.

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José Aldo

O ex-campeão linear e agora interino dos penas não pensa em outra coisa: quer reencontrar Connor McGregor no octógono. Desde a derrota em 13 segundos em dezembro do ano passado, o manauara vinha pedindo incessantemente a revanche contra o falastrão irlandês. Agora, com a posse do cinturão, Aldo ganha seu melhor argumento para convencer o arquirrival e o todo poderoso Dana White. McGregor tem revanche contra Nick Diaz, no UFC 202, em agosto. Depois disso, Aldo o espera.

Derrota com gostinho de vitória

Completar cinco lutas consecutivas sem vencer e não encontrar a vitória há três anos está longe de ser o ideal para um lutador que é constantemente apontado como o maior de todos os tempos. Mas não foi à toa que Anderson Silva saiu comemorando – e muito – da luta em que acabou derrotado por pontos por Daniel Cormier no UFC 200.

‘Spider’ sobreviveu três rounds contra o campeão de uma categoria acima da dele, mais forte (que já lutou muito tempo como peso pesado), sem treinar praticamente nada há meses e numa luta que aceitou com apenas dois dias de antecedência depois de passar por uma cirurgia na vesícula.

Não ter sido nocauteado ou 100% massacrado por Cormier diante deste contexto, substituindo Jon Jones no maior evento promovido pelo UFC, pode ser considerado uma enorme vitória moral para Anderson Silva, que saiu com gostinho de vitória em que pese a derrota. Tanto que, ao final do combate, a torcida em Las Vegas vaiou o norte-americano e ovacionou a lenda brasileira. 

Abre aspas aos brasileiros

Para mim foi um grande desafio pessoal, porque eu consegui colocar em prática o que desenvolvi durante todos esses anos. Estou há muito tempo sem treinar, desde a cirurgia. Então valeu pelo desafio. Eu não espero nada em troca do UFC. Vim aqui fazer o meu trabalho, e nunca lutei por dinheiro. Claro, todos trabalhamos e tenho que receber por isso. Mas vim fazer o que eu gosto. Lutar é o meu ar

Anderson Silva

Anderson Silva, ex-campeão dos médios

Eu mandei uma mensagem para o Dana e disse a ele que seria a nova campeã do UFC. Eu sou a nova campeã. Eu me sinto incrível. Tem um ano que eu não vou ao Brasil, porque eu queria pegar esse cinturão primeiro para depois voltar. Eu falei para a minha família que eu só voltaria ao Brasil depois que eu levasse o cinturão. Eles iam ficar com saudades de mim, mas tinham que entender

Amanda Nunes

Amanda Nunes, campeã dos galos

Eu só tenho um objetivo, que é vencer esse m... [Connor McGregor]. Podem ter certeza que a próxima vez que eu pegar ele aqui, não terá a sorte que teve na ultima vez. Estou pronto. Se fosse agora lutaria. Não vejo problema nenhum. Não perdi nada, sou o campeão e nasci para isso. A gente vai lutar e vou vencer. Só não sei se ele vai manter a palavra de lutar, mas a gente pega ele por aí

José Aldo

José Aldo, campeão interino dos penas

Quem foi bem

  • Amanda Nunes

    A brasileira amassou Miesha Tate no octógono da T-Mobile Arena. Arrasadora, ele encerrou o combate em três minutos e dezesseis segundos fulminantes, que começou com um direito no nariz da rival e terminou com uma finalização por mata leão. Tudo isso após ter sua luta alçada à condição principal com o doping de Jon Jones e chegar para o desafio como "zebra" diante da então campeã. Diante deste roteiro, Amanda Nunes foi sem dúvidas o nome da noite em Las Vegas.

  • José Aldo

    O manauara mostrou por que é um dos grandes campeões da história do UFC e ficou tanto tempo invencível no Ultimate. Contra Frankie Edgar, ele evitou a forte luta de chão do rival, esquivou-se dos golpes com a agilidade de costume e encaixou contragolpes potentes que minaram o oponente. Para completar a performance da histórica edição 200, Aldo proporcionou show também após a vitória, quando chamou McGregor para revanche e não poupou palavras contra o irlandês.

  • Anderson Silva

    'Spider' surpreendeu na luta com Daniel Cormier. O brasileiro de 41 anos suportou três rounds contra o detentor do cinturão dos meio-médios, evitou com bastante competência a boa luta de chão do rival e terminou a luta muito aplaudido pela torcida na T-Mobile Arena em Las Vegas. Mesmo tendo apenas dois dias de preparação e sem treinar para a luta, Anderson Silva ainda deu amostra do rico repertório de chutes e joelhadas, embora não tenha chegado a acertar em cheio o oponente.

  • Brock Lesnar

    A lenda norte-americana retornou em grande estilo ao octógono. Após quase cinco anos sem lutar profissionalmente devido a problemas de saúde, incluindo uma grave diverticulite, o ex-campeão dos pesados retornou com vitória no UFC 200. Completamente dominante no chão, Lesnar encurralou Mark Hunt desde o primeiro round e não deu chances para o rival. Embora não tenha vencido por finalização, Brock apresentou-se em boa forma física e técnica, saindo com moral elevado.

Quem foi mal

  • Miesha Tate

    A ex-campeão dos galos vinha de tomada de cinturão contra Holy Holm, que por sua vez havia desbancado reinado de Ronda Rousey. Chegou para a luta contra a brasileira Amanda Nunes como franca favorita nas bolsas de aposta, mas decepcionou. Não demonstrou poder de reação quando acuada, virou saco de pancadas e foi finalizada ainda no primeiro round.

  • Thiago Marreta

    O brasileiro subiu ao octógono da T-Mobile Arena para enfrentar o maior desafio da carreira, mas não foi páreo para Gerard Mousasi. Ele foi completamente dominado pelo rival e sofreu nocaute após 4 minutos e 32 segundosde luta. O resultado pôs fim à boa sequência de quatro vitórias de Marreta, que perdeu a chance de entrar no top 10 dos médios.

  • Raphael Assunção

    Outro lutator que não foi bem no card preliminar do UFC 200 foi Raphael Assunção. Sem lutar desde outubro de 2014, o brasileiro sentiu a falta de ritmo e foi envolvido pela movimentação de TJ Dillashaw, que sobrou em volume, precisão e contundência. Foi a revanche do americano, que havia perdido para Assunção no Brasil em 2013.

  • Cat Zingano

    A experiente lutadora americana retornou ao octógono após mais de um ano da derrota em 14 segundos para Ronda Rousey. Mas não teve sucesso contra a venezuelana Julianna Peña. Zingano até começou bem de pé, mas não suportou a forte luta de chão da adversária e acabou derrotada por decisão unânime dos juízes.

UFC 200 além das lutas

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Lona 'dourada'

O fã mais assíduo de MMA percebeu uma novidade no UFC 200: a lona 'dourada'. Em comemoração à histórica edição 200 do Ultimate, divulgado como o maior evento já promovido pela companhia de Dana White, o octógono da T-Mobile Arena em Las Vegas ganhou a tonalidade dos campeões. As lonas do UFC, normalmente, são cinzas.

Rigel Salazar/ Ag Fight Rigel Salazar/ Ag Fight

Lesnar leva 'bolada'

Ex-campeão dos pesos pesados do UFC, Brock Lesnar ganhou a maior bolsa da história da companhia para voltar ao octógono após quase cinco anos afastado. O americano 2,5 milhões de dólares - R$ 8,2 milhões na cotação atual. Ele superou McGregor (1 mi de dólares) na lista dos mais bem pagos por uma luta na história do UFC.

Derrotas doloridas para o Brasil

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Rafael dos Anjos

Apesar das vitórias de Amanda Nunes e José Aldo no UFC 200, a Semana Internacional da Luta começou mal para o Brasil. O agora ex-campeão dos leves Rafael dos Anjos perdeu o cinturão na madrugada de sexta-feira (8) para o norte-americano Eddie Alvarez, que chegou à vitória por nocaute ainda no 1º round. O brasileiro se tornou campeão do UFC em março de 2015, ao bater Anthony Pettis. Na sequência, defendeu o cinturão contra Donald Cerrone e comprovou evolução no MMA. Mas perdeu a luta e o cinturão que restava ao Brasil. Mas a seca só durou 48h.

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Claudia Gadelha

O cenário desanimador para o MMA do Brasil seguiu na madrugada seguinte. Na luta principal do TUF Finale 23, na madrugada de sábado (9), em Las Vegas, Claudia Gadelha perdeu para Joanna Jedrzejczyk por decisão unânime dos juízes. A brasileira até começou melhor na luta, soltando uma bomba de canhota que levou a adversária à lona. Nos dois primeiros rounds, ela pressionou Joanna no clinch e no jogo de chão. Mas gastou energia demais no começo, cansou e desperdiçou a chance da conquista do cinturão dos pesos palhas.

Confira todos os resultados da Semana Internacional da Luta

UFC 200
9 de julho, em Las Vegas (EUA)

CARD PRINCIPAL
Amanda Nunes venceu Miesha Tate por finalização aos 3m16s do R1
Brock Lesnar venceu Mark Hunt por decisão unânime (triplo 29-27)
Daniel Cormier venceu Anderson Silva por decisão unânime (triplo 30-26)
José Aldo venceu Frankie Edgar por decisão unânime (49-46, 49-46, 48-47)
Cain Velásquez venceu Travis Browne por nocaute técnico aos 4m57s do R1
CARD PRELIMINAR
Julianna Peña venceu Cat Zingano por decisão unânime (triplo 29-28)
Kelvin Gastelum venceu Johny Hendricks por decisão unânime (29-28, 30-27, 30-27)
TJ Dillashaw venceu Raphael Assunção por decisão unânime (triplo 30-27)
Sage Northcutt venceu Enrique Marin por decisão unânime (triplo 29-28)
Joe Lauzon venceu Diego Sanchez por nocaute técnico a 1m26s do R1
Gegard Mousasi venceu Thiago Marreta por nocaute aos 4m32s do R1
Jim Miller venceu Takanori Gomi por nocaute técnico aos 2m18s do R1

TUF 23 Finale
8 de julho, em Las Vegas (EUA)

CARD PRINCIPAL
Joanna Jedrzejczyk derrotou Claudia Gadelha por decisão unânime dos juízes
Andrew Sanchez derrotou Khalil Rountree por decisão unânime dos juízes
Tatiana Suarez derrotou Amanda Cooper por finalização (D’Arce choke) aos 3m43s do R1
Will Brooks derrotou Ross Pearson por decisão unânime dos juízes
Doo Ho Choi derrotou Thiago Tavares por nocaute técnico (socos) aos 2m42s do R1
Joaquim Netto BJJ derrotou Andrew Holbrook por nocaute técnico (socos) aos 34s do R1
CARD PRELIMINAR
Gray Maynard derrotou Fernando Açougueiro por decisão unânime dos juízes
Matheus Nicolau derrotou John Moraga por decisão dividida dos juízes
Josh Stansbury derrotou Cory Hendricks por decisão majoritária dos juízes
Cézar Mutante derrotou Anthony Smith por decisão unânime dos juízes
Kevin Lee derrotou Jake Matthews por nocaute técnico (socos) aos 4m06s do R1
Li Jingliang derrotou Anton Zafir por nocaute técnico (socos) aos 2m40s do R1

UFC: Dos Anjos x Alvarez
7 de julho, em Las Vegas (EUA)

CARD PRINCIPAL
Eddie Alvarez venceu Rafael dos Anjos por nocaute técnico aos 3m49s do R1
Derrick Lewis venceu Roy Nelson por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)
Alan Jouban venceu Belal Muhammad por decisão unânime (28-27, 29-28 e 29-27)
Joseph Duffy venceu Mitch Clarke por finalização aos 25s do R1
CARD PRELIMINAR
Alberto Miná venceu Mike Pyle por nocaute técnico a 1m17s do R2
John Makdessi venceu Mehdi Baghdad por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28)
Anthony Birchak venceu Dileno Lopes por decisão dividida (29-28, 27-30 e 29-28)
Pedro Munhoz venceu Russell Doane por finalização aos 2m08s do R1
Felipe Sertanejo venceu Jerrod Sanders por finalização a 1m39s do R2
Gilbert Durinho venceu Lukasz Sajewski por finalização aos 4m57s do R1
Marco Beltran venceu Reginaldo Vieira por finalização aos 3m04s do R2
Vicente Luque venceu Álvaro Herrera por finalização aos 3m52s do R2

 

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