Quase um milagre
Não bastasse o biótipo pouco adequado para o vôlei, Mireya quase não veio ao mundo. Depois de seis filhos homens, sua mãe, Catalina, estava decidida a ligar as trompas depois do nascimento de Mirta, a primeira menina, em 1963. O marido, porém, não concordou com a cirurgia.
"Costumo dizer que minha vida foi um privilégio, quase um milagre", admite Mireya. "Fui uma casualidade (risos). Assim como foi uma casualidade também ter jogado vôlei, conquistado tantas coisas e realizar esse sonho".
Em mais uma dessas coincidências do destino, coube justamente a Mirta a função de abrir as portas do vôlei para Mireya. Primeira a se interessar pelo esporte, ainda na escola, passou pela seleção juvenil de Cuba. Foi ela que insistiu para que os treinadores da Escola de Iniciação Esportiva ao menos dessem uma chance de participar do teste de admissão para sua irmã baixinha.
A treinadora responsável pela avaliação, Candida Jimenez, achou que seria perda de tempo. Com 11 anos, tinha só 1,48 m, bem mais baixa que outras candidatas. Para terminar logo com aquilo, propôs que Mireya alcançasse o teto, a 2,45 m do chão, em um salto. Para perplexidade da professora, ela tocou o teto várias vezes. Quatro anos depois, Mireya estreou na seleção adulta.