Tira-teima

Warriors e Cavs comprovam que são os 'donos' da NBA atual e impõem nova rivalidade histórica

Lucas Pastore Do UOL, em São Paulo

Eles de novo

Pela primeira vez na história, dois times vão disputar a final da NBA pela terceira vez seguida. Se alguns anos atrás eles eram considerados 'patinhos feios', Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers hoje sobram na liga e repetirão a decisão de 2015 e 2016. 

Será um tira-teima: em 2015 deu Warriors por 4 a 2, frustrando a primeira temporada de LeBron James em seu retorno ao rival. No ano seguinte, virada histórica dos Cavs por 4 a 3, que levantou o primeiro troféu de sua história após reverter uma desvantagem de 3 a 1.

Em 2017, as duas equipes chegam à decisão após reinarem absolutos nos playoffs. Os Warriors 'varreram' Portland TrailBlazers, Utah Jazz e San Antonio Spurs de forma invicta. Os Cavs também tiveram uma campanha quase perfeita, atropelando Indiana Pacers, Toronto Raptors e perdendo apenas um jogo contra o Boston Celtics.

LeBron James e Stephen Curry seguem como as principais peças deste tabuleiro repleto de provocações e rivalidade. A novidade em relação aos anos anteriores é a presença de Kevin Durant, que se juntou aos Warriors "para ser campeão". Será o bastante para desbancar o adversário?

A rivalidade

A reincidência dos finalistas acirrou a rivalidade entre os dois times. Ao longo dos últimos anos, provocações se tornaram comuns entre os dois lados, assim como faltas duras. O caso mais notável aconteceu na final da última temporada, quando Draymond Green se envolveu em entrevero com LeBron James e estourou o limite de faltas técnicas, sendo suspenso para a partida seguinte.

No Halloween do ano passado, a decoração da festa promovida por LeBron tinha menções à liderança de 3 a 1 que os Warriors desperdiçaram na final do ano passado e a Stephen Curry, que apareceu no chão para ser pisado pelos adversários.

Neste ano, Green fez falta dura em LeBron no duelo entre as duas equipes disputado na Califórnia e tirou sarro da reação do adversário, acusando-o de simular. 

"Você não quer ver nada do tipo vindo deles. Para mim, pessoalmente, são só piadas porque você ainda tem que jogar. Então nada dessa m**** importa até você entrar em quadra"

Kevin Durant

Kevin Durant, Ala dos Warriors, sobre as decorações da festa de Halloween de LeBron

"Fiz a falta para parar o contra-ataque, e ele caiu. O que aconteceu depois eu não sei. Disse para Richard Jefferson sair da minha frente, levei uma falta técnica. Só um momento de calor no jogo. Me divertindo um pouco. Nada grande"

Draymond Green

Draymond Green, Ala-pivô dos Warriors, sobre falta dura em LeBron neste ano

"Do mesmo jeito que as pessoas queriam ver Boston Celtics x Los Angeles Lakers antigamente, acho que hoje as pessoas querem ver Warriors x Cavs. E não tem problema, porque hoje são dois dos times que estão jogando o melhor basquete da liga"

Tyronn Lue

Tyronn Lue, Técnico dos Cavs, sobre a rivalidade

Curry é o rei dos 3 pontos. Mas LeBron não fica muito atrás...

O craque movido a pizza congelada e tornozelo benzido

Pizza congelada, macarrão instantâneo e salgadinhos. Este cardápio saboroso, porém pouco recomendável, não é usual a um atleta de alto rendimento, certo? Mas Stephen Curry, o rei dos arremessos de três pontos, está bem longe de ser um esportista comum.

O homem que mudou o jogo com recordes atrás de recordes nos chutes de três não dispensa uma 'bobagem' na hora da refeição, como revelou recentemente sua mulher - que vai ao desespero quando ele faz a alegria dos filhos com comidas gordurosas e doces.

Dono de um físico franzino para os padrões da NBA, Curry já foi assombrado por sucessivas lesões nos dois tornozelos. E a solução para o problema também não foi usual: teve as pernas ungidas com óleo pelo ex-técnico dos Warriors Mark Jackson e sua esposa, que são pastores, em 2013. Desde então, foram poucos jogos perdidos por contusão.

 

O que ainda falta para LeBron James?

“LeBron James não tem mais nada a provar na carreira. Mas acho que, lá no fundo, ele quer ser melhor que Michael Jordan. Até aqui, em estatísticas, títulos e prêmios, ele não tem nada para provar. Neste momento, LeBron está perseguindo o maior”. A opinião de Paul Pierce, ídolo do Boston Celtics e maior rival do ala do Cavs, levanta a questão: o que ainda falta para o astro de Cleveland?

Títulos e prêmios ele já tem aos montes: foi tricampeão da NBA, eleito três vezes o melhor jogador das finais e quatro vezes o melhor jogador da temporada. Ainda foi 13 vezes convocado para o All-Star Game e 11 vezes escalado na seleção ideal da temporada. As comparações com Jordan, que existem antes mesmo de sua entrada na NBA, são inevitáveis.

Seria LeBron o maior da história do basquete? Os números dizem que ainda não, já que a lenda do Chicago Bulls se aposentou com seis títulos da NBA, seis prêmios de melhor das finais e cinco de melhor jogador da temporada regular. O caminho, porém, está pavimentado e nem o próprio LeBron esconde que segue nos passos do ídolo: o que inclui a camisa 23 e a participação no filme Space Jam 2.

“Fiz praticamente tudo que Jordan fazia quando eu era criança. Eu arremessava que nem ele. Usava tênis preto e vermelho com meia branca. Eu usava shorts curtos para dar para ver os shorts de baixo. Só não fiquei careca como Mike, mas estou chegando lá”, brincou LeBron.

Não é só Curry e LeBron: eles também podem surpreender

'Atalho', críticas e pressão: tudo pelo título

Astro da NBA larga time de origem, deixa antigos fãs furiosos e vai para o time mais forte da liga para ser campeão pela primeira vez. O roteiro não é novo e já fez com que LeBron James fosse o 'jogador mais odiado' por muito tempo. A bola da vez, porém, é Kevin Durant, que se juntou aos Warriors após seguidas decepções em Oklahoma - a última em 2016, quando o Thunder levou a virada na final da Conferência após abrir 3 a 1.

Ao lado de Stephen Curry, Klay Thompson e companhia, Durant tem a melhor chance que já teve até então para ganhar seu primeiro anel de campeão. O que não o fez escapar das pesadas críticas pelo 'atalho' para a taça (Charles Barkley não tem poupado palavras).

"Eu estou em paz comigo mesmo. Estou tranquilo como jogador de basquete, o que é mais importante. Eu penso que essa mudança, e toda a crítica que veio junto com ela, tem nenhuma influência no que é mais importante que é jogar basquete e treinar duro todo dia para ser cada vez melhor", afirmou, em entrevista ao USA Today.

A Terra é plana, tio!?

O controle de bola de Kyrie Irving, considerado um dos jogadores mais habilidosos da NBA, e seu papel como Uncle Drew, o velhinho que domina partidas nas quadras públicas dos Estados Unidos, o tornam um dos jogadores mais carismáticos da liga. Neste ano, o armador dos Cavs ganhou ainda mais apelo midiático com a cômica revelação de que acredita que a Terra é plana.

“Isso não é nem sequer uma teoria da conspiração. A Terra é plana. A Terra é plana! Está diante dos nossos olhos. Estou te dizendo, está bem diante dos nossos olhos! Eles mentem para nós”, disse Irving, em podcast com colegas de equipe. Depois, confirmou sua teoria em entrevista à imprensa americana apesar de se mostrar desconfortável com a repercussão do caso.

“Uncle Drew”, que em português significa “Tio Drew”, é uma série de vídeos produzida por Irving na qual ele se veste de velho para dominar partidas em quadras de rua dos Estados Unidos. Seu companheiro de Cavs Kevin Love já participou de um episódio, assim como Nate Robinson, Baron Davis e Ray Allen.

Em busca do recorde histórico

Em toda a história da NBA, nunca um campeão levou o troféu sem perder jogos nos playoffs. Quem chegou mais perto disso foram Los Angeles Lakers, com 15 vitórias e uma derrota em 2001, e o Philadelphia 76ers, com 12 vitórias e uma derrota em 1983. O Golden State Warriors, que venceu as 12 partidas que fez até agora na pós-temporada, pode superar esse recorde, e o Cleveland Cavaliers, que perdeu apenas uma em 13, pode igualá-lo.

Os melhores dos playoffs

  1. 1

    Los Angeles Lakers

    15 vitórias e uma derrota em 2001

    Imagem: Stan Honda/AFP
  2. 2

    Philadelphia 76ers

    12 vitórias e uma derrota em 1983

    Imagem: AP Photo/File
  3. 3

    Detroit Pistons

    15 vitórias e duas derrotas em 1989

    Imagem: Gregory Shamus/Getty Images
  4. 4

    Chicago Bulls

    15 vitórias e duas derrotas em 1991

    Imagem: Jonathan Daniel/Allsport/Getty Images
  5. 5

    San Antonio Spurs

    15 vitórias e duas derrotas em 1999

    Imagem: Mark Lennihan/AP Photo
  6. 6

    Milwaukee Bucks

    12 vitórias e duas derrotas em 1971

    Imagem: Reprodução
  7. 7

    Los Angeles Lakers

    12 vitórias e duas derrotas em 1983

    Imagem: Gene Puskar/AP Photo
  8. 8

    Boston Celtics

    15 vitórias e três derrotas em 1986

    Imagem: AP Photo
  9. 9

    Los Angeles Lakers

    15 vitórias e três derrotas em 1987

    Imagem: Allsport/Getty Images
  10. 10

    Chicago Bulls

    15 vitórias e três derrotas em 1996

    Imagem: Jonathan Daniel/Getty Images

E os brasileiros?

Pela primeira vez em cinco anos, a final da NBA não tem nenhum brasileiro em ação. O fim precoce da temporada antecede férias cheias de incertezas para os jogadores do país.

Nenê e Tiago Splitter são agentes livre irrestritos após participarem da reta final das campanhas de Houston Rockets e Philadelphia 76ers, respectivamente. Isso significa que os pivôs não têm qualquer vínculo com nenhuma franquia para a próxima temporada.

Raulzinho e Leandrinho têm contrato não garantido com Utah Jazz e Phoenix Suns, respectivamente, para a temporada 2017/2018, o que significa que as franquias podem dispensá-los a qualquer momento e pagar apenas o proporcional aos dias trabalhados.

Cristiano Felício tem uma opção de qualifying offer com o Chicago Bulls para a próxima temporada. Isso significa que a franquia tem o direito de igualar qualquer oferta feita por ele no verão americano,

Os únicos brasileiros com contratos garantidos para a temporada 2017/2018 da NBA são Bruno Caboclo e Lucas Bebê, do Toronto Raptors.

Paduardo/AgNews Paduardo/AgNews

Para todo o Brasil

Nesta temporada, a ESPN será a única emissora brasileira a transmitir os jogos da Final da NBA ao vivo. A novidade da decisão deste ano fica por conta da volta da liga profissional americana à televisão aberta. Isso porque a Rede Globo vai exibir compactos das partidas a partir da quarta, podendo transmitir até quatro duelos.

Os VTs serão exibidos nas madrugadas que sucedem os duelos. O jogo 4 será realizado no dia 9 de junho. As partidas de número 5, 6 e 7, se necessárias, acontecem nos dias 12, 15 e 18, respectivamente.

Hortência será comentarista das finais da NBA na Globo. O SporTV, que dividiu as transmissões ao vivo com a ESPN ao logo da temporada, também vai exibir VTs das partidas decisivas.

Com isso, a NBA volta à televisão aberta brasileira depois de mais de 20 anos. A Bandeirantes exibiu partidas da liga profissional americana nas décadas de 1980 e 1990.

Arte UOL

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