Mãozinha contra má-fase

Corinthians volta a vencer com gol polêmico e ainda conta com tropeços dos rivais para abrir (mais) vantagem

Bruno Doro Do UOL, em São Paulo
Alexandre Schneider/Getty Images

Tudo de volta ao normal no Brasileirão

A fase do Corinthians era complicada. O time vinha de três derrotas em quatro rodadas do returno do Brasileirão, empate em casa na Sul-Americana e aumento nas críticas sobre a força do elenco. Mas nada como um dia após o outro.

Neste domingo, aquele Corinthians do início do campeonato, que sofria mas vencia por 1 a 0, voltou a aparecer. A vítima da vez foi o Vasco da Gama, na Arena Corinthians, com gol de Jô, de “cabeça” – o toque para dentro foi com o braço direito, mas a arbitragem não viu.

Também como no primeiro turno, os rivais deixaram os corintianos abrirem vantagem na tabela: vice-líder, o Grêmio perdeu, em casa, para a Chapecoense e o Santos, terceiro colocado, levou 2 a 0 do Botafogo. O resultado? O Corinthians agora tem dez pontos de vantagem como líder.

Corinthians comemora

Claro que é uma grande vantagem, sim. Nessa fase do campeonato, ter dez pontos é uma grande vantagem. Mas temos que ter calma. Continuo dizendo que tem muita coisa para acontecer

Fábio Carille

Fábio Carille, técnico do líder, comemorando o 1 a 0

Tivemos um pouco de nervosismo de querer definir rápido as jogadas. Nossa busca era melhorar a parte ofensiva. Falei para buscar jogadas, triangulações, mas com mais concentração depois de perder a bola

também Carille

também Carille, explicando o que pediu ao seu time

Vice-líder marcado

Quando um time consegue destaque, chama atenção. Assim como estudamos as outras equipes, temos um setor responsável por isso, recebemos uma avaliação, os outros times também têm e vão estudando nosso time ao longo dos tempos

Marcelo Grohe

Marcelo Grohe, goleiro do Grêmio

Notamos que os times jogam todos da mesma forma. O Vasco, até mesmo em casa, jogou muito defensivamente. Isso é uma questão nossa, interna, o professor Renato vai fazer uma avaliação para que possamos ter um melhor rendimento e achar soluções

Também Grohe, explicando a derrota de 1 a 0 para a Chape

Terceiro colocado poupado

A responsabilidade era toda minha, não dava para esperar muito com todas as alterações. Coincidentemente, o Botafogo está em uma situação parecida. Os dois times vão ter de dar tudo que podem na Libertadores e ficamos vulneráveis

Levir Culpi

Levir Culpi, técnico do Santos, que só escalou um de seus titulares habituais, o goleiro Vanderlei, na derrota por 2 a 0 para o Bota

Alexandre Schneider/Getty Images

Porque Jô não acusou a bola na mão?

Faltou Fair-Play?

Aos 28 minutos do segundo tempo, Marquinhos Gabriel cruzou em direção ao gol do Vasco. A bola estava entrando, mas Jô desviou. A bola bateu no braço do corintiano e entrou. O árbitro Elmo Resende e o auxiliar atrás do gol não viram a irregularidade. Gol validado e mais um 1 a 0 do Corinthians no Brasileirão.

Jô foi questionado na saída de campo sobre fair-play. Perguntaram porque ele não disse que a bola bateu no seu braço. Em sua defesa, alegou que “não sentiu onde a bola tocou”. Negou má-fé. O técnico Fábio Carille o defendeu, disse que existia dúvida se o toque de mão foi antes ou depois que a bola cruzou a linha do gol.

Ainda antes do fim do jogo, muita gente questionava a falta de fair-play do atacante. Afinal, foi justamente ele um dos protagonistas do maior lance de “jogo limpo” do futebol brasileiro em 2017. Nas semifinais do Paulistão, ele levou um cartão amarelo contra o São Paulo (que o suspenderia do segundo jogo), mas o árbitro voltou atrás após o zagueiro rival Rodrigo Caio avisar que foi ele, e não Jô, quem tinha pisado no goleiro Renan Ribeiro.

As duas posturas foram diferentes, mas devem gerar o mesmo resultado: muita discussão sobre fair-play, mas pouca mudança real de comportamento. Veja o que os principais atoras no caso corintiano falaram. E a opinião dos blogueiros do UOL:

A bola na mão no gol do Corinthians

Se eu tivesse convicção, eu ia falar. Me joguei na bola e não vi se tocou ou não. Se tivesse tocado, eu ia falar. Mas eu me joguei, eu me projeto na bola. E se tocou ou não, é interpretação do árbitro

, sobre o lance

Opinião dos blogueiros

Elmo Rezende deveria apitar o campeonato tailandês. Juntamente com o árbitro adicional que estava atrás do gol de Martin Silva. Eles não viram que o gol de Jô foi com o braço. Um erro imperdoável, pior ainda do que o pênalti que Elmo não deu em Jô no primeiro tempo
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Menon

Menon

Jô, que vive um grande ano, o ano da redenção, será campeão e é o jogador mais valioso do Brasileiro. Mas deu uma bola fora daquelas. Sim, eu sei que é difícil, com a bola dentro e a torcida comemorando, avisar o juiz da ilegalidade. Mais fácil teria sido não esticar o braço
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Júlio Gomes

Júlio Gomes

Após meter a mão na bola, o atacante se fez de desentendido e disse que não sabe se bateu ou não no seu braço. A declaração seria cômica se não fosse um retrato de um Brasil tomado pela hipocrisia. Ele tenta nos fazer de otários com uma mentira.
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Rodrigo Mattos

Rodrigo Mattos

Jô, que tanto elogiou a atitude ética de Rodrigo Caio, foi incapaz de repetir o gesto do zagueiro tricolor
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Juca Kfouri

Juca Kfouri

Se Jô admitisse a irregularidade, ganharia um lugar na história. Seria uma bela chance de dar exemplo.
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Mauro Beting

Mauro Beting

Opinião de quem estava em campo

Eu apoiaria (se Jô avisasse). Não vou contra. Vocês me conhecem. Sou correto e honesto demais com essas coisas

Fábio Carille

Fábio Carille, técnico do Corinthians

Não foi injustiça (o resultado final) porque também teve um pênalti para a gente que o juiz não deu

Fagner

Fagner, lateral do Corinthians

Existe, sim (honestidade no futebol). E para melhoria do futebol isso tem que ser cada vez mais comum. Mas eu estou dizendo. Muita gente em dúvida e que a bola já estava dentro. Como o Jô vai saber se estava dentro ou fora? Olha a dúvida que existe dentro do lance. Ele pode falar que pegou na mão. Mas e se a bola já estava dentro?

Carille

Carille, dando outra visão ao fato

Não existe alguém tocar na bola com qualquer parte do corpo e não sentir. Cada um paga com a moeda que quer. Rodrigo Caio está a favor do fair play e agora está brigando contra a Série B. O Jô, que fez o gol com a mão, está brigando pelo título. Para se ver como é aqui no Brasil. Não sei como reagiria se fosse comigo porque nunca passei por um lance desses. Mas eu tenho meu modo de agir

Martín Silva

Martín Silva, goleiro do Vasco

Opinião dos comentaristas da TV

O Rodrigo Caio chegou e falou: "Não foi o Jô que pisou". E se o Jô disse na entrevista que ele é homem de Deus, que jamais iria trapacear para fazer um gol, então que falasse a verdade: "Usei o braço para fazer o gol"

Neto

Neto, comentarista da Band

Não acho que o Jô tenha que ser o cara mais verdadeiro do mundo, salvar o mundo. Não, isso é uma disputa de futebol e quem tem que ver se houve irregularidade é o árbitro. Ele está ali para isso. A única coisa que eu discordo é o Jô insistir que não sabe onde bateu. A certeza de que foi com o braço ele já tinha quando deixou a Arena Corinthians

Edmundo

Edmundo, comentarista da Fox Sports

O Jô foi o pivô de um momento de honestidade de jogador adversário, fez o gol e comemorou o gol. Porque assim é o futebol. Não estou demonizando o jogador do Corinthians. O juiz erra, o jogador aproveita e sai comemorando o gol naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Como fez o Maradona, o Jô e tantos outros

Mauro Cézar Pereira

Mauro Cézar Pereira, comentarista da ESPN

Bumerangue do Brasileirão

Chute do meio-campo foi tendência na rodada do fim de semana

Buda Mendes/Getty Images Buda Mendes/Getty Images

Quem foi bem

  • Everton Ribeiro (Flamengo)

    Reserva com Rueda, mostrou que a torcida tem razão ao pedir sua escalação. Com bela atuação, liderou o ataque, fez um gol e foi o condutor da vitória do Fla.

    Imagem: Dhavid Normando/Futura Press/Estadão Conteúdo
  • Martín Silva (Vasco)

    Seu time perdeu, mas o uruguaio fez pelo menos dois milagres: um a queima roupa com Rodriguinho dentro da pequena área, e outro em toque de Escudero, que quase fez gol contra.

    Imagem: WALLACE TEIXEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Militão (São Paulo)

    Improvisado na lateral direita, o volante, de 19 anos, foi uma excelente opção. Além de ajudar na marcação, ele criou boas jogadas. De quebra, fez o seu primeiro gol como jogador profissional.

    Imagem: ARACELI SOUZA/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Vanderlei (Santos)

    Mesmo derrotado (Botafogo venceu por 2 a 0), o goleiro foi, disparado, o melhor em campo. O santista fez aos menos cinco grandes defesas durante a partida e evitou um desastre maior.

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
Guilherme Hahn/AGIF Guilherme Hahn/AGIF

Quem foi mal

  • Neilton (Vitória)

    O atacante que começou a temporada no São Paulo ficou abaixo do esperado: não deu sequência às jogadas e, impedido, perdeu uma chance incrível no segundo tempo.

    Imagem: Divulgação/Vitória
  • L. González (Atlético-PR)

    Só um chute a gol. De resto, foi de uma falta sua que nasceu o gol do Fluminense. O volante nem voltou para o segundo tempo e foi substituído por Matheus Rossetto.

    Imagem: Jason Silva/Estadão Conteúdo
  • Cazares (Atlético-MG)

    Sua função é armar o time, mas no 1 a 1 contra o Avaí abusou dos passes errados, inclusive nos poucos contra-ataques que o Galo teve. Saiu para a entrada de Robinho.

    Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
  • Sheik (Ponte Preta)

    Improvisado como armador, não conseguiu fazer o time andar. No segundo tempo, de volta ao ataque, pouco ameaçou a defesa do Atlético-GO (que venceu por 3 a 1).

    Imagem: Luciano Claudino/Código19/Estadão Conteúdo
Arte/UOL
Reprodução Reprodução

#Jô na Seleção de Vôlei

O gol de Jô não rendeu apenas críticas: virou, também, alegria da internet. Como a bola bateu na mão, a galera foi rápida com os memes. O atacante não foi convocado por Tite para a seleção de futebol, mas pode ser aproveitado na de vôlei. Maradona também deu o seu “apoio”, da “Mano de Díos” para “La Mano de Jô”.

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#Um Dia de Jejum

Aos 23 minutos do primeiro tempo de Chapecoense 1 x 0 Grêmio, Wellington Paulista completou um feito inusitado: 24 horas de bola rolando sem marcar um gol sequer. São 19 partidas sem marcar. Ele até tentou acabar com isso, sem sucesso. O melhor dos lances aconteceu aos 44 do primeiro tempo: ao perceber Marcelo Grohe adiantado, bateu de trás do meio de campo. A bola entraria não fosse a intervenção do goleiro gremista, que colocou para escanteio.

Gilvan de Souza/Flamengo Gilvan de Souza/Flamengo

#Brasileirão dos Poupados

Já virou regra: tem jogo da Libertadores ou da Copa do Brasil, técnicos poupam jogadores no Brasileirão. Voltou a acontecer na 24ª rodada. O Santos que perdeu do Botafogo, por exemplo, só tinha, dos titulares usuais, o goleiro Vanderlei em campo - a equipe tinha acabado de voltar de uma desgastante viagem para o Equador pelas quartas da Libertadores. O Botafogo também entrou com time misto, pensando na decisão contra o Grêmio, também pelo torneio sul-americano. Os gaúchos também pouparam cinco titulares – entre eles Geromel e Luan – na derrota para a Chape. Até o Flamengo entrou na moda: Rueda deixou o goleiro Diego Alves (que não foi inscrito na Copa do Brasil) no banco para dar ritmo Muralha, que será seu titular na decisão contra o Cruzeiro. Detalhe: a final da Copa do Brasil será apenas no dia 27.

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#Pressão de torcida funciona

No São Paulo, o assunto da semana foi a ?reunião? de alguns torcedores de organizadas com o técnico Dorival Júnior, dirigentes e jogadores do elenco. Se a pressão feita funcionou, ninguém nunca saberá. Mas no primeiro jogo depois da conversa, o São Paulo voltou a vencer, 2 a 1 sobre o Vitória.

GIULIANO GOMES/PR PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO GIULIANO GOMES/PR PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

#Mais Respeito, Seu Kanu!

Ainda na vitória do São Paulo sobre o Vitória, o pré-jogo contou com uma provocação: o zagueiro Kanu disse que o time baiano iria ?atropelar?. Não aconteceu. ?Queria falar para o seu Kanu que para atropelar pai de família tem de fazer muito mais. Mais respeito, seu Kanu?, falou o volante Petros.

Reprodução Reprodução

#Moro Em Pleno Exercício da Paixão Clubística

Personalidade discutida nacionalmente por conta da Operação Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro teve um de seus "segredos" revelados nesta rodada do Brasileirão, quando o Atlético-PR derrotou o Fluminense por 3 a 1 na Arena da Baixada. Moro foi clicado por um torcedor em pleno exercício da paixão pelo Furacão, comemorando os gols da vitória sobre o Tricolor carioca, contando com um leve "disfarce": óculos escuros e boné vermelho.

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