Em queda livre

Falta de planejamento derruba Inter à Série B; desmanche e brigas internas tiram Corinthians da Libertadores

Da Redação, em São Paulo
Buda Mendes/Getty Images
Buda Mendes/Getty Images Buda Mendes/Getty Images

O empate com o Fluminense na última rodada foi um mero detalhe e serviu apenas para decorar uma campanha cheia de trapalhadas do Internacional. Como resultado disso, veio a 17ª colocação e o inédito rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. Foram quatro técnicos comandando um time que foi líder por três rodadas no começo do torneio. Mas Argel, Falcão, Celso Roth e Lisca não conseguiram evitar o vexame colorado.

Menos mal que, dessa vez, o presidente do Inter, Vitório Píffero, assumiu a queda e afastou a possibilidade de reverter o resultado no STJD. "Estou reconhecendo como justo dentro de campo o rebaixamento. O Internacional vai jogar a Série B do ano que vem com o apoio do seu torcedor", disse o dirigente .

Outra decepção do campeonato e que passou por um processo semelhante foi o Corinthians. O time paulista defendia o título, mas não conseguiu sequer a vaga na Libertadores, terminando na 7ª posição. Assim como o Inter, as trocas de técnico também foram preponderantes. Após perder Tite para a seleção brasileira, vieram Cristóvão Borges e Oswaldo Oliveira, que não conseguiram dar jeito no time. O desmanche da equipe campeã e as brigas internas em sua diretoria também pesam na queda de rendimento corintiano.

ler mais

Blogueiros comentam decepções

Foram três técnicos do Corinthians neste ano. Foram quatro do Internacional, com mudanças drásticas. Os fracassos não aconteceram neste domingo. Acumulam-se durante toda a campanha do Brasileirão
ler mais

Paulo Vinícius Coelho

Paulo Vinícius Coelho, blogueiro do UOL Esporte

O Inter não pode mais dizer que clube grande não cai. Agora é aceitar com dignidade, voltar tranquilamente no ano que vem e se preparar para novas glórias
ler mais

Juca Kfouri

Juca Kfouri, blogueiro do UOL Esporte

A diretoria sempre foi arrogante e soberba, com decisões e atitudes absurdas. Gastou fortunas em jogadores médios e pecou no planejamento, ainda no início do ano. Achou que o hexacampeonato gaúcho seria parâmetro para o Brasileiro
ler mais

Alexandre Praetzel

Alexandre Praetzel, blogueiro do UOL Esporte

Os erros na queda do Inter

  • Renovação brusca

    Para diminuir a folha salarial, o Internacional apostou em seus jovens talentos. A sensação é de que a renovação foi radical

  • Dúvida sobre Argel

    O treinador foi mantido no cargo em 2016 e fechou contrato até o fim do ano, mas viveu sob críticas e não conseguiu fazer o time evoluir

  • Departamento enxuto

    O Departamento de Futebol colorado teve poucos responsáveis pelas decisões importantes

  • Vexame em sequência

    Foram 14 jogos sem vitória durante o Brasileirão. A série negativa levou o Colorado para as últimas colocações

  • 27 dias de Falcão

    Paulo Roberto Falcão foi contratado após negativas de Abel Braga e Mano. Mas nem teve tempo para trabalhar

  • Roth não emplacou

    Terceiro técnico do time no Brasileiro, Celso Roth dirigiu o Inter por 22 partidas e só foi demitido a três rodadas do fim

  • Na rabeira

    Foram apenas 12 rodadas na zona de rebaixamento. Mas o declínio foi tão acentuado que o Inter não conseguiu reagir

  • Apatia até no fim

    Para sacramentar a queda, veio o empate com o Fluminense na última rodada. E o Inter não fez por merecer a vitória

Torcida do Grêmio não perdoa e comemora gol do Fluminense diante do Inter

Alegria de quem "escapou"

Deixamos o Internacional em 9º colocado e fomos demitidos. Faz parte. Então, minha história no Internacional acaba ali

Argel

Argel, técnico do Vitória, após derrota para o Palmeiras

Meus companheiros são pessoas fantásticas. Com toda a dificuldade, ainda tem a notícia boa que sou artilheiro

Diego Souza

Diego Souza, Meia do Sport, após vitória sobre o Figueirense

Corinthians esteve na Libertadores por apenas 19 minutos

Gisele Pimenta/FramePhoto/Estadão Conteúdo Gisele Pimenta/FramePhoto/Estadão Conteúdo

Nem com ajuda de rival no Paraná

O time corintiano entrou no Estádio do Mineirão sabendo que teria que torcer por tropeços de Botafogo e Atlético-PR. O time carioca não deu chance para o azar e derrotou os reservas do Grêmio. Já os rubro-negros fizeram o que os corintianos esperavam: vacilaram em casa e apenas empataram com o Flamengo, por 0 a 0. 

Porém, a equipe corintiana não conseguiu parar o Cruzeiro, mesmo o time mineiro tendo disputado a última rodada com poucas pretensões. Falhas em um sistema defensivo desorganizado e desatento permitiram que os mineiros virassem a partida em poucos minutos, em dois lances muito semelhantes, encontrando brechas no lado esquerdo da zaga corintiana. 

Ainda sem se encontrar após a saída de Tite, o time corintiano encerra 2016 sem a certeza de que o técnico Oswaldo de Oliveira permanecerá para o próximo ano. Assim como o antecessor Cristóvão Borges, o treinador não tem a confiança da torcida e, se ficar, pode começar a próxima temporada já com uma pressão vinda das arquibancadas.

 

Os erros do ex-campeão Corinthians

  • Desmanche pós-título

    Após uma campanha elogiada e o título brasileiro de 2015, a equipe corintiana passou por um desmanche, perdendo a base da equipe para a temporada 2016. Nomes como Gil, Felipe, Ralf, Elias, Renato Augusto, Vagner Love, Malcom e Jadson saíram ao longo do ano e o time teve que passar por uma remontagem que não deu os frutos esperados.

  • A sombra de Tite

    Mesmo sem a base da equipe, o Corinthians iniciou o campeonato entre os primeiros colocados. Porém, após a saída do técnico Tite, o time foi aos poucos se desencontrando e caindo posições. Sem paz para trabalhar, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira sofreram com a pressão e a desconfiança das arquibancadas.

  • Reforços não deslancharam

    Ao perder seus principais jogadores, o Corinthians foi ao mercado em busca de reposições. Porém, mesmo gastando uma grande quantia em jogadores badalados na temporada 2015, as peças não se encaixaram. Nomes como Marquinhos Gabriel, Balbuena, Giovanni Augusto e Guilherme, entre outros, chegaram com pompa, mas oscilaram demais ao longo do ano.

  • Turbulências internas

    A pressão em cima do presidente Roberto de Andrade também foi um agravante para o time atropelar o planejamento ao longo da temporada. Pedidos de demissão dentro da diretoria, como a de Edu Ferreira (responsável pelo futebol), e o risco de um impeachment do mandatário alvinegro pioraram ainda mais o clima no clube e no elenco alvinegro.

Homenagens à Chapecoense marcam a última rodada

Ivan Storti/Santos FC Ivan Storti/Santos FC

Cofres mais cheios na Vila Belmiro

A disputa pelo vice-campeonato brasileiro não servia apenas para determinar colocações, mas também para definir premiações. E com o gol de Ricardo Oliveira aos 4 minutos do segundo tempo, o Santos venceu o América-MG na Vila Belmiro, terminou o campeonato em segundo lugar e arrebatou R$ 3,4 milhões a mais em sua conta.

Ainda que em um jogo sofrido diante do lanterna, o vice-campeonato do Santos só foi possível graças a um tropeço do Flamengo. O time carioca tinha vantagem de dois pontos, mas ficou no 0 a 0 com o Atlético-PR, na Arena da Baixada, e permitiu a igualdade em 71 pontos. Com isso, o Santos terminou em segundo lugar por ter maior número de vitórias (22 a 20).

Veja qual foi a premiação dos times no Brasileirão:

Palmeiras: R$ 17 milhões
Santos: R$ 10,7 milhões
Flamengo: R$ 7,3 milhões
Atlético-MG: R$ 5,3 milhões
Botafogo: R$ 3,85 milhões
Atlético-PR: R$ 2,6 milhões
Corinthians: R$ 2,25 milhões
Ponte Preta: R$ 1,95 milhão
Grêmio: R$ 1,7 milhão
São Paulo: R$ 1,5 milhão
Chapecoense: R$ 1,3 milhão
Cruzeiro: R$ 1,15 milhão
Fluminense: R$ 1 milhão
Sport: R$ 900 mil
Coritiba: R$ 800 mil
Vitória: R$ 700 mil

Williams Aguiar/Sport Recife Williams Aguiar/Sport Recife

Artilharia x Escassez de gols

Três artilheiros, mas a pior marca dos pontos corridos. William Pottker (Ponte Preta) e Diego Souza (Sport) anotaram na última rodada e chegaram a 14 gols. Os dois se juntaram a Fred no topo da tabela da artilharia.

O feito não é inédito. Em 2008, o Brasileirão teve também três goleadores: Washington, Keirison e Kléber Pereira, com 21 gols. O que sim é inédito é a quantidade de gols neste ano para os artilheiros. É a pior marca desde a adoção dos pontos corridos. A marca mais baixa fora de 18 em 2014, com Fred.

Curtiu? Compartilhe.

Topo