Os reis do 1 a 0

Sem vergonha do placar mínimo, Corinthians e Cruzeiro se mantêm na ponta do Brasileirão

Bruno Doro Do UOL, em São Paulo
Marcello Zambrana/Light Press

Quando 1 a 0 é goleada

Autor do gol da vitória do Corinthians sobre o Atlético-GO, o meia Rodriguinho usou o clichê para explicar a vitória magra por 1 a 0. “Soma os mesmos três pontos de uma goleada”. A frase foi de um corintiano, mas poderia ter sido dita por um cruzeirense.

Corinthians e Cruzeiro são os reis do 1 a 0 do Campeonato Brasileiro até agora. Em três jogos, duas vitórias pelo placar mínimo. O Corinthians venceu Vitória e Atlético-GO e saiu na frente da Chapecoense, na estreia, mas permitiu um gol de empate chorado no início do segundo tempo.

É exatamente a mesma campanha do Cruzeiro: dois 1 a 0, contra Santos (neste domingo) e São Paulo, e um empate em 1 a 1 após sair na frente – contra o Sport. Mesmo com um tropeço, já é um dos melhores inícios de Brasileirão do Cruzeiro em dez anos: “Tem que largar na frente. Porque depois é complicado chegar”, enalteceu o atacante Rafael Marques.

Não é à toa que os dois times são comandados por técnicos de pensamento parecido. Fábio Carille chegou ao Corinthians em 2009 para trabalhar, justamente, com Mano Menezes, hoje técnico do Cruzeiro. Em comum, o apreço por times bem montados defensivamente e um pragmatismo ofensivo. Para eles, ganhar só de 1 a 0 não é vergonha nenhuma.

ADALBERTO MARQUES/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO ADALBERTO MARQUES/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

Por que o Corinthians é líder?

O último domingo de maio terminou com o Corinthians como líder do Campeonato Brasileiro. Embora empate com o Cruzeiro em pontos (7), saldo de gols (2) e gols marcados (3), o clube de Parque São Jorge ocupa a ponta por uma simples questão disciplinar: três cartões amarelos contra seis dos mineiros - em vermelhos, também há empate, já que nenhum dos dois times teve jogadores expulsos.

A terceira rodada, no entanto, ainda não terminou - há a possibilidade de se encerrar mais embolada. A Chapecoense recebe o Avaí, nesta segunda-feira, com a possibilidade de virar líder. Em caso de vitória por 1 a 0 da Chape na Arena Condá, a equipe verde igualará corintianos e cruzeirenses em todos os quesitos.

A Chapecoense também tem três cartões amarelos. Caso não receba nenhum contra o Avaí, ficará com os mesmos números do Corinthians.

Opinião dos blogueiros

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Juca Kfouri

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Bumerangue da rodada: olha o gol que o Jô perdeu...

Frases da rodada

O time ganha bastante de 1 a 0, mas soma os mesmos três pontos como se fosse goleada nesse campeonato que é muito disputado. Toda vitória é importantíssima

Rodriguinho

Rodriguinho, do Corinthians

O jogo foi chato e difícil, ainda mais contra um time que vinha de derrota. As pessoas acham que é fácil, mas o jogo vale três pontos do mesmo jeito

Cássio

Cássio, do Corinthians

Vamos brigar por coisas grandes, por objetivos grandes, por vaga na Libertadores. É chegar nas últimas oito ou 10 rodadas lá em cima

Fábio Carille

Fábio Carille, técnico do Corinthians

Era uma bola defensável. Se eu disser que não, estaria até me desmerecendo. A gente trabalha durante a semana e fica frustrado quando não consegue ir bem no jogo. São erros individuais, erros acontecem. Tenho muito tempo de profissão. É preciso ter tranquilidade para analisar todo o contexto

Fernando Prass

Fernando Prass, do Palmeiras, sobre os gols sofridos contra o São Paulo

A gente dá muito valor a esse ponto, vem de sequência de cinco partidas com viagens praticamente em todas elas. Atlético teve oportunidade de trabalhar a semana toda, por isso conseguiu imprimir ritmo forte

Zé Ricardo

Zé Ricardo, técnico do Flamengo, sobre o 1 x 1 Atlético-PR

Tem hora que tem que ter malandragem, botar a bola no chão. Faltou ter mais a bola, ter mais tranquilidade. Aconteceu. Vai acontecer mais durante o campeonato com todas as equipes

Abel Braga

Abel Braga, técnico do Fluminense, sobre a derrota por 3 a 2 para o Vasco

O Nenê é um jogador como os outros. Não é porque tem mais nome que vai jogar. Treinador não tem que olhar para o rosto, mas para o rendimento nos jogos e treinos. Minhas decisões são em cima disso. O Nenê, como os outros que estão fora do time, está esperando por oportunidades. Entrou, deu a vitória e foi bem. Mas é um processo. Ele e outros estão do lado de fora esperando

Milton Mendes

Milton Mendes, técnico do Vasco, sobre a estrela do seu elenco que ele colocou no banco de reservas

ALAN MORICI/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO ALAN MORICI/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Você me chamou de refugo?

André jogou no Corinthians, mas poucos corintianos lembram. Quando Henrique Dourado chegou ao Fluminense, muita gente perguntava o que ele estava fazendo ali. Até mesmo o God of Clássicos Jô chegou questionado ao parque São Jorge.

Ninguém gosta da palavra refugo, mas não é muito difícil argumentar que cada um desses três jogadores chegou como um ao seu clube atual. Mas como o futebol é dinâmico, já diria o clichê, após três rodada de Brasileirão os refugos viraram celebridade.

MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

André, que colocou o Corinthians na ponta

O atacante que deixou o Parque São Jorge pela porta dos fundos parece destinado a brilhar no Sport. No domingo, quando o time pernambucano mais precisava, ele foi decisivo. Marcou três na virada sobre o Grêmio e colocou, veja a ironia, seu ex-time na liderança do Brasileirão.

Mais uma reviravolta em sua carreira – a segunda apenas nesta temporada. Desde que voltou à Ilha do Retiro, comprado por R$ 5 milhões junto ao Sporting, ele passou 11 jogos sem gols e perdeu três pênaltis seguidos. A virada, aliás, já tinha começado no início do mês, quando ele marcou o gol que levou o Sport à final da Copa do Nordeste.

Thomás Santos/AGIF Thomás Santos/AGIF

Henrique Dourado, que é o artilheiro do Brasileiro

Quer uma prova maior de que alguém chegou em baixa do que ver o cara que o contratou dizer que “não esperava muito” do novo atleta? Pois foi isso que Henrique Dourado, ex-Palmeiras, ouviu nesta semana no Fluminense.

Gerente do Flu, Alexandre Torres admitiu que o centroavante chegou com “certa desconfiança” e, no início da temporada, foi avisado que não teria vaga no elenco. Só ficou por que não apareceram interessados.

Mas Henrique foi de refugo a estrela com Abel Braga. E hoje é artilheiro do Campeonato Brasileiro, com cinco gols – na derrota para o Vasco, foram dois.

Eduardo Anizelli/Folhapress Eduardo Anizelli/Folhapress

Jô, que virou God of Clássicos

O maior exemplo de redenção, porém, tem de ser Jô. Ele não só chegou como refugo, sem jogar há meses, como teve de falar sobre seu problema com álcool. Quando entrou em campo, nenhum dos torcedores acreditava muito naquele veterano que voltava ao clube.

Ele não ligou muito para as críticas, foi marcando gols nos clássicos e hoje se tornou uma das principais figuras do sistema ofensivo corintiano. Não só pelos gols, mas pela atuação como pivô, servindo aos jogadores mais velozes – como no gol incrível que Clayson perdeu contra o Atlético-GO.

Nesta rodada, ele passou em branco. Mas foi o autor de dois dos três gols do time no Brasileirão até agora – mesmo sem ter encarado nenhum clássico...

Em alta

  • André (Sport)

    Atacante marcou três vezes na virada pernambucana sobre o Grêmio: 4 x 3

    Imagem: Reprodução/Divulgação
  • Cássio (Corinthians)

    Salvou o Corinthians no final do jogo e garantiu o 1 a 0 contra o Atlético-GO

    Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
  • Escobar (Vasco)

    Colombiano marcou o seu gol e ainda fez o passe para o gol da vitória no clássico

    Imagem: Paulo Fernandes/Vasco.com.br
  • Pratto (São Paulo)

    Abriu o placar no clássico e garantiu o tabu: Palmeiras não ganha do São Paulo no Morumbi

    Imagem: Ale Cabral/AGIF

Em baixa

  • Prass (Palmeiras)

    Admitiu que os gois gols são-paulinos eram defensáveis na derrota no clássico

    Imagem: Ale Cabral/AGIF
  • Copete (Santos)

    Mais do que não ter jogado bem, deu uma tesoura criminosa em Arrascaeta

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Santos
  • Grafite (Atlético-PR)

    Voltou a ser titular e voltou a não jogar bem. Ainda perdeu um gol feito

    Imagem: Jaime Saldarriaga/Reuters
  • Rogério (Sport)

    O Sport ganhou, mas o atacante saiu no meio-tempo após bate-boca com Rithely

    Imagem: Andre Yanckous/AGIF
Arte/UOL
  • #FoiDeTáxi

    A cena da rodada aconteceu no sábado, uma hora antes do clássico Fluminense x Vasco: os jogadores do cruz-maltino chegaram ao jogo em sete táxis, após o ônibus do elenco quebrar no meio da Linha Amarela.

    Imagem: UOL Esporte
  • #CorinthiansNãoFazFalta

    O líder do Brasileirão não lidera só na tabela de classificação: o time também é o menos faltoso do campeonato. Em três jogos, foram apenas 26 faltas, menor média entre os 20 participantes. Prova de que o time de Carille vai além do 1 a 0.

    Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
  • #ComoUmGatito

    O Botafogo venceu o Bahia por um magro 1 a 0 e o grande nome do jogo foi seu goleiro. Gatito Fernandez fez pelo menos cinco defesas para evitar o gol baiano. Parafraseando um famoso quadro de um programa dominical da Globo, ?Miau!?

    Imagem: Luciano Belford/AGIF
  • #TabuNosClássicos

    No sábado, os dois clássicos tiveram a manutenção de tabus importantes. Com o 2 a 0, o São Paulo aumentou o tabu de 15 anos sem perder do Palmeiras no Morumbi. Já o Vasco, com os 3 a 2, chega a 44 anos sem derrota para o Fluminense em São Januário.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

#FurouaRede

Gol do Fla no empate em 1 a 1 com Atlético-PR teve detalhe inusitado. Confira!

Disseram na TV

Reinaldo Marques/TV Globo Reinaldo Marques/TV Globo

Casão: "Corinthians se acomoda com 1 a 0"

Na transmissão da Globo de Atlético-GO x Corinthians, Casagrande foi bastante crítico em relação à econômica criação ofensiva do time de Fábio Carille: "Eu mudei um pouco de ideia. O Corinthians vai chegar lá em cima, jogando desse jeito. Não oferece muito para o adversário e quando o adversário marca bobeira, chega e faz uma jogada eficiente", avaliou. No entanto, para ele falta agressividade: ?Faz um gol, o time adversário cai emocionalmente. (Se) agride mais, acaba fazendo o segundo gol. Mas o Corinthians se acomoda com 1 a 0, vai tocando ali".

Band/Divulgação Band/Divulgação

Neto: "Borja não vai dar certo no Palmeiras"

Em comentário no Terceiro Tempo, da Band, Neto criticou o colombiano Borja: "Desculpa, mas paciência com um cara que veio por R$ 33 milhões, seis meses de adaptação? Todos os clubes que ele foi não deu certo e não vai dar certo no Palmeiras, também. Vai perder o lugar", opinou. "Ele foi bom jogador no Atlético Nacional, mas não joga, não tem personalidade e não vai jogar no esquema do Cuca", enfatizou Neto. Para ele, Borja ficará até o final do ano e, se o Palmeiras receber proposta, deve vendê-lo: "Se vender por 10 milhões, entrega, para perder só 23 milhões".

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