Rodada do anti-herói

Futebol é feito de gols, mas na 12ª rodada do Brasileirão foram os goleiros (e suas defesas) que se destacaram

Bruno Doro Do UOL, em São Paulo
Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Corinthians é cada vez mais líder. Graças aos goleiros

Dois goleiros, duas defesas de pênaltis e um resultado em comum: quando a 12ª rodada do Campeonato Brasileiro terminar, o Corinthians terá aberto nove pontos de diferença na liderança. São três rodadas de vantagem para o time de Fábio Carille, cada vez mais confortável no torneio.

O primeiro protagonista é Cássio, no jogo do próprio Corinthians. Primeiro, foi a defesa do pênalti de Lucca, com quem costumava treinar no Parque São Jorge antes do empréstimo do atacante para o time de Campinas. Depois, uma defesa vital aos 40 minutos do segundo tempo, em conclusão de Emerson Sheik, outro ex-companheiro. Resultado: Corinthians 2 a 0 sobre a Ponte e 32 pontos na classificação.

O segundo protagonista é Douglas, do Avaí. Emprestado pelo Corinthians ao clube catarinense, ele parou o poderoso ataque do Grêmio, que entrou em campo como vice-líder do Brasileirão. Mas o goleiro não ligou muito para rótulos, pegou um pênalti de Edilson, algumas finalizações de Luan e garantiu o 2 a 0 do Avaí. Com isso, o novo vice-líder é o Flamengo, que venceu o Vasco e tem 23 pontos – nove a menos do que o Corinthians.

Miguel Schincariol/Getty Images Miguel Schincariol/Getty Images

Cássio na seleção?

Cássio saiu de campo como herói. Já são dez pênaltis defendidos com a camisa do Corinthians, quatro apenas nesta temporada. Em entrevista ao UOL Esporte, admitiu que mudou o comportamento nas cobranças.

"Tem jogador que retarda a cobrança e parece até uma paradinha. É preciso trabalhar para esperar o máximo possível para pegar", explicou.

O momento é tão bom que ele ganhou lobby para voltar à seleção. “Ele está fazendo por merecer. Nosso país tem ótimos goleiros e ele está entre eles. O Cássio não é importante só de agora, é desde 2012. Ano passado teve uma caída, mas voltou centrado e está sendo muito importante, principalmente para os jovens”, disse Fábio Carille.

Juntos, Cássio e Carille são responsáveis por um número impressionante: são seis partidas seguidas sem levar gols no Brasileirão.

Tentei definir, bater firme, mas o Cássio foi feliz. É um grande goleiro

Lucca

Lucca, sobre o pênalti perdido

Só cheguei lá para descontrair. Disse: "Você mesmo vai bater o pênalti?"

Cássio

Cássio, sobre o que fez para tentar distrair Lucca

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Herói do Avaí é do Corinthians e passou pelo Grêmio

Douglas é bem menos famoso do que o companheiro de posição. Mas compartilha uma série de coincidências com Cássio. Primeiro, os dois são goleiros do Corinthians: Douglas está emprestado ao Avaí, mas tem contrato com o time do Parque São Jorge até o ano que vem. Os dois têm, também, ligação com o Grêmio.

Cássio foi revelado no Rio Grande do Sul, enquanto Douglas teve uma passagem polêmica por lá. Ele foi emprestado pelo Corinthians aos gaúchos em 2016, mas sofreu uma lesão no joelho. O departamento médico do clube do sul queria tratar da lesão, mas os médicos corintianos preferiram fazer a recuperação em São Paulo.

“O Grohe estava na seleção e eu teria chance, mas acabei sofrendo a lesão. Eu queria ficar, mas não tinha poder para decidir e voltei para São Paulo”, conta o jogador, que já tinha ido bem contra o Botafogo.

Opinião dos blogueiros

Lembra do São Paulo, de Muricy Ramalho, em 2007? No final do primeiro turno, era a melhor defesa da história do Brasileirão, à frente do Palmeiras de 1973, até hoje a melhor média. Na 12a rodada, mesma altura deste momento do Corinthians, Rogério Ceni tinha sofrido só quatro gols. Cássio sofreu cinco
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PVC

PVC

Líder invicto do Brasileirão com 10 vitórias e 2 empates, o Corinthians aumentou a vantagem para o segundo colocado para nove pontos. Desde 2003, é a maior vantagem na 12ª rodada. Até então, a maior diferença era a de 2014, quando o eventual campeão Cruzeiro abriu 5 pontos sobre o Corinthians
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Rodolfo Rodrigues

Rodolfo Rodrigues

Bumerangue da rodada: Qual o gol mais perdido?

Frases da rodada

O juiz errou no nosso gol. É sempre assim. Sempre contra a gente

Nenê

Nenê, do Vasco, após derrota por 1 a 0 para o Flamengo

Os árbitros são passíveis de erros e acertos, isso não tem problema. O problema é quando o cara não aceita a conversa. Quando é o dono da verdade, como é o caso deste árbitro aqui

Cuca

Cuca, sobre Péricles Bassols, após derrota por 3 a 1 do Palmeiras para o Cruzeiro

Duas visões

Agora vamos tentar uma sequência de vitórias para voltar ao campeonato e pensar, quem sabe, no título

Thiago Neves

Thiago Neves, do Cruzeiro, que fechou a rodada a 15 pontos da liderança

Essas três derrotas, este pontos que perdemos, vão fazer falta. Mas temos que seguir brigando

Lucas Barrios

Lucas Barrios, do Grêmio, que caiu para terceiro após derrota para o Avaí

Arte/UOL

#PênaltiNãoEntra

Nas nove partidas do Campeonato Brasileiro neste fim de semana, cinco pênaltis foram marcados e NENHUM ENTROU. Isso mesmo: cinco jogadores diferentes foram para a marca da cal e não conseguiram botar a bola na rede.

A lista de quem perdeu é grande:

  • Lucca, da Ponte Preta (defesa de Cássio em seu canto direito);
  • Edílson, do Grêmio (Douglas pegou no meio do gol);
  • Rafael Moura, do Atlético-MG (defesa de Jefferson em seu canto esquerdo);
  • Lucas Pratto, do São Paulo (acertou a trave esquerda de Vanderlei);
  • Roger, do Botafogo (Victor defendeu em seu canto direito – mas, no rebote, Roger empatou o jogo...) 
Thiago Ribeiro/AGIF Thiago Ribeiro/AGIF

#DepoisDe14Meses

Você lembra o que aconteceu na sua vida há 14 meses? O goleiro Jefferson, do Botafogo, lembra bem. No dia 17 de maio de 2016 (há 13 meses e 23 dias), ele machucou o braço esquerdo, sofreu duas operações no período e pensou até em se aposentar. Quem gosta de futebol agradece por ele ter desistido da ideia. Em seu retorno aos gramados, ele fez grandes defesas e até pegou um dos pênaltis desperdiçados na rodada.

Ale Cabral/AGIF/Estadão Conteúdo Ale Cabral/AGIF/Estadão Conteúdo

#CopetePanelaDePressão

Quem assistiu aos 3 a 2 do Santos sobre o São Paulo ficou chocado após o primeiro gol santista. Copete levantou a camisa e mostrou sua barriga completamente queimada, sangrando. A explicação veio no intervalo: o jogador se feriu em um acidente com uma panela de pressão em sua casa. Para os santistas, a superação do atacante valeu a pena. Mesmo sangrando, o colombiano marcou três vezes (e ainda pediu música no Fantástico...).

Lucas Merçon/Fluminense FC/Divulgação Lucas Merçon/Fluminense FC/Divulgação

#AbelSincerão

O técnico Abel Braga é uma das figuras mais sinceras do futebol nacional. Às vezes, sincero até demais. Depois do empate em 1 a 1 com o Bahia, o comandante do Fluminense acabou entregando uma negociação do clube que estava, até aquele momento, sendo mantida em sigilo: a venda do lateral esquerdo Léo Pelé para o futebol italiano. "Abel, porque o Léo Pelé não jogou?", perguntou um. "Perdi o Léo, que está indo para a Itália", respondeu o técnico, na lata.

Reprodução Reprodução

#GaloDoGuerrero

O peruano Guerrero passou em branco no clássico contra o Vasco, mas isso não significa que ele não se esforçou. O atacante lutou tanto para furar a retranca vascaína que acabou se machucando. Aos 14 minutos do segundo tempo, ele subiu para uma disputa com Henrique e, no choque, ficou com um enorme galo na nuca. A imagem impressiona. Ele acabou substituído por Damião.

Opinião dos blogueiros

Mudaram os nomes do Palestra Itália em São Paulo e Minas. Mas não a essência. Continuam os mesmos. Corneteiros. Instáveis. Cobradores. Intensos. Quando não insanos. Os times de Mano e Cuca, dos melhores treinadores do país, seguem assim em 2017. Alternam momentos de depressão absoluta à euforia. Não plena, porque cruzeirenses e palmeirenses sabem que estão devendo bola e pontos, ainda que em posição boa.
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Mauro Beting

Mauro Beting

A lógica está posta. O time que estreou dois jogadores na 12ª rodada perdeu. O time que pode perder um de seus melhores jogadores na 13ª rodada perdeu. O time que o dirigente de futebol não tem nenhuma experiência de futebol e se gaba de dirigir uma vitrine, perdeu. O clube que o presidente não se vê culpado de nada, perdeu.
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Menon

Menon, sobre o São Paulo

O esporte novamente ficou em 2º plano. Na visão comum por aqui de que o clássico tem que ser mais brigado que jogado. Mais sentido que pensado. Mais truculento que disputado. Típico da cultura do mal jogar. Não deixa de ser um paradoxo que Everton Ribeiro, o jogador mais cerebral em campo, tenha sido a diferença. Às vezes a qualidade prevalece.
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André Rocha

André Rocha, sobre o Flamengo

Prass falhou?

Eu acho que sim, porque o cara está sem ângulo, só tem um lugar para a bola passar. Se ele se posiciona bem, faz a defesa

Edmundo

Edmundo, no FOX Sports

Não chega a ser um presente, mas era uma bola defensável. Na hora que ele sai do gol, tem que definir o lance, abafar

Caio Ribeiro

Caio Ribeiro, na Globo

Miguel Schincariol/Getty Images Miguel Schincariol/Getty Images

Foram bem

  • Jô (Corinthians)

    Quando o Corinthians estava em dificuldade, a bola sempre parava em seus pés. Ainda marcou uma vez.

    Imagem: Daniel Augusto Jr/Corinthians
  • Copete (Santos)

    Com a barriga queimada, mostrou oportunismo e marcou os três gols na vitória sobre o São Paulo.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • E. Ribeiro (Flamengo)

    Evolui a cada jogo. Deu passe para gol da vitória sobre o Vasco e criou as melhores chances do Fla.

    Imagem: REUTERS/Rodrigo Garrido
  • Julio Cesar (Fluminense)

    O goleiro fez ao menos duas defesas difíceis na primeira etapa para evitar a derrota do Fluminense.

    Imagem: Divulgação/Fluminense Football Club

Foram mal

  • Fenando Prass (Palmeiras)

    Apesar de ter feito grande defesa em cabeçada de Sassá, não foi bem nos dois primeiros gols do Cruzeiro.

    Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
  • Renan Ribeiro (São Paulo)

    Levou três gols de Copete. No primeiro, deu rebote em chute fraco e deixou nos pés do colombiano.

    Imagem: MAURO HORITA/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Bruno Silva (Botafogo)

    Um dos melhores do ano no Bota, não esteve à altura no empate em 1 a 1 contra o Atlético-MG.

    Imagem: Miguel Rojo/AFP
  • R. Moura (Atlético-MG)

    Jogando no lugar de Fred, atacante perdeu pênalti que poderia garantir a vitória no Engenhão.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
Luciano Belford/AGIF  Luciano Belford/AGIF

VIOLÊNCIA: Não foi só em São Januário

No sábado, São Januário foi palco de guerra ao final do clássico entre Vasco e Flamengo. Torcedores atiraram os mais diversos objetos em campo, protestando pela derrota. Os jogadores rubro-negros só deixaram o gramado 30 minutos depois do apito final, sob chuva de moedas, calçados, cadeiras e rojões.

Quando a Polícia Militar tentou intervir, os vascaínos passaram a brigar na arquibancada e depredar o estádio. Torcedores que não estavam envolvidos na confusão ficaram sem ter para onde ir. Cenas como crianças chorando, mulheres desesperadas e gente caída por causa da briga e do gás de pimenta usado pelos policiais foram vistas.

A confusão se estendeu para fora do estádio. O torcedor David Rocha Lopes, de 27 anos, foi baleado e morto. Pelo menos outras duas pessoas deram entrada no Hospital Souza Aguiar com ferimentos a bala.

Estádio interditado?

Depois da confusão, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devem fechar o estádio. "Vamos pedir a interdição. Apenas a partir do momento em que forem apresentados os planos estratégicos para grandes eventos é que a Justiça vai examinar se estão de acordo", disse o promotor do MPRJ, Rodrigo Terra.

O STJD fará o mesmo e, além do pedido de fechamento do estádio, deve enquadrar o Vasco nos artigos 211 e 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O clube pode perder até dez mandos de campo e sofrer uma multa de R$ 100 mil.

O que aconteceu aqui não é Vasco. Isso não é Vasco. Estou apresentando meu pedido de desculpas em nome do Vasco. Realmente o que aconteceu aqui é algo que não tem nenhuma justificativa

Eurico Miranda

Eurico Miranda, presidente do Vasco

O Flamengo entrou em campo e venceu na bola. Agora, espera que todas as providências sejam tomadas para que um episódio desastroso como o de hoje não se repita e que os marginais responsáveis sejam punidos

Comunicado oficial do Flamengo

Fim de Jogo/Reprodução Fim de Jogo/Reprodução

Briga no entorno do Engenhão

O caos no futebol carioca também atingiu Botafogo x Atlético-MG, no Engenhão. Torcedores entraram em confronto do lado de fora do Estádio Nilton Santos e a polícia deteve mais de 10 indivíduos.

Em uma das ruas que circundam o campo alvinegro, testemunhas ouviram disparos e brigas entre botafoguenses e atleticanos. Segundo o major Hilmar Faulhaber, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE), não é possível afirmar o que gerou a confusão.

"Houve um problema do lado de fora, sim, brigas entre atleticanos e botafoguenses. Mas não ouvi nada sobre disparos de arma de fogo, preciso apurar melhor as informações ainda", disse Faulhaber.

Tijoladas e saque no Beira-Rio

O jogo do Internacional, pelo Brasileirão da Série B, também terminou em briga. Após o empate em 1 a 1 com o Criciúma, torcedores colorados depredaram partes do estádio, entraram em confronto com a Brigada Militar e saquearam a loja oficial do Inter.

Revoltados com a má campanha do time, fora da zona de classificação para Série A, os torcedores atiraram pedras e garrafas em janelas do estádio. Alguns tentaram invadir a loja do clube e derrubaram grades de proteção.

A Brigada Militar usou spray de pimenta e bombas de efeito moral para afastar os torcedores e houve vários focos de confusão. O primeiro deles foi em frente ao vestiário do time principal. Os torcedores retiraram com chutes os gradis que separam a parte destinada a imprensa e entraram em confronto com seguranças. Um dos seguranças precisou ser atendido pelos médicos presentes.

Do outro lado do estádio, torcedores entraram em confronto com a polícia. Depredaram partes do estádio e usaram piso e vidro como armas. Por fim, em frente ao Gigantinho, ginásio próximo ao Beira-Rio, novo confronto entre torcedores e policiais.

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