Família Scolari fez diferença
Julio Gomes, especial para UOL Esporte
Rivaldo e Ronaldo. Ronaldo e Rivaldo. Aquela seleção de 2002 tinha dois jogadores gigantescos. Até hoje, é difícil achar consenso sobre quem foi melhor naquela Copa. Antes da viagem para a Ásia, o Brasil passou pela Catalunha. E lá começou um sistema de entrevistas que se manteria por todo o Mundial. Todos os jogadores falavam todo os dias nas zonas mistas. Rivaldo era sempre acompanhado por Rodrigo Paiva, então assessor de imprensa da CBF e ex-assessor (e amigo pessoal) de Ronaldo. Já Ronaldo dava entrevistas dia sim, dia não.
Um tinha a regalia. O outro tinha o status. Pequenas coisas como essas são parte da formação de um time campeão. É nos detalhes que moram as vitórias. Ao conseguir que Ronaldo e Rivaldo, de personalidades, estilos e momentos tão distintos, convivessem bem, se ajudassem e não buscassem protagonismo, o Brasil deu um enorme passo para o penta.
Em 2002, cobri minha primeira Copa. O UOL também. Por um acordo, na época, entre CBF e BOL, eu me hospedava nos mesmos andares da comitiva da seleção. Andava escondido, porque não queria que houvesse confusão. Eu não era parte da seleção. Eu era jornalista, independente, cobrindo para o UOL. Não pude deixar de ler, no entanto, mensagens que eram deixadas nos halls dos elevadores. E lembro bem de uma reportagem que fiz sobre os tais vídeos motivacionais que Felipão gostava de mostrar.
Eu tinha a convicção de que o Brasil iria ganhar a Copa, pois achava Luiz Felipe Scolari o sujeito mais sortudo e estrelado do planeta. Porque era uma seleção saudável e o tal clima de família era realmente palpável. Não era conversinha. Era fato. Talvez houvesse jogadores melhores para algumas posições do que os que estavam lá. Mas a Copa de 2002 provou que, em uma competição assim, ter um ótimo ambiente e jogadores que joguem uns pelos outros é o fator mais importante. Foi assim também com a Itália, a Espanha e a Alemanha, que ganharam os Mundiais seguintes.