Muito além do Super Bowl

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Mesmo quem não conhece direito o futebol americano já ouviu falar do Super Bowl. A final da NFL (liga profissional do esporte) é o evento de maior audiência da TV nos EUA. Nada menos que 100 milhões de pessoas, em média, costumam acompanhá-lo. Fora os muitos admiradores em outros países – caso do Brasil – cada vez mais ligados na decisão.

Acontece que o Super Bowl é apenas o ato final de um espetáculo de cinco meses. O coroamento de uma competição onde técnica, vigor físico e inteligência promovem reviravoltas e jogadas espetaculares, capazes de engajar o público como se fosse sua série de TV favorita.

Esta "série" tem como protagonistas alguns dos atletas mais badalados do mundo hoje. Acompanhando a NFL, você verá em ação monstros como o quarterback Tom Brady, do New England Patriots, eleito três vezes o melhor jogador da temporada.

Os também quarterbacks Aaron Rodgers, do Green Bay Packers, Drew Brees, do New Orleans Saints, e Nick Foles, do Philadelfia Eagles, o linebacker Von Miller, do Denver Broncos, e JJ Watt, defensor do Houston Texans e eleito três vezes o melhor da posição na liga, são apenas alguns astros que o fã da NFL terá o privilégio de acompanhar de setembro a fevereiro.

"Alguns" porque todo ano o "draft" incrementa os times com potenciais novas estrelas. Funciona assim: antes do início da temporada, os 32 times da NFL escolhem jogadores da liga universitária dos EUA para compor a equipe.

Isso significa que promessas desconhecidas do grande público têm a oportunidade de jogar a liga profissional. Além da grande expectativa em torno do desempenho dos novatos, o "draft" promove o equilíbrio entre os times. Tanto que o "azarão" Philadephia  Eagles levou o último Super Bowl.

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A ordem das escolhas é inversamente proporcional ao resultado da equipe na temporada anterior. O último colocado começa o "draft", e o primeiro é o último a participar do processo.

Outra particularidade da NFL é que, digamos, é preciso muito mais que um tempinho ruim para cancelar um jogo. Disputado no auge do inverno, o Super Bowl já aconteceu em temperaturas absurdamente baixas. O de 1967, por exemplo, entrou para a história como "Ice Bowl": em Green Bay, Wisconsin, fazia em torno de -26°C.

E sabe aquela história de ficar com a cabeça inchada por conta de erros de arbitragem? Muito difícil de acontecer no futebol americano. A arbitragem eletrônica é amplamente utilizada nos lances importantes. Há até uma central de replays em Nova York preparada para rever tudo e garantir a justiça do placar.

E qual é o time, entre todas as modalidades, mais valioso do planeta? Se você pensou em Real Madrid, Barcelona ou Manchester United, errou. De acordo com a revista "Forbes", a NFL está no topo da lista com o Dallas Cowboys: a equipe vale US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões).

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Como funciona um jogo de futebol americano?

O futebol americano tem um objetivo aparentemente simples: conquistar território. Por isso, o campo de 120 jardas (109,7 metros) de comprimento por 53,5 jardas (48,92 metros) de largura tem todas aquelas curiosas marcações de distância. Fora a trave gigantesca para quem está habituado ao nosso futebol: tem nove metros de altura, 5,6 metros de largura e está erguida a 3,05 metros do solo.

A meta central do jogador é alcançar a "endzone" rival, área final de 10 jardas (9,14 metros) protegida pela defesa do time adversário. A equipe marca um "touchdown" sempre que isso acontece. Mas o caminho até o triunfo final é cheio de estratégias, regras, diversas ações de ataque e defesa e outras maneiras de pontuar. O time precisa avançar pelo menos dez jardas em quatro downs (tentativas de ataque), senão perde a posse de bola para o adversário.

A partida tem quatro períodos de 15 minutos cada e pode durar muito mais porque o cronômetro para em várias situações. Como no nosso futebol, cada equipe duela em campo com onze jogadores. Mas as semelhanças param aí.

Os times têm 53 jogadores no elenco. Em campo, são onze jogadores de ataque, onze de defesa e os chamados "especialistas", que se revezam durante o embate já que as substituições são ilimitadas.

Formam o ataque as posições de Quarterback, Running Back, Wide Receiver, Tight End, Center, Offensive Guard e Offensive Tackle. A defesa tem Defensive Tackle, Defensive End, Outside Linebacker, Inside Linebacker, Cornerback, Free Safety e Strong Safety. 

Kicker, Punter e Long Snapper são os "especialistas" que entram em campo para ações específicas: field goals, retornos, kickoffs e punts.

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Por que assistir à NFL?

Dinâmico, inteligente e justo. Não é à toa que o futebol americano ganha cada vez mais fãs no Brasil: é completo tanto como esporte quanto entretenimento.

Esqueça essa história de "esporte paradão": com uma enorme variedade de lances de ataque e defesa, diferentes maneiras de marcar pontos e muitas regras, o futebol americano é capaz de deixar o espectador vidrado na partida até em duelos que duram mais de três horas.

Para atacar, a equipe pode optar, por exemplo, pela corrida, passe ou bloqueio. Na corrida, o jogador com a bola parte para furar a defesa rival. O próprio quarterback pode fazê-lo, ou optar por lançá-la a um companheiro. O passe, porém, só é permitido uma vez por jogada, deve ser feito atrás da linha de scrimmage e só vale se o jogador que recebê-lo agarrar a bola antes que ela toque no chão.

No bloqueio, os cinco jogadores do ataque empurram os adversários para proteger o quarterback ou abrir espaço para o running back. Já as armas da defesa são, além do clássico tackle (derrubar o adversário), a interceptação de um passe e o sack (quando o quarterback sofre um tackle antes mesmo de fazer o passe). Como é comum em esportes americanos, as equipes podem alterar o placar de diversas maneiras. O grande objetivo do jogo, touchdown, vale seis pontos.

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Mas há também o extra point, quando a equipe que marcou o touchdown recebe a chance de chutar a bola entre as traves e ganhar um ponto. O time pode ser ainda mais ousado e tentar um novo touchdown partindo da linha de duas jardas. Ganha dois pontos se conseguir, mas precisa tomar cuidado: se a defesa adversária roubar a bola e chegar até a endzone rival, é ela quem fica com os dois pontos.

E tem mais: o field goal, que vale três pontos e acontece quando a equipe no ataque opta por tentar acertar a bola entre as traves a partir de onde ela está. O chute tem que partir do chão, e, se o time errar, o adversário recomeça de onde houve a tentativa. Há ainda o safety, quando um time consegue derrubar o rival com a bola, tirá-lo de campo ou forçar um intentional grounding dentro da própria endzone adversária. Vale dois pontos.

Um leque tão amplo de jogadas gera muitas situações nas quais é possível perder a bola para o adversário. E, consequentemente, mais emoção. Além da interceptação e do field  goal fracassado, o jogador pode deixar a bola cair durante uma jogada, deixando-a disponível para a retomada adversária. Esse lance é chamado de fumble.

Lembrando que a perda da posse de bola também acontece se a equipe exceder o limite de quatro downs sem avançar dez jardas. Mas aí há mais um recurso para dificultar a vida do adversário: se o time achar que não vai conseguir avançar, pode chutar a bola em sua última tentativa de down. De preferência, para bem longe, deixando o adversário em posição desfavorável.

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Quais são as principais regras?

  • Kickoff

    É o chute que começa a partida nos inícios de cada tempo, e a reinicia sempre que um time pontua. O kicker chuta a bola, a partir da linha de 35 jardas, em direção ao campo rival. O jogador adversário que recebe a bola avança até ser derrubado, sair de campo ou conquistar o touchdown.

  • Snap

    Inicia uma jogada. O center passa a bola por debaixo das pernas para entregá-la ao quaterbarck, o mais importante jogador do time, que então pode passá-la para o jogador ao lado, lançá-la ou ele próprio partir para a corrida com a bola.

  • Timeouts

    Cada equipe tem direito a até oito pedidos de tempo: três na primeira metade do jogo, três na segunda e mais paradas automáticas quando faltam dois minutos para acabar a primeira etapa e dois minutos para o término do jogo.

  • Desafio

    O treinador pode pedir um desafio (challenge), ou seja, a revisão de uma marcação da arbitragem, jogando uma bandeira vermelha no gramado antes do snap seguinte. Os árbitros reveem o lance, e o time perde um timeout se a marcação estiver correta. Os timeouts são mantidos se a contestação for válida e o treinador ganha um challenge extra se acertar os dois desafios a que tem direito por jogo.

  • Bandeira amarela

    O árbitro joga uma bandeira amarela no gramado quando marca uma penalidade ou falta em campo.

  • Atraso do jogo

    40 segundos: é o tempo máximo para o time que está no ataque colocar a bola em jogo. Se não conseguir, é obrigado a recuar cinco jardas.

  • Saída falsa

    Outra ação passível de marcação de falta é quando um jogador do time com a posse de bola se mexe na hora em que a equipe está para começar a jogada. Só um atleta pode estar em movimento nesse momento e paralelo à linha de scrimmage (onde começa a jogada). Se algum outro "queimar a largada", a punição é recuar cinco jardas.

  • Offside

    O time na defesa também precisar estar atento à movimentação. Seus jogadores não podem ultrapassar a linha de scrimmage antes do início da jogada, senão a defesa da equipe é punida com recuo de cinco jardas.

  • Holding

    Segurar e agarrar é parte do futebol americano, mas, durante uma jogada, só o jogador com a bola pode sofrer esse tipo de ação. Os demais podem apenas se empurrar. A punição é de recuo de dez jardas quando um atacante segura um defensor. No caso oposto, é de cinco jardas e primeiro down automático, ou seja, o time adversário recomeça suas quatro tentativas para completar as dez jardas. No caso, as cinco jardas que ganhou equivalem ao primeiro down que ele teria.

  • Interferência no passe

    O defensor precisa esperar a bola chegar ao atacante para tentar deslocá-lo. Se o fizer antes da recepção do passe, a equipe adversária ganha primeiro down automático e a bola é posicionada onde aconteceu a falta.

  • Falta pessoal

    Atitudes contra a integridade física de um jogador são punidas com recuo de 15 jardas e primeiro down automático. Entre elas está usar o capacete contra cabeça ou joelho do adversário, segurá-lo pela máscara e aplicar um tackle (derrubá-lo) fora do campo.

  • Intentional grounding

    O quarterback não pode se livrar da bola só porque está prestes a ser derrubado. Fazê-lo configura falta, com dez jardas de recuo e perda de um down como punição. Porém, a arbitragem só marca o lance se o quarterback estiver na área de proteção dos bloqueadores (chamada pocket) ou se atirar a bola aonde não há jogadores de seu time.

  • Exclusão

    No futebol americano, um jogador só é expulso da partida se cometer duas faltas por conduta antiesportiva. Seu time não fica com um jogador a menos caso isso ocorra, mas o atleta expulso não pode voltar a campo.

Para ficar de olho nesta temporada

  • Zebras acontecem...

    O atual campeão da liga, Philadelphia Eagles, jamais havia vencido um Super Bowl. E o conquistou em cima do time sensação das últimas temporadas, o New England Patriots, do astro Tom Brady. É a prova de como a NFL pode ser competitiva e surpreendente.

  • ...e vale a pena acompanhá-las

    O título surpreendente fará com que o Philadelphia Eagles naturalmente chame mais atenção nesta temporada. Seu técnico, Doug Pederson, é considerado um dos melhores da atualidade, o elenco está reforçado e há quem diga que este é o melhor grupo de jogadores da história da equipe. Será suficiente para repetir o feito?

  • Ato final de Tom Brady?

    Como a maior estrela recente da NFL vai se comportar nesta temporada? Após muita especulação sobre sua aposentadoria, Tom Brady renegociou seu contrato para até o final da temporada. O quarterback, marido da supermodelo brasileira Gisele Bündchen, já tem 41 anos. Conseguirá chegar novamente ao Super Bowl, e vencê-lo?

AP
  • Olho neles

    Além de Tom Brady, entraram para a lista de premiados como melhores da temporada passada Todd Gurley (running back do Los Angeles Rams), Aaron Donald (defensive tackle do Los Angeles Rams), Alvin Kamara (running back do New Orleans Saints) e Marshon Lattimore (cornerback do New Orleans Saints).

  • Vai dar polêmica

    Se a NFL nunca teve pudores em usar arbitragem eletrônica, tampouco o tem para mexer em regras essenciais. O tackle, por exemplo, sofreu uma nova interferência da organização da liga para esta temporada. Agora, o jogador não pode ir de encontro ao oponente com a cabeça abaixada, usando o capacete como arma. O objetivo é tornar o esporte cada vez mais seguro, mas defensores já reclamaram muito da nova regra e até a chamaram de "idiota". Se a desrespeitarem, a punição é recuo de 15 jardas ou até expulsão.

  • O futuro do Cairo

    Único jogador nascido no Brasil a atuar na NFL, o kicker Cairo Santos vem sofrendo com uma contusão na virilha e acabou dispensado pelo New York Jets. É esperar para ver se outro time dará a ele uma chance nesta temporada.

Um tackle em Trump

Como já aconteceu em várias ocasiões na história dos esportes, o futebol americano não fica alheio às questões políticas. Uma polêmica recente envolvendo o hino nacional americano e os jogadores da NFL causou um embate direto com o presidente Donald Trump.

Em agosto de 2016, o quarterback Colin Kaepernick, que jogou pelo San Francisco 49ers  de 2011 a 2016, se recusou a ficar de pé durante o hino antes de uma partida. Depois ele explicou que seu gesto foi uma crítica à opressão dos negros nos EUA. A questão da brutalidade policial contra minorias estava em alta no país.

O gesto isolado foi ganhando adeptos, e ao longo dos meses seguintes tomou grandes proporções. Dezenas de atletas optaram por se ajoelhar durante a execução do hino e foram duramente criticados por Trump, que os xingou e pediu que dirigentes da NFL demitissem quem desrespeitasse a bandeira nacional.

AP

A fala do presidente, entretanto, só esquentou ainda mais a polêmica. Na rodada de 24 de setembro de 2017, atletas de várias equipes simplesmente não apareceram na hora do hino ou cruzaram os braços. Até eleitores declarados de Trump, como o astro Tom Brady, aderiram ao protesto.

A NFL condenou então os comentários de Trump e defendeu a liberdade de expressão dos jogadores. Em junho deste ano, o presidente americano cancelou a tradicional recepção ao time vencedor da NFL. "Eles (os jogadores) não concordam com seu presidente, pois (este) insiste que (os jogadores) se levantem orgulhosamente pelo hino nacional, com a mão no coração", declarou então a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

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Os momentos mais marcantes do intervalo do Super Bowl

O intervalo do rei

O show do intervalo de 1993 teve uma explosão. Felizmente, não foi um acidente, e sim Michael Jackson simplesmente surgindo do chão para encarar, em silêncio, o público durante quase dois minutos.

Imagem: Getty Images

A diva voa

Diana Ross foi a estrela do Super Bowl de 1996. Mas não bastou encantar o público com sua voz: ela deixou o campo em um helicóptero que pousou no meio do estádio.

Imagem: The Telegraph

Miscelânea

Que tal Aerosmith, 'N Sync, Britney Spears, entre outros, no mesmo palco? Estilos tão diversos, juntos, provavelmente resultariam em problemas. Não no show de intervalo do Super Bowl, que teve todos eles se apresentando em 2001 e foi um sucesso.

Imagem: Reuters

Homenagem

O U2 se apresentou no Super Bowl de 2002, poucos meses após o atentado de 11 de setembro de 2001, e emocionou muita gente homenageando as vítimas do ataque ao exibir seus nomes em um telão.

Imagem: Society of Rock

Ops

Se em 2002 o clima foi solene, 2004 teve alvoroço e confusão: ao fazer um dueto com Janet Jackson, Justin Timberlake rasgou "sem querer" um pedaço da roupa da cantora. Um de seus seios ficou à mostra, e uma rede de TV que permaneceu exibindo a cena foi multada.

Imagem: AP

Espetáculo roxo

Já imaginou Prince tocando a clássica canção "Purple Rain" (chuva roxa) debaixo de chuva com uma guitarra...roxa? Aconteceu no Super Bowl de 2007.

Imagem: AFP

Fora do script

Como dividir o palco com Madonna e chamar mais atenção que ela? Pergunte à cantora M.I.A., que, em 2012, participava do show como convidada da estrela principal e mostrou o dedo do meio para as câmeras. O gesto rendeu um processo, mas ao final M.IA. e a NFL entraram em um acordo.

Imagem: Getty Images

Ela tem poder

O intervalo de 2016 também teve política. Apesar de a atração principal ser a banda Coldplay, a cantora Beyoncé se destacou cantando o hino feminista e de empoderamento "Formation".

Imagem: Getty Images

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