Para oferecer algo com mais qualidade, Edgard investiu em fatores como iluminação cênica (quando só tinha a Bio Ritmo, já se perguntava “por que academia precisa parecer academia?”), contratou uma empresa que fazia design de varejo para pensar em um design que aumentasse a eficiência das lojas e em comprar equipamentos em volume para tornar os custos mais baratos. Com unidades tanto em bairros humildes quanto nos abastados, a Smart Fit se consolidou de forma transversal, conversando com gente que dá valor ao dinheiro em qualquer extrato social. “Temos de entregar naquela hora a melhor experiência que a pessoa teve no dia. Eu sempre comparo a um desfile de escola de samba, em que o cara do Leblon compra uma fantasia e pode ter a grande experiência do ano na vida dele. A moça da comunidade, que passa o ano costurando fantasias, também pode descer e ter naquele mesmo Carnaval o grande momento da vida dela. Isso é democrático, como tem que ser um país”, diz.
Os planos ofertados pela Smart Fit hoje em dia são a partir de R$ 59 e R$ 89 mensais, sendo que este último, o Black, oferece ao cliente a chance de se exercitar em outras unidades da rede. Para manter a experiência entre tantas unidades niveladas, a saída foi criar uma universidade corporativa que propague a cultura da empresa e unifique a linguagem entre professores, recepcionistas, gerentes. “Na prática, fazemos isso de uma forma híbrida entre treinamentos presenciais e treinamentos online através da nossa plataforma digital. Colocamos isso em vídeo, apostilas e divulgamos em uma plataforma fechada para colaboradores”, explica Saturno de Souza, diretor de educação coorporativa das academias Smart Fit e Bio Ritmo.
Parceiro de Saturno na empreitada, Luiz Carnevalli é pesquisador com livros publicados e radicado na USP. “Ciência é muito importante, mas mais importante que fazer ciência é aplicá-la para as pessoas. Estudei obesidade e lipídeos em um laboratório da USP. Agora pego isso e levo para um milhão de pessoas, o que é tão nobre quanto a pesquisa”. Sob a mentoria de Saturno e Carnevalli são criados os vídeos e séries de treinamento que alunos matriculados aprendam como se exercitar. De acordo com eles, o que a princípio parece uma ameaça aos profissionais de educação física se desdobra na prática como um reforço ao papel do educador. “Imagine um professor que faz fichas para treinos todos os dias. Ele tem que fazer 1000 fichas. Se você tem um princípio de treino muito bem estabelecido, regimentado cientificamente e construído coletivamente com toda a equipe, esse professor vai corrigir a execução dos treinos de maneira muito mais empática e interagir mais com os fatores humanos”, diz Carnevalli.
“Em uma empresa que está crescendo tão rápido e em escala muito grande, se você não pensar em inovação sob o aspecto de treino, equipamento etc, você não consegue ganhar escala. A gente usa tecnologia para que o cliente possa ter a melhor experiência possível dentro da academia”, diz Jimmy Peixoto, responsável por Inovação e Novos Negócios. “Quando a Smart Fit surgiu em 2009, viemos com essa quebra de paradigma de que nosso principal objetivo era dar mais informação para a pessoa executar o próprio treinamento de forma autônoma. Qual a diferença básica entre personal trainer e professor? O personal te treina, e o professor te ensina a treinar. O que a gente tem hoje na Smart são professores que ensinam as pessoas a treinar”, diz Douglas Joaquim, líder da área que cuida das experiência com cliente.