Paulo Miklos afirma estar livre do vício há cerca de dez anos. E eram muitos: principalmente cocaína, cigarro e álcool. Hoje, espirituoso, ele descreve o período de excessos como “a mais longa adolescência do mundo”.
Além do auge em meados dos anos 1980, quando os Titãs compunham músicas a base de pó, Paulo viveu um segundo momento de drogas, quando se viu preso a medicamentos prescritos e, por causa disso, à análise.
Foi aí que caiu forte na depressão. Um dos seus momentos mais selvagens, “embora não o mais”, surgiu ao passar uma temporada em Nova York para masterizar seu segundo álbum solo, “Vou Ser Feliz e Já Volto”, lançado em 2001.
Querendo parecer Billy Idol, Miklos descoloriu os cabelos e mergulhou em quase tudo de ilícito que uma cidade como Nova York tem a oferecer. Hoje, apesar de não se arrepender de nada, ele diz que jamais faria o mesmo. Até porque, para ele, não existe "ex-viciado”.
“A gente sempre tem um potencial dentro da gente. E precisa se vigiar o tempo todo”, contemporiza ele, um consumidor de sucos, refrigerantes e (muito) café. “Eu tenho consciência de que, se uso, eu não me divirto. São os outros que se divertem. Mas faço questão de que eles façam isso. Que brindem, curtam, porque me divirto também”.
“Eu sei que é preciso ter esse distanciamento muito claro. E, mesmo tendo essa clareza, tenho que admitir que ainda vai ser difícil socialmente, para mim, lidar com o fato de as pessoas estarem me oferecendo coisas. Quando dizem: ‘Pô, cara, bebe com a gente’. É uma coisa natural”.
Constrangimento? “Todo mundo já sabe disso [que hoje ele é abstêmio]. Tá tudo bem. Não é constrangimento nenhum."