Resultados
Quando o #MeToo eclodiu, Hollywood falava como nunca de representação feminina: a Mulher-Maravilha havia acabado de ganhar sua primeira adaptação cinematográfica, pelas mãos da diretora Patty Jenkins, e duas séries centradas em questões femininas --"Big Little Lies" e "The Handmaid's Tale"-- haviam conquistado os prêmios máximos do Emmy, o Oscar da TV americana. Tudo isso em um ano que começou marcado por manifestações femininas contra o presidente Donald Trump e seu infame comentário sobre "pegar mulheres pela xoxota".
Foi um timing mais do que apropriado, o que talvez explique a força que o movimento ganhou nas redes sociais e fora delas --tanta força que, em dezembro, a revista "Time" elegeu as "silence breakers", as mulheres que denunciaram seus algozes, como suas pessoas do ano.
Os impactos foram sentidos bem longe de Hollywood. Segundo dados divulgados pela Equal Employment Opportunity Commission, a Comissão pela igualdade trabalhista nos Estados Unidos, o #MeToo resultou em um aumento de 50% de processos por assédio sexual no último ano. E o número de causas ganhas por discriminação aumentou em 20% em relação ao ano anterior.
Uma pesquisa do instituto Ipsos em parceria com o Buzzfeed News, divulgada no último dia 5, aponta para uma direção semelhante. De acordo com os dados, 71% dos americanos estão familiarizados com o #MeToo, e 38% afirmaram que o movimento mudou a forma como o assédio sexual é tratado em seus ambientes de trabalho. Outro dado: 24% das mulheres e 12% dos homens disseram que as manifestações os fizeram perceber que podem ter sido vítimas de abuso no passado.
Já a Time's Up, organização citada na abertura deste texto, criou um findo de defesa legal para ajudar mulheres em situação vulnerável a lidar com casos de assédio --e atendeu mais de 3.500 pessoas em todos os 50 estados norte-americanos, de acordo com o jornal "The New York Times".