"Claro que deve haver outras razões deprimentes, mas é a grana que move o mundo nesse caso", continua Jenkins. "Todos os tipos de pessoas estão começando a se aventurar nessas outras grandes fontes de financiamento, como a Netflix e a Amazon. Os estúdios estão percebendo agora: 'Ah, existe um público gigantesco que quer ver todos os tipos de pessoas [no cinema]'".
Se por um lado havia público para uma heroína, por outro havia a vontade da Warner e da DC de expandir seu universo no cinema depois que Zack Snyder apertou o botão reset com "Homem de Aço", em 2013, levando o estúdio a apostar em sua única grande personagem órfã de um filme, com a determinação de ter uma mulher no comando.
O resultado foi uma aposta alta — um orçamento de US$ 150 milhões, o maior de um filme comandado por uma mulher —, em uma diretora com único longa no currículo ("Monster", de 2003), além de episódios de séries como "The Killing", "Arrested Development" e "Entourage". O risco era inevitável, já que talvez a única cineasta no mercado com experiência em filmes de ação seja Kathryn Bigelow (“Guerra ao Terror”, 2008), embora Jenkins tenha chegado perto em 2011, quando foi contratada para dirigir "Thor: O Mundo Sombrio", projeto que acabou deixando quando percebeu que seria “problemático”, e que um fracasso seu poderia se transformar em um estigma para todas as diretoras.
A aposta valeu a pena e "Mulher-Maravilha" deve passar dos US$ 100 milhões na estreia apenas nos Estados Unidos, com uma aprovação de 93% no agregador de críticas Rotten Tomatoes, e uma visão cheia de frescor para o já desgastado gênero de filmes de super-heróis, visto aqui, finalmente, por olhos femininos.
Resta saber se esse novo ponto de vista vai superar aquele que, paradoxalmente, deve ser o verdadeiro desafio de "Mulher-Maravilha", algo que nenhum blockbusters do gênero conseguiu antes: atrair o público feminino em massa. Se elas já são maioria entre o público das maiores bilheterias dos últimos anos (veja abaixo), mesmo os filmes de ação e fantasia com protagonistas mulheres (como "Rogue One") ainda atraem um público majoritariamente masculino.