De seu trabalho mais conhecido, como capista de "Sandman", McKean guarda boas memórias tanto da produção das artes da série escrita por Neil Gaiman quanto da recepção nos Estados Unidos e na indústria norte-americana de quadrinhos.
Segundo o artista, apesar do grande alcance da obra e de seu sucesso comercial, as capas serviam como um espaço de experimentação.
Elas se tornaram um diário de sete anos, enquanto eu explorava ilustração, fotografia, colagens, designs, desenhos e ferramentas digitais.
“Era ótimo ter uma janela inteira todo mês para experimentar algo novo, ilustrando um arco longo de histórias aberto à minha interpretação. Quando começamos eu tinha acesso às páginas internas, mas no final eu só tinha uma ou duas linhas de descrição do que aconteceria nos meses seguintes. É surpreendente como as capas acabaram casando tão bem com as páginas internas, principalmente por eu ter poucas referências com as quais trabalhar”, lembra.
Em relação à sua chegada à América na companhia de outros colegas britânicos no fim dos anos 80, ele vê na receptividade de seus editores da época um desespero criativo cíclico da indústria do entretenimento.
“Nós trouxemos um frescor europeu e uma arrogância juvenil para o mercado. A maioria dos meios têm esses momentos de ouro, quando estão afundando e precisam de rejuvenescimento, mas esses momentos nunca duram. Eventualmente, as companhias acabam definindo seus trabalhos por termos financeiros e essa liberdade e anarquia criativa chegam ao fim”.
Hoje distante da indústria mainstream de quadrinhos nos Estados Unidos na qual fez sua carreira, McKean vê as HQs passando por uma fase extraordinária e de exceção, principalmente no que diz respeito ao uso da linguagem.
“Todas as novas vozes estão sendo ouvidas ao redor do mundo e sendo expressas em estilos sem qualquer peso nostálgico de quadrinhos antigos”.